domingo, 29 de novembro de 2009

Recordação presente

Certa vez, durante a nossa adolescência, Jucks foi a uma confraternização acompanhar nossos pais e outros amigos. Entediado como todo bom adolescente, ele saiu para procurar algo que gastasse um pouco de sua energia, o que não encontrou. Aborrecido se sentou próximo a um playground em que praticamente todas as crianças da festa estavam.

Alguns minutos depois chegou um menino carequinha que lhe perguntou: "Quer ser meu amigo?". Jucks olhou intrigado para o menino, mas decidiu que talvez empurrar um pouco o pequeno em um balanço, fosse um bom passatempo.

O menino ficou extremamente satisfeito com a brincadeira, que durou até a mãe do menino partir desesperada do salão em direção ao balanço. Ela parou o filho quase que num solavanco, olhou para Jucks e disse: "Ele não pode se exceder. Desculpe-me!" – e subiu de volta para o salão, puxando o menino pelo braço, que apenas chorou timidamente.

O poeta não entendeu muito bem a reação da mãe, mas depois descobriu o motivo de tamanha preocupação. Naquela noite, já de volta em casa, ele decidiu escrever sobre a rápida experiência que tivera no fim da tarde, e sobre o que ficou sabendo sobre o menino.

Assim surgiu o pequeno conto:

Memórias de um bloco de notas

Sentado em um banco próximo ao parquinho das crianças, no Clube de Cultura Artística, o rapaz apreciava o movimento, quando de repente um garotinho sorridente, com não mais que dez anos, se sentou ao lado dele e puxou conversa:
_ Oi! Quer ser meu amigo?
O rapaz apenas olhou a garotinho e pensou consigo: "Pentelho!" – mas não disse nada.

Diante do silêncio do rapaz, o garotinho ajuntou:
_ Acabei de sair do hospital! – seus olhos baixaram fitando as pedrinhas no solo e ele continuo – Ouvi o médico contar pra minha mãe que estou morrendo. Será que você gostaria de ser meu amigo? – insistiu sorrindo.
O rapaz olhou espantado o menino, e levando a mão ao bolso, pegou um bloquinho no qual escreveu: "Eu sou mudo!".
O menino olhou o papel, passou o dedo sobre as palavras, lendo-as vagarosamente e disse sorridente:
_ Tudo bem, eu não tenho mais cabelos!
O rapaz, sem entender o que o garotinho quis dizer, sacudiu a cabeça e escreveu: "Não entendi!".
O menino olhou o parque de fora a fora, todas as outras crianças brincando, os animadores de festa, então olhou novamente para o rapaz e disse:
_ Olha, não é por que te falta algo, ou você não pode fazer alguma coisa, que você é diferente. – o menino encolheu os lábios apertando-os um no outro e continuou – Ó só! O médico não quis me contar, mas ouvi quando ele falava com minha mãe que minhas chances de viver são mínimas; estou morrendo. Às vezes dói, mas hoje está tranqüilo. Você não pode falar, mas olha aquele cara – apontou para o mímico que brincava com as pessoas – viu? Ele pode falar, mas prefere se comunicar através dos gestos e quase sempre eles demonstram mais do que simples palavras. E aí, topa brincar? – perguntou sorrindo.
Sem mais nenhuma dúvida, eles brincaram a tarde toda.
Quando se sentaram para descansar e aproveitar para ver o sol que se punha, o garotinho perguntou ao rapaz:
_ Você vai ao meu enterro?
O rapaz ficou sem saber o que responder, mas a pergunta foi feita de forma tão natural, que só uma resposta lhe veio à mente. Então pegou o bloquinho e nervoso escreveu: "Sim, é claro que eu vou!" – o que tirou um sorriso discreto do menino.
Com o bloquinho em mãos o rapaz rabiscou: "O que você mais gostaria de ter?"
O garotinho fechou um olho e torceu os lábios como se pensasse, e respondeu:
_ Ah, nada! Já tenho o que eu queria!
O rapaz rabiscou novamente e perguntou: "O quê?".
_ Um amigo! – respondeu o garotinho passando o braço por cima do ombro do rapaz.

Daqui em diante, só o rapaz e seu bloquinho podem contar:

Com essas palavras eu senti uma coisa estranha no peito, meus olhos ficaram embaçados com as lágrimas e a única reação que tive foi abraçá-lo. Ele pegou minhas mãos, secou minhas lágrimas com a camisa e disse: "Não tem porque você chorar. Deixa que eu choro quando for à hora; minha amiga enfermeira disse que todo mundo vai embora um dia, ó só, até o sol está indo agora. Enquanto você for meu amigo e se lembrar de mim, eu vou estar aqui. Você me deu algo muito importante hoje e me fez muito feliz.".
E meu bloquinho perguntou por mim: "O que eu te dei, além de algumas horas de brincadeira?" – e nisso a mãe dele gritou chamando-o do salão de festas, mas antes de ir, ele me respondeu: "Sua amizade, que com amor guardarei pelo resto da minha vida!"

Uma semana depois ele foi embora; hoje ele tem um lugar especial no meu coração e jamais esquecerei aquele sorriso. Nesta vida eu desejei tantas coisas; mas como desejei dizer: "Adeus amiguinho!". Mas mesmo que eu pudesse falar, esse nó na minha garganta não ia deixar.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte da conquista

Estava começando a achar os posts do Mirtu's Blog muito repetitivos, iniciando-se sempre com um "hoje", então fui atrás de um sinônimo que refletisse o momento presente, aí o dicionário me sugeriu "no dia em que estamos", então vou usá-lo pra ver como fica.

Gostaria de escrever um pouco sobre o amor
, algo que me vem à mente lendo o poema-conto publicado aqui no dia em que estamos (obs: acho que não ficou bom =), que é formatado como um conto de fadas e remete a composição de histórias do fim da idade-média.

Estas histórias, ou os romances de cavalaria, possuem preceitos quase irreais, quando não mágicos. Vislumbram um amor por demais grandioso, com personagens igualmente magnificentes em seus atos nobres; isso porque, sempre tentam retratar a moral máxima do ser humano. Mas eles trazem em si uma contradição, que é o erotismo constantemente presente, o amor doentio, lascivo, obcecado pela sensualidade, então, ao ler a "Demanda do Santo Graal" o leitor se deparará com o sagrado, com o heróico e com o profano, algo também presente em diferente tom, em "A Canção dos Nibelungos" ou tantas outras obras do ciclo arthuriano. Essa contradição entre o sagrado e o profano, o lascivo e o recato, se torna evidentemente acentuada em meados do século XVIII, com o advento do iluminismo, brotando na mente de Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade, toda fantasia reprimida do ser humano.

Certa vez, enquanto estavam sentados em um bar, um amigo perguntou a Jucks: "O que eu preciso saber sobre o amor e a arte de conquistar as mulheres, para me dar bem?". Jucks demorou-se largamente pensando e respondeu: "Não sei precisar com objetividade uma resposta para você!". E o amigo indignado lhe retrucou: "Como não sabe me responder?! Não é você quem escreve aquele monte de coisas sobre o amor, sobre as mulheres e tal?" e Jucks tranquilamente lhe respondeu: "Você mesmo definiu a conquista das mulheres como uma arte, então para realizá-la você primeiro deve se sentir um artista, ter o desejo de encantar. O que você está querendo, é que eu te dê uma fórmula, e não há uma. Você pode encontrar alguns livros, bons, outros divertidos, que por exemplo lhe digam '177 Maneiras de enlouquecer uma mulher na cama', de Margot Saint-Loup, mas eles não te dirão como VOCÊ deve fazer isso. Você pode encontrar hoje na internet uma infindável oferta de 'técnicas arrasadoras de sedução', mas vai perceber que a arte da conquista deve ser sentida, no momento, porque cada mulher é diferente e por vezes diferente em si mesma, cabendo a você descobrir como conquistá-la no momento dela, não no seu. Donatien pode te ensinar como dizer todas aquelas coisas que você fantasia, sem se constranger e sem constranger quem você quer encantar, Giacomo pode te explicar em minúcias o ofício de agradar as mulheres e Juan pode ajudá-lo a tentar captar o momento da mulher desejada, mas ainda assim a interpretação será sua. Para ter sucesso na arte da conquista, você precisa se sentir um artista, precisa se sentir encantador; depois que você acreditar nisso, talvez a mulher desejada por você também acredite." – findando sua explicação Jucks olhou para alto, mordeu o lábio pensativo e completou: "Quanto ao amor, é uma escolha que você faz na vida, independente de querer conquistar alguém ou não. Você pode opta por fazer as coisas com amor, ou sem. Se ao desejar conquistar alguém, você fizer isso com amor, o resultado lhe surpreenderá." – e dizendo isso terminou o copo de Erdinger que quase esquentara.

Nisso o amigo sorriu e disse: "Não sei por que perguntei isso pra você! Você vive sozinho!" e Jucks sorriu com certo escárnio, levantou a mão, pediu outra cerveja e retrucou: "Não tenho problema em conquistar, meu problema está mais em manter. Talvez eu ainda não tenha aprendido a ser um verdadeiro conquistador, aquele que conquista a mesma mulher várias vezes. Então enquanto isso me mantenho como um simples conquistador, aquele que conquista várias mulheres até achar a que consiga conquistar várias vezes." – e ao receber a cerveja gargalhou: "Várias, mas talvez não tantas kakaka...!".

Segue então, um conto de fadas:

Algo que vale a pena

Todo conto de fadas que se preza deve começar com: Era uma vez...
... uma linda garota, que morava lá aonde todos vão durante os sonhos. Sua beleza era sem igual, tanto que achavam que ela fosse uma deusa, não uma simples mortal.
Por onde ela passava, o coração dos homens conquistava e da inveja das damas se a-proximava. Até o pároco da cidade por ela se apaixonara. Mas havia alguém a quem sua beleza não bastava.
Enquanto ela se deitava com ricos e comia com nobres. Aquele que ela desejava, jamais pestanejava e discordava de sua beleza invejada.
Ela fez de tudo para conquistá-lo, mostrou-lhe o corpo nu e o afastou das damas. Mas seu amor jamais conquistou. E foi assim por anos, até que velha e sem encanto decidiu falar com aquele homem a quem não encantava:
_ Sente-se nobre? Por estes anos todos, muitos por mim morreram, degladiaram-se e choraram, mas você, não me dedicou nem um olhar de desejo! O que sente pobre infeliz? E por que só você minha beleza não foi capaz de conquistar?
Com a simplicidade de sempre ele a olha e toca-lhe levemente o rosto. Então diz:
_ Durante quarenta anos eu te amei em cada segundo, e invejei todos que com você se deitaram. Não mais.
_ Quando me mostrou seu corpo, eu seria hipócrita de negar, que desejei tomar-lhe em meus braços, mas eu queria mais, eu queria seu coração. Pois um dia sua beleza se esvairia e eu teria então, aquilo pelo que vale a pena morrer, lutar e chorar. Uma coisa que você desconhece e jamais terá.
Dizendo isso, virou-se e caminhou para longe dela.
Desesperada e amargurada ela gritou:
_ Não me deixa assim. Diga-me o que é que eu desconheço e jamais terei?
Ele voltou-se uma vez mais e seus lábios uma só palavra se propuseram a dizer:
_ Amor!

sábado, 21 de novembro de 2009

Um abraço

Se hoje, Deus se materializasse diante de mim como Ele fez há mais de dois mil anos, eu apenas gostaria de Lhe dar um abraço! É a única maneira que me vem na cabeça de como agradecer por Ele ter colocado no meu caminho tantas pessoas maravilhosas; pessoas com quem pude compartilhar momentos, aprender e crescer.

Quando Deus disse que era para eu vir para este mundo, Ele não contou como ia ser, porque essa parte é a surpresa de cada dia, mas Ele garantiu que onde quer que eu fosse eu encontrasse sempre, pessoas maravilhosas como você, que está compartilhando seu tempo comigo; então só posso agradecer por isso.

Como diria o amigo Carl Sagan: "Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, para mim é um imenso prazer, dividir um planeta e uma época com você.".

Já que estou fazendo alguns agradecimentos explícitos ou implícitos, Jucks me pediu um agradecimento especial a seus amigos Jean Michael, João José Ignácio, Juan Miguel e Steven Works, pela ajuda com os sorrisos e gargalhadas. "Tanks boys =) ". Todos nós a amávamos, vocês sabem que só acaba quando as memórias se apagam e sabem também que as lembranças sempre serão melhores do que as vivemos (já dizia Gabriel G. Márques), então mantenhamos nossas fantasias e sigamos felizes, pois só assim conseguiremos.

Um grande abraço em você, que como um laço encantado lhe diz: "Obrigado por você fazer parte da minha vida".

Mirtu.

...

Feliz fantasia

Existe nela, aquele entusiasmo pela vida;
aquela energia prodigiosa que nos faz sorrir.
E é exatamente isso que o nome dela diz;
que existem muitos motivos para ser feliz.

Naqueles olhos brilhantes existe um desejo
e todo o amor que ela carrega pelo mundo.
Naquele sorriso não há falsidade,
existe apenas beleza e simplicidade.

Até mesmo quando ela precisa estar só,
reforçando a confiança em si mesma;
nunca fica solitária ou isolada,
pois cheia de vida é sua natureza.

Ela tem aquele olhar gentil,
que me faz viajar em um sonho infantil.
Mas ao mesmo tempo me mostra tanta força
em sua personalidade e individualidade.

Ela carrega em si aquele amor pela vida;
aquela força fabulosa que arrasta sonhos
e enche nossos corações de alegria;
aquilo que só se consegue com certa fantasia.

Este é o significado do nome dela...
feliz fantasia...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um agradecimento e um pedido

Hoje quero escrever um pouco sobre meu grande amigo, o poeta Nótlim Jucks. Ele sempre foi o menino-pirata perdido, que por vezes foi encontrado por alguma fada encantada.

Certa vez, sem muita pretensão ele olhou para uma jovem e estonteante mulher, e sem muita esperança ele desejou um olhar em retribuição. Para seu espanto e júbilo, ela lhe retribuiu com mais que um olhar; algo que nem em seu reino do Sonhar ele poderia imaginar, e é sobre isso que o poema publicado aqui hoje trata.

Jucks sempre esteve mais perto dos sonhos do que da realidade, assim pagou caro muitas vezes por suas fantasias, mas de longe – e conhecendo-o bem como conheço – ele tem certeza de que se não fosse por seus sonhos, jamais teria compartilhado de tantas vidas quanto lhe foi permitido fazer.

Certa vez uma amiga disse que o poeta possuía um dom difícil de explicar, e que só podia ser sentido: "Você consegue me transmitir paz quando preciso, alegria quando estou chorando e consegue me mostrar que existe luz, quando eu enxergo tudo escuro... Você marca as pessoas que conhece por ser especial, não tem uma pessoa que te conheça que não consiga gostar de você e que te esqueça. Saiba que você nasceu com uma luz que brilha muito, transmita sempre essa luz a todos que você puder... vai fazer bem a você e as outras pessoas..." – e desde então ele tem se dedicado a transmitir, se não uma luz, tudo de bom que possuí.

Sendo assim, um agradecimento e um pedido:

Amar sem culpa

Segure-me em seus braços
e diga que tudo vai ficar bem,
pois tenho sentido falta
de você olhando para mim.

Segure-me apertado em seu peito,
eu preciso sentir seu coração
e sonhar que ele bate por mim,
senão esquecerei tudo cedo demais.

Fico imaginando se é só um sonho,
e ainda não consigo acreditar
no que meus olhos tentam me mostrar.
Que você esta ao meu lado.

Pois você é mais do que eu poderia
e teria coragem de pedir a Deus.
E ainda não sei se serei capaz
de lhe dar tudo que você merecer ter.

Então por enquanto...

Deixe-me segurá-la contra meu corpo,
pelo tempo que for possível.
Preciso me sentir querido
e tenho desejado ser seu.

Deixe-me abraçá-la mais um pouco
tentando livrá-la de seus medos
e tentando curar os meus,
mesmo que não seja para sempre.

Vamos deixar o tempo correr,
sem prendê-lo a qualquer corrente.
Como se ele fosse um aliado
e não um obstáculo a ser vencido.

Por enquanto...

Vamos viver como se o importante
fosse apenas amar sem culpa,
sem imaginar o que será amanhã,
sem perguntar se ficaremos distantes.

Por enquanto...

Vamos apenas amar sem culpa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Armas e Mentiras

Oi. Você percebeu o cheiro de hipocrisia que há no ar? É, esse cheiro de que as coisas estão indo mal, mas está tudo bem.

Mais duas crianças morreram (entre tantas outras que não são notícia) e o "statu quo" permanece inabalável. Assim deveria ser também nossa força – inabalável - mas esquecemos algumas coisas importantes ultimamente. Nossa tática de "não ver" o que acontece com os outros tem funcionado bem por enquanto, mas temos que ser conscientes de que uma hora nós vamos ver.

Segundo o pensamento dos povos pré-colombianos os sacrifícios humanos serviam para garantir o funcionamento do universo, os acontecimentos do tempo, a passagem das estações, o crescimento do milho, e a vida dos seres humanos. Eles eram necessários para assegurar a existência dos deuses, repondo seu consumo periódico de bioenergia.

Segundo o pensamento dos povos pós-colombianos os sacrifícios humanos servem para... para... para mostrar que temos mais PODER que o outro... é... é pra isso, acho que é pra isso.

E apesar disso, nós continuamos. O poema publicado hoje, aqui no Mirtu's Blog, é carregado de possíveis interpretações. O Rock & Roll viaja através de diversos temas, tornando-o um estilo musical completo, em que é frequente encontrar as mais significativas expressões do ser humano, com abordagens políticas, sócio-econômicas, filosóficas, históricas, etc. Em uma viagem musical Jucks escreveu o poema "Armas e Mentiras", acho que vale a pena conhecê-lo e imaginá-lo como uma canção.

Então...

Armas e Mentiras

Pegue suas armas,
atire, mas não minta pra mim.
Mostre-me o quanto
você pode ser forte.

Esta vida está cheia de heróis,
e não quero ser mais um
morto por um covarde sem glória.

Nascemos e fomos criados,
somos irmãos.
Mas às vezes há sangue em nossas mãos,
sangue de nossos próprios irmãos.

Merecemos uma chance;
de seguir um caminho,
de entender a nós mesmos.

Esta vida está cheia de heróis,
e nós somos cada um.
Não devemos morrer por homens sem glória.

Temos que entender
e viver para aprender,
quão bom nós podemos ser.

Nascemos e fomos criados,
somos irmãos.
Mas às vezes há sangue em nossas mãos,
sangue de nossos próprios irmãos.

Pegue suas armas,
atire, mas você sabe que não vai durar.
Ninguém dura o bastante
para agüentar todas as mentiras desta vida.

Pegue suas armas,
atire, e no final talvez,
o sangue que escorre de suas mãos
não seja o de nossos irmãos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sonhos fantasiados

O poema que trago ao Mirtu's Blog hoje, pode ser considerado um plágio da música "Shooting Star" da banda "Bad Company", mas no fundo deve ser encarado como tributo a uma canção que Nótlim Jucks considera um hino do Rock & Roll.

Este poema reflete mais que simplesmente um sonho adolescente, mas todo o sonho conquistado, que por vezes acaba não sendo bem como havia sido fantasiado. Talvez dê para se tirar dele uma ação reativa do narcisismo, que é recompensado com a moeda típica deste tipo de característica de personalidade; à dificuldade de se lidar com os infortúnios da vida, resultando na queda do indivíduo.

Nesta linha, tomo a liberdade de indicar um ótimo filme, para o dia que a TV não se mostrar tão amistosa: "Crimes em Wonderland". Que além de contar com "Shooting Star" em sua trilha sonora, apresenta a história de um quádruplo homicídio que ocorreu em 1º de julho de 1981 na Wonderland Avenue 8763, em Los Angeles. Os homicídios a princípio pareciam envolver apenas os mesmos traficantes e vagabundos de sempre, mas foi rapidamente transformado em notícia de capa em todos os jornais quando o nome de John Holmes foi envolvido. Holmes foi astro do cinema pornô da década de 70, e atravessava uma fase de sua vida, em que descambava de rei da pornografia a plebeu das drogas.

Segue então, uma viagem do Rock & Roll:

Um Astro do Rock

João ainda era um colegial quando o som do Rock
tocou pela primeira vez em sua cabeça.
Acredito que foi uma música dos Beatles que o pegou pelo ouvido.
Depressa ele arrumou uma guitarra para tocar por toda noite.
Ele agora tinha o Rock & Roll e tudo estava bem.

Você não ficou sabendo?
João chegou em casa e disse para mãe que estava indo.
Ele disse: "Eu tenho que aproveitar este momento,
quem sabe um dia eu consiga ser um grande astro."
Mamãe foi até a porta com uma lágrima escorrendo na face,
mas João disse: "Não chore mamãe, sorria e não me diga Adeus".

Você também não ficou sabendo que ele ficou famoso?
Não ficou sabendo que a música dele foi um sucesso?
Não, você não ficou sabendo.
Ele foi tocar numa dessas bandas que fazem as meninas chorar,
e todas elas declararam seu amor à ele.
Onde você estava quando tudo isso aconteceu?

João gravou uma música e ela foi tocada em todas as rádios.
Todo mundo amou aquela música, que se tornou a número um das paradas.
Você ficaria surpreso com tudo que dinheiro e fama podem te dar.
Só que de repente João olhou a sua volta e ele já não era mais o melhor.
Para ele foi uma surpresa tudo ter terminado tão rápido.

Eu sei que você não ficou sabendo que ele ficou famoso.
Mas você deve ter visto uma estrela cadente um dia desses.
João caiu de lá de cima do céu,
com sua música, seu amor e
sua velha guitarra.
Sabe como é, o mundo anda meio "prostituto" hoje em dia,
e surgiram novos ídolos para as meninas amarem.

João morreu uma noite dessas, deitado em sua cama,
com uma garrafa de whiskey alojada na cabeça.
João não percebeu que sua vida tinha passado tão rápido,
quanto aquele verão em que sua música era ouvida no ar.
Mas se você prestar atenção no vento, ainda conseguirá ouvi-lo tocar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fazendo parte da legião...

Hoje é segunda-feira, acredito que um dia difícil de engrenar no calendário de qualquer pessoa, mas ele se apresenta a cada sete dias, então não tem como fugir, basta apenas tentar vivê-lo da melhor forma possível.

Para começarmos bem a semana, vou: fazer uma homenagem a uma banda nacional, transcrever um pequeno texto que um amigo me enviou, escrever pouca coisa e publicar um poema curto enviado por Jucks, talvez não nessa ordem, ou talvez sim.

Para homenagear esta banda nacional que adoro, é preciso contextualizar. O ano era 1986, quando se noticiou, com grande estardalhaço, a passagem do cometa Halley pela órbita da Terra, e que seria um fenômeno de rara beleza pela grande luminosidade que produziria no céu. Outro fato largamente explorado era que o fenômeno só ocorria a cada 76 anos, pelo que, só voltaria a acontecer no ano de 2061. Despertando assim em todas as pessoas, um grande interesse em acompanhar as notícias sobre o cometa. Com agendamento de mês, dia e hora de sua passagem, a fim de que ninguém pudesse perder a oportunidade de ver o grandioso espetáculo. Alguns estudiosos chegaram a dizer até, que o cometa Halley poderia ter sido a estrela que guiou os três Reis Magos para o local do nascimento de Cristo.

Foram lançados diversos produtos em referência ao cometa: revistas, bonecos, disco de vinil com a trilha sonora para passagem do cometa, etc.

E naquele ano, ganhei de presente o disco de vinil "A era dos Halley", que possuía as seguintes canções:

1. Kruel - TIM MAIA
2. Halleyfante - ROUPA NOVA
3. Torre de Babel - BARÃO VERMELHO
4. Que Delicia (tema de Halleylujah) - BABY CONSUELO
5. Canção dos Planetas - SEMPRE LIVRE
6. O Senhor da Guerra - LEGIÃO URBANA
7. Luz de Mim - ROSANA E GUILHERME LAMOUNIER
8. Planeta Morto - TITÃS
9. Anos Luz de Amor (tema de Halley e Halleyxandra) - SÉRGIO DIAS
10. Halleyzinha - TXÃ
11. Planeta Coração - GABRIELA
12. Cometa Halley - FAMÍLIA HALLEY

Foi o primeiro contato que tive com a "Legião Urbana", e o início de uma história que se tornaria uma paixão em 1992. Ano que a banda lançou sua primeira coletânea de músicas, no álbum "Música para Acampamento", reunindo gravações ao vivo feitas para programas de rádio e televisão, entre 1986 e 1992; no qual constava, agora com outro nome, uma música do meu vinil do cometa Halley: "A Canção do Senhor da Guerra".

Essa banda marcou minha infância, minha adolescência e continua marcando meus momentos neste planeta azul. Sendo assim nada melhor do que contemplar a poesia de Renato Russo:

Vinte e Nove

Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você

(Já que você não me quer mais.)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.

(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez.)

Hoje também, um amigo Galáctico me enviou o seguinte texto:

"Ao darmos a alguém todo o nosso amor nunca temos a certeza de que iremos receber este amor de volta. Não ame esperando algo em troca espere apenas que este sentimento cresça no coração de quem você ama. E se isto não acontecer, esteja feliz por este sentimento estar crescendo no seu coração. É preciso apenas um minuto para se apaixonar por alguém, uma hora para gostar de alguém, e um dia para amar alguém, mas se leva uma vida inteira para esquecer alguém especial."

E os poemas "... vão se publicando através das emoções de cada dia, através das perturbações na rotina ..."

A força de continuar

Eu quero entender.
Eu vou me superar.
Não quero estar
em outro lugar.
Eu vou ficar
e vou lutar.
Até o momento
que minha vida
esteja pra acabar.
Às vezes estes olhos
ameaçam se fechar,
mas existe uma força
me empurrando,
me fazendo continuar.
E é esta força
que reside neste coração
há mais tempo
que se possa imaginar,
que tem me feito
acordar toda manhã
e lutar para engrandecer
tudo o que sou,
me dando força para continuar,
para continuar a amar.
Essa força é
Amor.

domingo, 15 de novembro de 2009

O poema incompreendido

Hoje trago para vocês um poema incompreendido, isso, pois até hoje quem o leu não mostrou muito gosto por ele. O poema foi escrito num momento difícil e ao mesmo tempo revelador, pois o poeta estava tentando encontrar a si mesmo, e como ficará notório aos que persistirem, não foi um momento, mas, momentos que construíram tudo que Nótlim Jucks é hoje e o que será amanhã.

Para o poeta, o amor é sublime, é a essência do ser humano, é como uma parábola celeste: "Todo aquele que ama, continue amando, pois será amado e ao ser amado, sentir-se-á maravilhado e ao sentir-se maravilhado reinará no mundo.".

Antes de lhes apresentar o poema incompreendido, vou transcrever alguns pensamentos do poeta que não viraram poesia, mas que podem ajudar a entender sua poesia. Primeiro um texto inspirado em alguns ensinamentos:

"Nas palavras do mago eu pude entender a verdade que alguém invejoso ocultou; que a mulher é o sorriso do Criador, contente de si próprio e que tendo a feito Ele se regozijou e descansou; e que só na cegueira da paixão foi dado ao homem o direito de conhecer aquilo em que Deus tanto se esmerou, sendo maldito quem nunca as amou. Já houveram anjos escultores e pintores geniais, mas nenhum ser capaz de reproduzir a beleza que reside em cada mulher; talvez seja possível encontrar entre eles aqueles que amaram e assim se tornaram criaturas mais próximas do Criador e por assim dizer criadores, mas ainda assim meros copiadores. "

Segundo, a carta não enviada:

"Quero dizer, que eu te amei, que eu te amo e vou te amar, enquanto me for permitido caminhar por este mundo. Talvez eu não devesse simplesmente ter deixado você partir, mas com certeza foi a melhor coisa que eu pude fazer por você. Estou dizendo isso porque eu quero que você saiba que não foi uma aventura, ou o que possam dizer por aí, foram momentos de uma vida para mim.

"Eu sempre soube que você teria sucesso em cada coisa que se propusesse a fazer, e sabia que você conseguiria tudo que sempre quis, pois se tem uma coisa que eu acredito, é que quando desejamos muito uma coisa, o Universo conspira para que a consigamos.

"E mesmo distante eu tenho orado com muito carinho, para que Deus te dê tudo o que você merece e Ele sabe que você merece muito. Eu sempre soube que você era mais do que eu merecia ou teria coragem de pedir a Ele, então agradeço em silêncio a oportunidade que me foi dada e reconheço que eu realmente não estava preparado para você.

"Eu fiz o meu melhor, sei também que poderia ter sido melhor em muitos aspectos, mas eu perdi a fé na magia que permeia o amor e por isso eu espero que você me perdoe. Desejo de toda minha alma que você seja muito feliz."


Agora sim o poema incompreendido:

Aqueles olhos verdes

Mesmo sob a chuva eu consigo ver
aqueles olhos verdes chorando.
Não importa a distância entre nós,
dá pra sentir que ela está triste.

A chuva caí forte com suas gotas frias,
indiferente aos sentimentos dela.
E não há nada que eu possa fazer
para livrá-la do que está sentindo.

Pois se fosse possível eu faria;
eu abriria estas nuvens,
acenderia cada estrela e traria a lua;
apenas para vê-la voltar a sorrir.

Mas ali parada sob a chuva gelada,
ela tenta se livrar de algo
que há muito morreu em pensamento,
mas continua vivo em sentimento.

Ela espera que a chuva faça parar,
esta coisa que tem lhe tirado o ar.
Ela espera ter feito a coisa certa,
sem saber ao certo o que foi feito.

E não há nada que eu possa fazer.
Pois se aqueles olhos verdes tem chorado
buscando entender e achar um culpado,
eu sou parte do que ela quer esquecer.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Indícios

Que tal conversamos um pouco sobre a vida? Esse período de tempo que decorre desde o nascimento até a morte dos seres! Esse presente extraordinário que recebemos de Deus; sim de Deus, porque enquanto não provarem que viemos de outro lugar, eu prefiro vir de um Ser*, Onipotente, Onipresente e Onisciente do que do macaco – e não é nada contra o simpático símio, apenas uma questão de ego.

Neste período entre nascermos e morrermos acontecem coisas incríveis, mas que muitas vezes tratamos como comuns. Como exemplo, a gestação e o nascimento de uma criança. Incrível não? O homem ainda não conseguiu reproduzir isso em laboratório.

São incríveis também algumas situações que levam as pessoas a perderem este presente extraordinário, chamado vida. Muitas vezes, uma bala perdida, um bêbado na contramão, uma doença inexplicável ou simplesmente um vazio no coração; causado por tantos motivos, que para quem olha de fora, podem ser considerados banais.

Há um pequeno conto no livro Maktub, de Paulo Coelho, em que o autor revela ter saído de um almoço com um amigo padre – em uma época em que a espiritualidade do mago não era tão acentuada – e ao andarem pela rua avistaram um mendigo. Ao ver o indigente o mago olhou para seu amigo e o inquiriu, mais ou menos desta forma: "O que anda fazendo seu Deus, que deixa aquele homem viver naquela situação?" – e o amigo padre respondeu: "Ele está colocando aquele homem diante de você, para que você possa fazer alguma coisa!".

Existe também, aqui na minha cidade natal, uma história que já não sei se é verídica ou se é uma lenda urbana, sobre um jovem médico, que ao invés de ter uma carreira brilhante como todos esperavam, tornou-se mendigo.

Conta a história, que ele estudou medicina por 6 anos, realizou residência por mais 2 anos e uma especialização internacional, com total entrega e desprendimento, fazendo com que ele se distanciasse um pouco de sua família. Já formado e com consultório montado, aconteceu de num belo dia ele receber um telefonema da casa de sua mãe, chamando-lhe, pois seu irmão gêmeo estava tendo um ataque. O jovem médico "voou" para casa da mãe e se esforçou ao máximo para salvar a vida do irmão, mas mesmo com toda sua formação e conhecimento, não houve como salvá-lo.

Este acontecimento foi um choque tremendo na vida do jovem médico, que passou a perambular pelas ruas, perdido, carregando coisas penduradas ao corpo, como se ele precisasse sentir o peso de sua consciência em seu próprio corpo. Depois de muitos anos, nunca mais o médico mendigo foi visto pela cidade. Ele "perdeu sua vida" juntamente quando o irmão morreu.

Mas que peso era esse que ele carregava? Será que sua consciência o condenara por não ter conseguido salvar o irmão? Será possível mensurar o vazio de uma perda? E se estamos conversando um pouco sobre a vida, o que tem haver estas duas histórias de mendigo?

Talvez seja apenas um indício, para cuidarmos melhor deste presente que recebemos. Quem sabe seja para olharmos com olhos mais diligentes o presente que os outros receberam. Pode ser que seja, para aproveitarmos melhor a grandiosidade de compartilhar estes nossos presentes.

Jucks escreveu uma parábola confessional sobre isso:

Longe do passado

Na escuridão da noite ele procura abrigo.
Seus olhos avermelhados demonstram cansaço,
e também um hábito que se tornou freqüente em sua vida.
Não há mais onde se esconder;
não há mais para onde fugir.
Seu espírito está fraco, seu corpo estraçalhado;
suas vestes são apenas alguns panos pretos que roubou
e um agasalho esboçou.
O cheiro de seu corpo não é mais de perfume francês;
seu rosto já não é mais o mesmo
que ele cuidara tanto nos anos anteriores.
Hoje ele reza por um sabonete
e por um misero cuidado de antes.
A morte já o rondou várias noites;
e agora, o outrora homem rico,
sente o fardo que ele se recusava ver.
Nas noites frias de inverno,
sem abrigo, sem roupa ou comida,
ele se encolhe como um caracol
na tentativa de se aquecer.
Uma fogueira às vezes ajuda,
mas quando os policiais o pegam
há pouco a fazer.
Uma das coisas mais fáceis de acontecer,
é suas memórias emergirem
e o amargo gosto da derrota e traição
arrebatarem seu coração.
Nas noites frias de inverno, nas mais frias,
ele é capaz de atos de extremo desespero;
atos jamais pensados por ele
quando se encontrava sob pilhas de cobertores,
numa cama confortável.
Ele urina nas próprias calças buscando amenizar o frio;
buscando no calor de seu próprio corpo, algum alento.
Ato em vão, que só serve para deixá-lo mais gelado,
com os farrapos e o corpo mais fedidos e mal tratados.
Se alguém há alguns anos lhe dissesse,
que existem pessoas que urinam nas próprias calças
para se aquecer do frio, ele iria apenas rir da situação.
Coisa que hoje, só serve para apertar-lhe mais o coração.
Um dia desses ao lhe dar uns trocados,
uma senhora o olhou bem e indagou:
"Por que você não vai trabalhar? Um homem forte como você!"
Ele apenas respirou e nada conseguiu responder.
No dia seguinte foi à procura de um trabalho;
mas quem daria emprego a alguém que cheira urina
e tem nos olhos a cor do vício.
Só nos braços da noite e no calor das garrafas
ele se conforta com outros que vivem como ele.
Seus trocados adquiridos como pedinte,
propiciam-lhe algo bom para aquecer o lugar vazio
em que já habitou um coração;
coração que agora ele sabe,
era tão vazio quanto o vazio que sente.
Ele sabe que poderia comprar pão e leite,
mas nenhum dos dois o aqueceria,
nem o faria esquecer o que está passando;
tão bem quanto um forte e barato conhaque.
Porém o álcool não tem efeito permanente
e na manhã seguinte sua realidade está presente.
Ainda com os olhos embaçados e cabeça latejando,
ele toma a decisão de por fim a realidade que o tem atormentado.
Ele elege os trilhos do trem como sua passagem,
eles serão sua mudança de vida, de uma vez por todas.
Boa sorte, Sr. Ninguém de Lugar Nenhum,
será uma longa viagem!


* Neste caso, é O Ser; Aquele que exprime toda existência, Aquele que É toda existência.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alternativa!

Se sua empresa possuí uma política de internet muito restritiva (e chata), mas mesmo assim você está a fim de acompanhar o Mirtu's Blog, acesse: http://jrmirtus.blog.uol.com.br/

Mirtu's Blog - A poesia é a pintura que fala (2ª via) – em processo de equiparação; mas em alguns dias tudo que você lê aqui, você poderá ler também na 2ª via =)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como os antigos cowboys...

Acho que vale comentar aqui no Mirtu's Blog sobre minha amizade com Nótlim Jucks. Nós nos conhecemos há mais de 30 anos; (Uau! O tempo voa!) compartilhamos vitórias e nos sustentamos nas derrotas. Assim como o Super-Homem tem o apoio e a lealdade de Clark Kent, o Homem-Aranha tem a inteligência e a sagacidade de Peter Parker, Nótlim Jucks tem a mim =)

O que não chega a ser um super-herói, mas é um alterego para os momentos em que ele não pode estar presente. E se alguém estiver se perguntando, se não seria o contrário, a premissa é verdadeira.

Enquanto Deus me proveu as pessoas maravilhosas que encontrei pelo caminho, Jucks encontrou alguns amigos que não pude ter, ou conhecer; que não vem ao caso no momento, senão este "post" fica muito louco.

Jucks sempre foi muito amigo de Johnny, um cara cabeludo e esquisito que chamava as "garotas" de "baby". Johnny levava jeito com as garotas e Jucks achava isso o máximo. Hoje podemos dizer que as garotas viraram mulheres, mas porque não manter aquele ar de juventude... algo surreal às vezes caí bem.

Durante as filmagens do documentário "Access All Areas - A Rock & Roll Odyssey", Jucks perguntou a Johnny como ele se via viajando pelo mundo e conhecendo tantos lugares diferentes, e ele lhe respondeu: "Isso pra mim é como andar pelo velho oeste de saloon em saloon, igual nos filmes de John Wayne. Gosto de acreditar que sou como os antigos cowboys... que chegam à cidade na calada da noite, tomam o dinheiro dos ricos, dormem com suas mulheres e caem fora antes da polícia chegar!"

Nótlim Jucks sempre gostou dessa resposta que recebera; ela sempre lhe pareceu tão fantasiosa quanto à vida que Johnny levava. Porém Jucks nunca gostou, ou achou cabível chamar alguma garota de "baby", então quando teve a oportunidade ele chamou uma garota de "princesa" e assim nasceu algo como uma marca nas poesias de Nótlim Jucks. Ele escreveu diversos poemas referenciando sua "princesa". Depois de muitos anos ele descobriu um sentido pejorativo para "princesa", mas sempre que "ela" for citada aqui no Mirtu's Blog será no sentido de "esplêndida", "magnífica", "deslumbrante", etc.

O poema que está sendo publicado aqui hoje, é uma despedida ao maior amor que Nótlim Jucks já viveu, considerando-se (tempo * amor / intensidade) = maior amor, não que ele tenha amado menos das outras vezes, mas diferente, em intensidade, tempo e/ou significância. Características, deste fenômeno insondável, que por vezes não damos atenção, mas que em se tratando de amor, são o que são.

Desta forma então...

Talvez eu tenha que ir

Minha princesa, já é noite.
É hora de eu voltar para casa.
E apesar de você me pedir
eu não posso ficar esta noite

Você me convida para ver o mar
e andar ao redor da lua,
mas eu não tenho as respostas
que você precisa esta noite.

Quero dizer que você está maravilhosa
e que seu olhar brilha como as estrelas,
mas é tempo de eu voltar para casa,
de eu lhe dizer Adeus pela ultima vez.

Princesa, você está tão maravilhosa,
mas não posso ficar esta noite,
talvez eu não possa mais ficar,
talvez seja assim que as coisas
tenham que acontecer conosco.

Eu já aceitei o que me foi reservado,
espero que o tempo possa mostrar
aquilo que há muito eu não quero ver.
Mas tudo bem, está uma noite maravilhosa hoje.

Quero que saiba que eu vi as estrelas,
e em todas elas eu encontrei o brilho
do teu olhar, a luz do teu sorriso.
Mas isso foi há muito tempo.

Hoje eu tenho que lhe dizer,
não posso ficar esta noite
e talvez eu não possa mais ficar,
talvez eu tenha que ir...

Talvez eu tenha que ir para onde
eu não possa mais te encontrar.

domingo, 8 de novembro de 2009

Janie

Janie é um poema que um dia sonhou ser uma canção, ou uma canção que apenas se tornou poema. Foi escrito ao som do Rock & Roll como uma balada de um ícone dos anos 80, como um mergulho em uma viagem adolescente de um amor meio displicente.

Janie era a garota que o poeta queria levar para Sant' Andrea em Otranto, para fazer amor ao acordar e tomar café da manhã olhando o mar. A viagem não aconteceu e Janie não vem de Janaína, como está escrito na poesia, mas Jucks tem certeza que Janie saberá que foi pra ela que ele escreveu esse poema que não virou canção. Ele se ressente apenas, por sua Janie não ter um "riff" de guitarra, para marcar no coração algumas coisas belas, que nem sempre são tão belas quanto a sonhamos.

Então, segue o poema que um dia sonhou ser uma canção:

Janie

Ei Janinie, não chore, você merece mais que um jogador,
você merece um santo, alguém que te dê um objetivo.
Você pensou que minha vida fosse um paraíso de praias ensolaradas,
mas havia um tesouro maldito que você não tinha visto.

Eu queria ser mais inteligente para te pedir perdão,
mas as palavras fogem e não me sinto capaz.
Olhe, eu sei o quanto te decepcionei,
mas tenho certeza que você conseguirá viver sem mim.

Ei Janinie, não chore, eu apenas esqueci o que podia ser amanhã.
Houveram beijos, palavras e todas essas coisas que fazem bem,
sei que fiz parecer um sonho colorido,
mas não garanti estar presente quando você acordasse.

Janie, menina Janaína, não chore princesinha.
O mundo esta cheio de homens melhores do que eu
e eles não te dirão Adeus antes de você acordar.
Muito menos te dirão Adeus, se forem mais espertos do que eu.

Você é forte e não chegou tão longe para jogar a toalha.
Eu me perdi na noite princesinha, e não havia quem me salvar.
Eu não valho metade destas lagrimas que você tem chorado,
eu sou apenas um sonho que você teve, que deu errado.

Janie, menina Janaína, não chore princesinha.
O mundo esta cheio de homens melhores do que eu
e eles não te dirão Adeus antes de você acordar
muito menos te dirão Adeus, se forem mais espertos do que eu.

sábado, 7 de novembro de 2009

Perturbações & Emoções

Hoje Nótlim Jucks me enviou um poema-conto que ele diz ter brotado em sua mente de maneira estranha, pois foi à fusão de um sonho com uma série de sentimentos e pensamentos que fervilhavam em sua cabeça.

Nós tínhamos combinado que eu postaria o poema-conto "Longe do passado", um dos primeiros escritos pelo poeta, mas ele achou por bem que fosse publicado algo mais leve e sutil; até porque, e fez questão de me lembrar, hoje é aniversário de minha tia, então que eu deveria publicar uma poesia que transmitisse harmonia e felicidade.

Em nossa conversa, ele disse: "Mirtu, de nada adianta querer recuperar tudo o que foi perdido durante anos, em apenas alguns meses. Inclusive o tempo. Controle sua ansiedade e deixe os poemas fluírem, eles vão se publicando através das emoções de cada dia, através das perturbações na rotina. Pare, respire, crie, não há o que recuperar, viva o momento, construa algo novo, você sabe que escrevemos a vida com tinta de sonhos, porém sabe também que não temos borracha." – e disse isso rindo e me deixando perdido sem entender muito bem o que quis dizer.

Talvez o poema ajude a tentar entender, assim:

Jardim das emoções

Havia uma ponte que cruzava o abismo do vale, e do outro lado ficava um templo dedicado a felicidade.

Ao seu redor encontravam-se as árvores dos sentimentos e o jardim das emoções.

Para lá se dirigiam as pessoas que precisavam encontrar a si mesmas. Mas todas que cruzavam a ponte do abismo tinham medo de entrar no templo da felicidade.

Muitas preferiam caminhar pelo jardim e colher algumas flores, e estas pessoas se encantavam com as flores do ódio, que possuíam pétalas largas, brilhantes e negras.

Outras se dedicavam a carregar de um lado para o outro, as sementes da inveja, plantando sonhos que pertenciam a outras pessoas, sem poder colher os frutos.

Mas de todas essas pessoas as que mais chamavam a atenção, eram aquelas que se deliciavam com os frutos da árvore da melancolia, que choravam por coisas que nunca tiveram ou por algo que há muito perderam.

O interessante é que não se encontravam crianças nesta parte do jardim, mas ao olhar mais próximo ao templo, viam-se milhares delas, carregando buquês de amores incondicionais, se deliciando com os frutos da árvore das gargalhadas e banhando-se nas águas da amizade.

Estas crianças interagiam com todas as criaturas do jardim das emoções, e para cada flor do ódio elas carregavam uma flor do perdão, que juntavam com as flores do amor, transformando o negro das pétalas do ódio em um azul cintilante, como o azul encontrado nas flores da inteligência.

Estas crianças corriam, entravam e saíam do templo da felicidade, inúmeras vezes.

Quando estavam chorando buscavam o templo, mas sempre apanhavam antes uma flor de esperança e uma de carinho; e ao entrarem no templo da felicidade atiravam as flores ao ar e gritavam "sejam sonhos" e as flores se fundiam e voltavam às mãos das crianças em forma de devaneios e contentamentos.

As crianças juntavam seus devaneios próximos ao coração e não choravam mais.

Se possível, vá visitar o jardim das emoções e tente entrar no templo da felicidade; não é difícil; todas as crianças conseguem quando sorriem.

Você só precisa se lembrar como é, ser criança.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Compartilhe

Depois de alguns contratempos técnicos, o Mirtu's Blog volta a suas publicações regulares e projetando mais postagens semanais do que as realizadas até agora.

Hoje é a primeira postagem que faço, após o nascimento da bela Beatriz, filha de um irmão querido, que há de encantar muitos poetas por onde ela passar. E também vale uma singela homenagem ao nascimento do príncipe guerreiro Heitor, filho de um distinto amigo e companheiro.

Eu que por vezes me encontro perdido entre meus pensamentos e entre os escritos do poeta Nótlim Jucks, posso me considerar um abençoado por Deus, pois Ele colocou em meu caminho amigos maravilhosos, que se tornaram meus irmãos.

Há dois anos, aproximadamente, nasceu também à encantadora Júlia, a quem na época não pude homenagear em meu Blog, pois este veio muito depois; mas tive o prazer de poder compartilhar alguns momentos de felicidade que ela produziu em seus pais, e o encantamento que ela produz nos olhos de seu pai cada vez que ela está com ele.

Bom, tem também o Leo, que nasceu há alguns anos... filho do extraordinário Frederico, mas se eu for citar todos os que não fiz em tempo, não caberá aqui... então, desejo apenas compartilhar com vocês um sentimento bom, que brota como uma flor cada vez que uma criança nasce nesse nosso mundão.

Apenas...

Compartilhando

Você é um ser individual;
singular em suas características.
Você é uma criatura magnífica;
impar no Universo.

Você pode ter, fazer, ser,
o que você quiser.
Basta decidir-se por isso
e lutar por estas realizações.

Você é responsável por suas ações.
É quem merece o mérito por suas vitórias;
é quem tem que reconhecer as próprias derrotas.
Mas ainda assim, só depende de você!

Você possui o direito de ir e vir.
Direito conseguido pela sua poderosa
e deliberada vontade de ser livre.
Você é livre!

Hoje, dê-se o direito de ser livre:
para compartilhar um sentimento bom com alguém;
para compartilhar um sorriso com quem está muito ocupado para lhe dar um;
para compartilhar a liberdade que existe em você!

Você é um ser individual;
singular em suas características.
Você é uma criatura magnífica;
impar no Universo.

Compartilhe isso...