sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Um em Dois

Certa vez, não há muito tempo, Jucks tinha comprado uma pizza e estava levando-a para comer em casa com sua família e alguns amigos. Num semáforo qualquer ele foi abordado por um garoto de rua, que bateu insistentemente na janela do seu carro, o que causou uma primeira impressão muito negativa. Mas ao olhar para o garoto parado do lado de fora do carro, o poeta viu uma alegria contagiante estampada num sorriso, coisa que não se via, no rosto de quem tinha tudo que a vida podia lhe propiciar e isso fez com que Jucks abrisse o vidro e conversasse com o menino.

A pizza foi o tema da conversa e o menino tentou de todas as formas conseguir aquela pizza. Ele dançou sobre um pé só, fez malabarismos com alguns limões e até cantou enquanto se apresentava. Mas nos poucos mais de 60 segundos que aquele contato durou, o que conseguiu ganhar aquela pizza, foi o insistente sorriso que não abandou o rosto daquele menino.

Jucks deu a pizza ao menino e ao virar o carro para voltar buscar outra para sua família e amigos, viu que o menino correu até próximo a uma banca de jornal, onde havia outros três pequenos como ele que vibraram com a chegada da pizza. O poeta até então, nunca tinha visto um sorriso como aquele e a felicidade simplesmente pelo fato de ser feliz.

Aconteceu ainda naquele dia, de Jucks conversar com seus amigos e contar sua curiosa experiência. O que não causou muita admiração por parte de um de seus amigos, que estava triste e cabisbaixo devido a alguns planos que ele havia traçado e que não deram certo. O amigo padecia em tristeza por um amor que havia partido, pelos planos que haviam ruído e pelos sorrisos sem sentido que acabara de ter ouvido.

Para o menino de rua e para o amigo, foram feitos dois poemas curtos e alegres, e eles são apresentados aqui...

Pequenos Reis

Eu vi pequenos reis
e eles sorriam por estarem vivos.

Onde encontrei os pequenos reis,
não havia nada, apenas eles.

Eu era só um estranho,
mas eles seguraram minha mão.

Eu vi pequenos reis
e eles dançavam na chuva.

Eu ainda era um estranho,
mas eles falaram comigo.

Onde quer que fossem,
eles sempre estavam cantando.

Eu vi pequenos reis
e suas canções eram um doce lamento.

Eu vi pequenos reis
e eles dormiam sob a lua.

Eu vi pequenos reis
e às vezes eles dormiam sob a chuva.

E ainda assim eles sorriam...

Junte seus sonhos

Pegue seus sonhos!
Junte-os todos e acredite!

Mesmo que o mundo
diga-lhe sempre não,
acredite e eles se realizarão.

Quando você quiser chorar,
sorria e não baixe o olhar.

Mesmo que as pessoas
não possam te dar um sim,
acredite e seus sonhos não terão fim.

Se não houver quem amar,
ame-se, grite e pule sem parar.

Então todas as coisas sem sentido
farão sentido pra você
e você estará livre como sempre foi.

Pegue seus sonhos!
Junte-os todos e realize-os!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em algum lugar por aí...

Nosso poeta andarilho certa vez passava por uma pequena cidade, onde foi morar uma antiga amiga de infância que há muito não via. Era época de festa típica na bucólica cidade e todos estavam reunidos no recinto se divertindo, bebericando e rindo.

Os amigos se encontraram como se nunca tivessem se distanciado, o abraço apertado, o sorriso rasgado e a certeza de que não havia distancia que afastasse aquele laço afetivo que compartilhavam. Conversaram pela noite a fora, lembrando casos e travessuras de criança, brincadeiras que pareciam tão ignóbeis olhando agora, que cada lembrança tirava uma gargalhada deles.

Ela continuava com os olhos faiscantes de quando pequena, e a lembrança do pai ainda lhe fazia piscar mais rápido. Havia dois anos que ele tinha morrido, mas algumas coisas continuavam em sua lembrança, algumas boas, algumas nem tanto. O poema-conto que vocês vão ler hoje é uma expressão fiel de algumas coisas que não deveriam acontecer...

... sendo assim:

Olhos de Menina

Ela têm uma tatuagem de um cavalo alado,
e vive num mundo diferente desse nosso.
Ela disse que deixou de fazer uma porção de coisas,
que o pai dela têm abusado dela e que ela têm andado com medo.

Ela ganhou um anel de diamante no aniversario.
Papai comprou um grandão que chamasse atenção,
e mamãe lhe disse que era um presente lindo.
Enquanto isso ela pensava em como sair da cidade.

Ela tem aqueles olhos brilhantes de menina
e um coração forte como uma pedra.
Acho que um dia desses ela vai mandar tudo pelos ares,
pois esta cansada de ser usada.

Às vezes eu a vejo sobre o telhado do teatro.
Ela tem subido lá e pensado que talvez seja melhor morrer.
Ela me pergunta por que estas coisas acontecem,
e me perco sem saber responder.

É um caminho difícil, este que destrói sonhos e causa dor.
Ela tem carregado o mundo sobre os ombros
e ninguém deveria pagar um preço tão alto.
Ela tem vivido em fogo ardente, e têm pedido a Deus que mande alguma chuva.

Papai é um homem respeitado, ele vai à igreja com a família.
Sempre têm alguém para dizer que andou fazendo o bem,
mas ninguém sabe que dentro daquele anjo reside um demônio.
Ultimamente ele tem gastado muito dinheiro mantendo o juiz embriagado.

Ele comprou o primeiro carro importado da cidade
e têm ouvido os amigos gritarem "Quero ser o próximo à guiar".
Até o chefe da policia apareceu para ver o carrão
e tomar um copo do melhor whiskey da região.

Quando toda cidade fica em silêncio o anjo recolhe suas asas.
Mamãe já esta dormindo, dopada por dois vidros de calmante,
e papai vai se realizar mais uma noite.
Ela tem se arrepiado só de ouvir aqueles passos.

Debaixo da cama ela deixou algo guardado.
Desta vez ela têm um presente para o papai safado.
Ele entra no quarto com aquele sorriso sarcástico,
e passa a mão na cabeça da filha dizendo que vai ser legal.

Ela me disse que esta pensando em viajar, fazer uma porção de coisas,
que o pai dela nunca mais irá abusar dela e que têm estado tão calma.
Ele continua indo à igreja, e têm agradecido por estar vivo,
tendo sobrevivido ao acidente que o deixou aleijado.

O pessoal da cidade anda comentando que ele ficou doente,
e que por isso os médicos tiveram que amputar, que não foi acidente.
Ela tem aqueles olhos brilhantes de menina,
e toda vez que ela ouve esta história, me parece mais contente.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre cativar...

Certa vez Nótlim Jucks conheceu uma jovem que trazia consigo uma determinação inabalável no olhar e que animava o coração de quem a ouvia falar. Ela tinha tudo sob controle, sua vida, sua profissão, seus desejos, mas ainda assim algo não completava o projeto de sua vida, pois havia alguma coisa que lhe fugia. Eles conversaram por horas e suas memórias se entrelaçaram compartilhando experiências felizes e tristes, lembranças de amores belos e que pareciam eternos, de despedidas doloridas cujas feridas pareciam que jamais se cicatrizariam.

No dia seguinte, Jucks compôs um poema para a jovem, ele chamou este poema de “Convite à sonhar”; uma parábola sobre a vida, sobre circunstâncias e acontecimentos que por vezes não controlamos, e que por medo nos afastamos tentando nos proteger, ou então deixamos de conhecer, pelo mesmo medo... de sofrer.

Antes de apresentar a vocês o poema, eu gostaria de lhes sugerir uma breve leitura, que há anos tem conquistado corações ao redor do mundo, e que talvez devesse continuar conquistando mais e mais corações, apesar de nestes dias corridos, nós termos nos fechado para as pequenas coisas que nos tornam grandes. No capitulo XXI de “O pequeno príncipe”, o adorável viajante se encontra com a raposa que lhe ensina algo sobre o encantamento que o amor, o carinho e a dedicação causam ao coração.

Agora sim, uma alegoria de um sonho:

Convite à sonhar.

Às vezes é preciso dançar sob a chuva,
para entendermos que não se pode controlar tudo,
mas que podemos fazer parte de algo.

Sei que existem muitas coisas que não entendemos,
e que a tristeza às vezes chega no meio da noite,
mas vamos dar uma chance para a vida nos ensinar.

Nós jamais estaremos realmente sozinhos no mundo.
Pois por mais perdidos que possamos estar,
sempre haverá alguém disposto a nos achar.

Sei que existem promessas que são apenas promessas,
mas mesmo que tudo que consigamos sejam novas decepções,
devemos acreditar no amor e fazer do céu nosso limite.

Você que é uma princesa, graciosa e atraente,
diga-me, por que temos tanto medo de errar ?
Não é verdade que todos precisam de alguém para amar ?

Por favor, não diga que é um erro.
Sei que amar às vezes é suicídio,
que é como nadar contra a correnteza.

Você pode até dizer que estou sonhando,
que não merecemos o direito da incerteza.
Ainda assim vou fazer de conta que acreditamos.

Você pode até dizer que estou sonhando,
mas eu te convido a sonhar comigo.
Pois se formos incapazes de sonhar,
jamais saberemos o que é amar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Billy Jukes

Hoje decidi contar para vocês um pouco da história de Nótlim Jucks, o autor dos poemas aqui publicados.

Nótlim Jucks nasceu em Setembro, como que por brincadeira e seu nome foi uma alusão ao inventivo garoto-pirata Billy Jukes, porém como na época ainda não havia internet e o garoto-pirata era visto apenas nos desenhos animados, foi o mais perto que o pai da criança conseguiu chegar.

Billy Jukes era um adolescente que tinha vindo da Índia para a Terra do Nunca e vivia no "Jolly Roger", o navio do Capitão Gancho. Cuidava das invenções que tinham intenção de capturar Peter Pan e era responsável pela manutenção do "Long Tom", o canhão estilizado em tigre branco, que tinha que estar impecável para atirar nos meninos perdidos. Billy Jukes talvez fosse o mais perdido dos meninos perdidos, um dos admiradores de Wendy – o que se lhe perguntassem, negaria de pés-juntos - quiçá por isso tenha decidido se tornar pirata.

Então em homenagem ao garoto-pirata perdido:

A casa da menina fada

De lá da casa da menina fada
vê-se ao longe o lugar
onde o céu encontra o mar.
Vê-se também criaturas encantadas,
sereias, ninfas e outras fadas.
Duendes tocam suas belas flautas,
enquanto os horríveis ogros
atormentam a pequena fada.
Ela toda encabulada sorri atarefada.
Há também meninos perdidos
que buscam num sorriso um destino.
Alguns fumam ervas perfumadas,
outros se alegram com bebidas adocicadas.
E o que dizer das meninas que vieram
do país das maravilhas.
Elas cantam, dançam e sorriem sempre.
Quando o Sol cansado se recolhe
a noite chega estendendo seu véu.
A lua resolve brilhar mais forte
e chamar as estrelas para povoar o céu.
Enquanto isso na casa da menina fada
a festa continua até de madrugada.
Vão-se os duendes e chegam os gafanhotos,
é hora do rock e do som eletrônico.
Ouve-se ao fundo uma pequena reclamação,
mas os gafanhotos descolados
puxam um reggae ritmado,
e a música dos reis acalma à todos
e a festa continua sem "paúra".
Há algumas criaturas ignotas,
rechonchudas e de vestes púrpura.
Mas isso não vem ao caso,
pois os perdidos já se perderam
e as meninas adormeceram.
Lá na casa da menina fada
festa só depois da alvorada.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Início

A idéia deste Blog surgiu de minhas conversas com a "Feliz Fantasia", alguém que em breve vocês conhecerão aqui, e na verdade o Blog "nasceu" nas férias de 1996, com o primeiro poema escrito por Nótlim Jucks, para um concurso realizado no 2º colegial. Poema que é apresentado aqui hoje a vocês.

Desde então foram escritos poemas e contos, para participar de vários concursos e principalmente para participar da vida das pessoas que os lêem. Os textos que passam a ser publicados a partir de hoje no Mirtu's Blog, já foram formatados em livro, mas nunca chegaram ao acesso das pessoas. No principio o livro se chamava "A morte do poeta - A experiência de ser humano." e contava com a seguinte nota introdutória:

"A pintura é a poesia muda e a poesia, a pintura que fala" - Simónides de Ceos -556 a.C. – 448 a.C. - Poeta Grego

A morte do poeta é um livro que conta situações rápidas e fantasiosas, acontecimentos provavelmente irreais e imaginários, mas que fazem parte do cotidiano das pessoas.

É a procura do ser humano, por sua humanidade, seu destino, seus medos e sua maior busca, o Amor.


Atualmente o livro está passando por um processo de re-digitação e revisão, o que fez com que ele ganhasse um espaço para quem quiser acompanhar seu crescimento. Seu título também está passando por revisão, mas isso e muito mais, vocês ficarão sabendo aqui no Mirtu’s Blog. Espero que gostem da leitura e aqueles que desejarem, fique a vontade para tecer seus comentários.

Marcando esta estréia:

Viagem pelos Sonhos


Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Cintilante como o brilho do orvalho na rosa.
Da rosa vermelha, da rosa dos ventos;
ventos que me levam pelos sonhos;
sonhos de um devaneio.

Devaneios de amor.
Devaneios de criança.
Devaneios do amor dos sonhos de uma criança.

Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Não tão cintilante como antes, pois o antes;
o antes se foi, e o agora começou.
Começou e tudo mudou;
mudou os sonhos de um devaneio.

Devaneios de glória.
Devaneios de riqueza.
Devaneios da glória das riquezas de um homem.

Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Devaneio que se perdeu pelo caminho;
caminho há muito traçado;
traçados pelas glórias e riquezas de um homem;
um homem sem os sonhos de um devaneio.

Devaneios perdidos.
Devaneios de um retorno.
Devaneios de retornar ao momento em que tudo mudou

e a criança o devaneio perdeu.