sábado, 24 de julho de 2010

Química da Alma


"Quando a Imaginação, a Arte e a Ciência desaparecerem, todos os Dons Intelectuais, todos os Talentos ou o Espírito Santo forem considerados inúteis e ao Homem apenas restar a Discórdia, então começará o Julgamento Final." – com estas palavras, iniciou Blake um comentário pormenorizado sobre seu quadro (ao lado), em que dá uma explicação precisa das inúmeras figuras aí representadas - "Se o Espectador pudesse entrar dentro dessas imagens com o auxilio da sua Imaginação, aproximando-se no Carro de Fogo do seu Pensamento Contemplativo (...), então levantar-se-ia do seu Túmulo, iria ao encontro do Senhor nos ares e seria feliz." (William Blake, Uma Visão do Julgamento Final, 1810).

William Blake foi um poeta e pintor inglês que enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da igreja e do estado.

Na pintura ao lado, Albion, que representa a queda da humanidade, é redimida graças à imagem do redentor: "Desperta! Desperta, tu que dormes na terra das sombras; desperta! Estira os teus membros!/Eu estou em ti e tu em mim, ambos submersos no amor divino."

Jesus é "a Imaginação ou o Corpo Divino no Homem", a "única forma universal" em que todas as coisas estão contidas "nas suas Formas Eternas".

Albion transforma-se naquilo que vê. Blake refere-se aqui à doutrina de Paracelso, segundo a qual "o homem é aquilo que pensa e a coisa que imagina. Se pensar no fogo, será fogo; se pensar na guerra, será guerra". (De virtute imaginativa, 1526).

"Certa vez Deus veio ao Homem e se tornou Um com ele, para que este aprendesse o caminho e se tornasse Um com Ele".

Essa é a verdadeira alquimia, a transformação química da alma humana, indo de encontro com Deus, que se encontra dentro do coração de cada um de nós.

Hoje o Mirtu's Blog trás uma publicação "forte", atendendo um pedido de um amigo de Uberlândia. Essa idéia ganhou força durante a viagem de retorno que fiz de Uberlândia para Campinas na última semana, e aproveito também para deixar aqui um grande abraço à todos os amigos de Uberlândia, Goiânia, Marília, Rio Claro, Piracicaba, Araras, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, Porto e todos os confins que tive o prazer de estar nesta vida.

Assim como a poesia é a pintura que fala, a pintura é a poesia que mostra; então nada mais consistente do que se valer do artista que integrou estas duas artes e com sua ajuda alavancar esta publicação. William Blake foi um homem envolto em misticismo e fé, cuja arte levou muitos a buscarem respostas para própria existência e a encontrar o caminho para espiritualização; espiritualização essa que reside em acreditar; acreditar em si mesmo, acreditar em Deus - pois acreditar em si mesmo é acreditar em Deus. E parafraseando Joana D'Arc: "Todo homem da a sua vida pelo que ele acredita. Toda mulher da a sua vida pelo que ela acredita. Há pessoas que acreditam em pouco ou em nada e, ainda assim, dão suas vidas por estes poucos ou nada. Tudo o que temos é nossa vida, e a vivemos como acreditamos que devamos vive-la, e então ela se vai. Mas renunciar ao que se é e viver sem acreditar em nada é mais terrivel do que morrer - mais terrivél até do que morrer jovem."

Desta forma, hoje mais do que ontem e amanhã mais do que hoje, acredite, "vá a luta com determinação, abrace a vida e viva com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida, a vida é MUITO para ser insignificante. Viva! Não passe pela vida."

Ah... mesmo atrasado para celebração do Dia do Amigo, o Mirtu's Blog não podia deixar passar em branco... apesar de acreditar (clichê =) que todo dia é dia do amigo...

Amigo, talvez eu não possa te dar as soluções para todos os problemas da tua vida, nem tenha as respostas para todos os teus temores; mas posso ajudar-te a buscá-las.

Talvez eu não possa saber como será o teu futuro; mas quando precisar estarei junto a ti.

Talvez eu não possa evitar que você tropece. O que posso é te oferecer minha mão para que se levante. Tuas alegrias, teus triunfos e êxitos, não são meus; mas desfruto deles quando te vejo feliz. Não julgo as decisões que tomas em tua vida. Limito-me a te apoiar, a te estimular e te ajudar se me pedires.

Não posso te dizer dentro de que limites deve viver, mas te ofereço o espaço necessário para você crescer.

Não posso evitar teus sofrimentos quando alguma coisa te quebra o coração; mas posso te ajudar a recolher os pedaços e ajudar-te a montá-lo de novo.

Não posso dizer quem é você, nem quem você deveria ser. Apenas posso querer ser teu amigo como você é.

Neste dia orei por ti. Neste dia pude me recordar como tua amizade é preciosa. Sou uma pessoa feliz: por ter um amigo como você. Vejo o brilho nos teus olhos, o sorriso espontâneo e a alegria que sentes em me ver. E eu também sinto paz e alegria quando te vejo e conversamos; neste dia pensei em todos os meus amigos e amigas, e entre eles apareceu você. Você não estava acima, nem abaixo, nem no meio. Não encabeçava e nem concluía a lista. Não era o número um e nem o último. O que sei é que você se destacava por alguma qualidade unicamente sua, e que há muito tempo tem enobrecido minha vida.

Eu também não tenho a pretensão de ser o primeiro, o segundo ou o terceiro da tua lista. Basta que me queira como amigo. Então entenderei realmente que somos amigos.

Hoje amigo; orei e agradeci a Deus por ter me dado a oportunidade de te ter como amigo.

Foi uma oração de agradecimento e felicidade, porque você tem dado valor a minha vida.

Jorge Luis Borges (adaptado, e/ou traduzido livremente por MJ)

[]´s
Mirtu

domingo, 11 de julho de 2010

Kärlek

Depois de mais de dois meses sem falar com o mestre Issa, eis que o honorável me ligou de sua viagem. Mestre Issa partiu para Dharamsala no final de Abril e desde então não havia dado sinal de vida; muito feliz o mestre me ligou dizendo que estava voltando ao Brasil e que em breve gostaria de se encontrar comigo para conversarmos. Contei-lhe sobre os últimos acontecimentos da minha vida, as felicidades, dificuldades, encontros e despedidas e o mestre me transmitiu uma mensagem que repasso a vocês:

"Milton, adorável sonhador, gostaria muito de tê-lo trazido comigo nesta viagem, sei de seu fascínio pelas coisas do Tibet, mas esta era uma viagem que eu precisava realizar sozinho. Com relação ao que você me contou sobre sua tia, só posso recomendar que aqueles que a amam, a cerquem e lhe transmitam esse amor, pois o amor constrói, transforma e cura, este é o milagre que o Mestre dos mestres praticou, Ele realizou muito porque amou muito.

"Quanto às coisas que você carrega no coração, perdoe as palavras que são ditas ao vento, às vezes é mais fácil fazer um coração cego de paixão enxergar, do que fazer um coração perdido se encontrar. Sei que você não desistirá, pois é teimoso como um carvalho que reluta em se envergar, mas sei também que saberá quando for à hora de parar. Não se culpe pelo amor que mais uma vez lhe escapou pelos dedos, não é fácil desistir de algo quando se está sem nada; sei que seu coração implora que façam dele uma morada, mas seus sonhos não podem destruir a realidade dos outros.

"Milton, fique com Deus... ah quase me esqueci de te contar, consegui o autografo do mestre Tenzin. Você não veio a Dhasa, mas Dhasa irá até você. Beijo no seu coração filho, em breve nos vemos."

Pegando a deixa do mestre Issa, o Mirtu's Blog trás hoje mais um conto nórdico que retrata uma busca, às vezes insensata, às vezes pelas razões equivocadas, mas uma busca por algo que permeia cada relação do ser humano com o mundo, com a vida, com os outros e consigo mesmo. Este conto é a 2ª parte de uma história dedicada ao amor, mas como consideramos que não há perda em publicá-la antes da 1ª, assim segue, como dito na língua dos povos do frio: Kärlek

O deus Njord, que governava os mares, como contava meu povo, certa feita levou um de meus antepassados a uma das praias mais quentes que um Viking já pisou. Lá ele se enamorou de uma índia e teve como filho o glorioso Mirmhy, que na época em que eram escritas as palavras do Salvador, enfrentou o dragão Lohikaarmejään e saiu vencedor, se assim puder ser dito.

Vinte e cinco anos após Mirmhy ter entregado seu coração por amor a Asile - isso contando nos anos do Nosso Senhor Jesus Cristo, aconteceu no ano 123 - o dragão de gelo mais uma vez foi desafiado.

Após a morte de Mirmhy, Asile deu a luz a uma linda menina, a quem deu o nome de Kari'nina, em homenagens as deusas do ar e do fogo, com isso ela agradou os deuses de sua descendência Nórdica e Hy. Mas certamente a deusa dos índios Hy ficou mais lisonjeada, pois a menina era chamada apenas de Nina, cabelos de fogo.

Havia um desejo imenso dentro da menina, de conhecer as coisas ligadas a seu pai, de quem apenas ouvia as histórias contadas pelos anciãos da vila. Isso fazia sua mãe feliz e ao mesmo tempo a deixava preocupada.

Asile era uma mulher altiva e extremamente bela, o que fazia com que todos os homens não casados, e mesmo alguns casados a cortejassem. Sua beleza só perdia para seu conhecimento da natureza, se é que se colocando dessa forma não parece uma inverdade, pois como sacerdotisa dos Aesires ela tinha sido abençoada com beleza e sagacidade, igualada talvez apenas por sua filha Nina.

Nina era singular no meio de seu povo. Aos vinte e cinco anos ela estava no auge de sua beleza e forma física, sim, forma física. Pois ao contrario das mulheres da vila, que se dedicavam a seus lares ou ao culto dos Aesires, ela sempre se dedicou a aprender as artes bélicas com os maiores guerreiros do reino, e viajando até as fronteiras mais distantes onde conheceu mulheres guerreiras que cultuavam outros deuses.

A jovem Nina tinha o sorriso de sua mãe, singelo e espontâneo; sua pele amendoada contrastava com seus cabelos vermelhos, o que a transformava numa jóia lindíssima, que findava com um mergulho no oceano de seus olhos. Intrinsecamente linda e mortal.

No inverno do ano 123 do mestre Jesus, Nina chamou sua mãe para conversar. Acompanhada de seu amigo Heimdrúll, contou a mãe sobre o que tencionava fazer. Encontrar e matar Lohikaarmejään.

Ao pronunciar o nome do dragão, Asile levantou da cadeira num salto e esbravejou com a filha:
_ Loucura! Você só pode estar sobre a influência de Loki!
_ Mãe, sei que pode parecer loucura, mas Heimdrúll e eu treinamos por anos com intuito de encontrar e dar cabo dessa praga que povoa os pensamentos do nosso povo há anos. – tentou argumentar Nina.
_ Heimdrúll, como você pode apoiar uma idéia absurda dessas? – Asile perguntou séria para o rapaz que mal respirava.
_ Onde Nina for estarei ao lado dela! – disse até com certa firmeza, que fez com que Nina sorrisse.
_ Pela deusa! – Exclamou Asile indignada.
_ Mãe, jogue as runas e o que elas disserem eu farei! – disse Nina desafiando sua mãe.
_ Você sabe que pelo meu juramento eu devo obedecer aos deuses, mas se as pedras indicarem qualquer infortúnio a você, não a deixarei sair daqui nem que o próprio Odin venha me obrigar.

Asile conversou com as forças da natureza e invocou a sabedoria dos deuses, de forma a guiá-la pelos sinais que as runas lhe mostrariam.

_ Alguns comerciantes que estiveram do outro lado do mundo, dizem que por lá apareceu um homem-deus que acabará com os Aesires. – cochichou Heimdrúll ao pé do ouvido de Nina, que o repreendeu baixinho.
_ Eu sei sobre Ele Heimdrúll, e Ele não veio acabar com os Aesires, mas nos ensinar coisas que nossos deuses se esqueceram de nos ensinar. – disse Asile ainda preparando as pedras.
_ Como ela sabe essas coisas? – perguntou Heimdrúll a Nina espantado.
_ Ela simplesmente sabe! – disse olhando orgulhosa pra mãe.

Ao que as pedras foram lançadas e Asile entendeu seus sinais, os olhos da bela senhora se encheram de lágrimas e ela levantou-se para abraçar a filha.
_ Seu destino está entre as montanhas frias que são a morada de Lohikaarmejää, mas as runas não me dizem se você irá voltar. – disse Asile pesarosa.
_ Mas as runas também não dizem que não vou voltar. – disse Nina levantando o rosto de sua mãe para contemplar-lhe os olhos e Asile sorriu levemente.

_ Eu trarei a Nina de volta senhora! – exclamou Heimdrúll batendo no peito e tossindo.
_ Espero que a Nina te traga de volta Heimdrúll. – sorriu Asile abraçando os dois.

Dois dias depois da reunião com sua mãe, Nina e Heimdrúll partiram em direção as montanhas frias do extremo norte. Eles levaram cerca de um mês e alguns contratempos para chegar ao pé dos grandes montes cobertos de neve. Ao pé da montanha Gunnbjørns, Nina pegou seu berrante e entoou uma canção de desafio, acompanhada por Heimdrúll. Ao fim da canção gritou o nome do oponente que desejava desafiar: LOHIKAARMEJÄÄ – foi o som que ecoou.

Logo em seguida fez-se silêncio ao pé da grande montanha. Silêncio interrompido pelo deslizar da neve após um leve tremor. Tremor este que aumentou repentinamente e foi seguido por um vento gélido que fez Heimdrúll bater os dentes.

Os olhos de Nina ainda tentavam distinguir o que vinha em sua direção, quando a gigantesca criatura estendeu suas asas cercando-os e respirando próximo a seus rostos. Heimdrúll tremia, mais de medo do que do frio propriamente dito, enquanto Nina encarava a criatura que a cheirava dos pés a cabeça.

Levantando o enorme pescoço e ficando em posição imponente, Lohikaarmejään falou com sua voz de trovão:
_ O que quer aqui cria do mestiço?
Nina respirava calma e pausadamente, enquanto Heimdrúll se adiantava:
_ Nós só estávamos passando por aqui senhor dragão, não queríamos atormentá-lo!
Ela e o dragão olharam incisivamente para o rapaz que se encolheu.
_ Você tem uma divida para comigo criatura do gelo. Você me privou de meu pai e agora vim aqui privá-lo de sua vida! – disse Nina imperiosamente tirando sua espada de duas mãos, empunhando-a firmemente como fazem os grandes guerreiros.

O gigantesco dragão afastou-se um passo e olhou fixamente para garota que o desafiava, então lhe disse:
_ Vejo que não seguiu os passos de seu pai! Mirmhy e eu fizemos um acordo – e ao ouvir o nome do pai, Nina se espantou – eu o desafiei a me provar que havia uma pessoa em todo seu reino que era digna e quando o nome de sua mãe apareceu para ele, eu prometi que jamais voltaria a seu reino se ele me entregasse o coração de sua mãe em uma caixa de prata. Ele preferiu a própria morte a sacrificar aquela que mais amava, entregou-me assim o próprio coração, e eu surpreendido fiz como prometido e me afastei para sempre de suas terras. – explicou com intensidade Lohikaarmejään.
_ Eu conheço a história criatura e não é porque você lembra o nome do meu pai, que vai me demover do meu objetivo. – disse Nina colocando-se em posição de ataque, enquanto Lohikaarmejään sorriu.
_ Criança, eu destrocei todos os guerreiros do seu reino, o que a faz pensar que triunfará sobre mim? – perguntou sarcasticamente o dragão.
_ Porque nenhum deles era Kari'nina Ap Asile Ap Mirmhy! – e dizendo isso avançou para cima do dragão de gelo, seguida por Heimdrúll, que não sabia se atacava junto com ela ou tentava impedi-la.

Com um bater de asas Lohikaarmejään lançou os dois ao chão com um vento que gerou. Com uma das garras alçou Nina próxima ao seu rosto e disse-lhe:
_ Seu pai conseguiu meu respeito e admiração pelo que carregava no coração, você está tomada de ódio e rancor. Não vou te machucar em honra ao seu pai. – dizendo isso juntou Heimdrúll e voou com os dois para dentro de uma grande abertura na rocha.

Na caverna, Lohikaarmejään deixou seus visitantes na entrada de um grande salão e Nina chorava copiosamente, e Heimdrúll tentava acalmá-la:
_ Eu fracassei Heimdrúll, eu fracassei! – dizia ela entre soluços, quando o dragão voltou trazendo uma caixa e uma pequena sacola.
_ Kari'nina, belo nome! – sorriu o dragão – Quero que leve estes presentes! – disse mostrando o que trazia para Nina.
_ Porque faz isso monstro? Você matou meu pai, e acha que pode me comprar com isso? – disse olhando com raiva para Lohikaarmejään.
_ Nina... fiz essas jóias após a morte do seu pai. Ele me provou que eu estava errado, que ainda havia amor no mundo e que eu uma criatura de coração frio não percebia isso. Não quero que seu coração fique como o meu. Veja, este colar leva a Eternidade que é segurada pelo Amor e pela Compreensão, este anel carrega a Sabedoria sustentada pelos pilares da Eternidade, use-os quando sentir que seu coração se afasta do ideal que seu pai vivia: AMOR.

Ela segurou as jóias e pareceu refletir toda sua vida.

_ Sei o que está sentindo Nina, mas eu não era seu objetivo, eu fui um motivo para você se tornar tudo que você é hoje. E a partir de agora você e seu amigo de pouca coragem, precisam encontrar outras batalhas mais reais pra vencer.
_ Eu não tenho pouca coragem! – exclamou Heimdrúll.
_ Não?! – e a voz de trovão de Lohikaarmejään inquiriu o rapaz, tirando um sorriso de Nina.
_ Venham, vou levá-los pra casa! – juntou os dois e voou com eles até o reino que o dragão havia prometido jamais voltar.
Ao chegar à vila de Nina, o dragão pousou próximo a casa de Asile, espantando a todos. Deixou os dois ilesos no chão e quando estes olharam para criatura, suas escamas haviam ganhado um aspecto diferente, parecendo gelo.

_ O que está acontecendo com você? – perguntou o curioso Heimdrúll.
_ Eu quebrei minha promessa de jamais voltar a este reino, e como um dragão não pode quebrar suas promessas, estou me transformando em gelo e por fim, de uma forma ou de outra, o desejo de Nina se realizará. – ao terminar de dizer isso, Lohikaarmejään transformou-se em uma enorme estátua de gelo que logo se pôs a derreter.

Asile que via e ouvia tudo, correu até a filha e a abraçou efusivamente, ao que Nina chorou nos braços da mãe.

_ Mãe, eu tive que chegar ao lugar mais frio do mundo, para encontrar calor para o meu coração, e quem me mostrou isso foi uma criatura gélida, que aprendeu com a morte do meu pai e que tive que aprender com ela.
_ Amor Nina! Isso foi o que seu pai nos deixou, e ele jamais morrerá, porque nós sempre o amaremos, tanto quanto ele nos amou!

domingo, 4 de julho de 2010

Uma luz para você

Com a entrada no 2º semestre, o pessoal da redação do Mirtu's Blog =) espera concretizar alguns projetos traçados no começo do ano, mas sem se prender a nenhuma norma. Temos alguns contos nórdicos que desejamos publicar e outras lendas para contar. As séries iniciadas no Blog e paralisadas temporariamente, também devem seguir, assim como os poemas e outras histórias.

Nesta primeira semana de Julho, eu e o poeta Nótlim Jucks estamos vivenciando um momento delicado em família, devido à hospitalização de nossa tia/madrinha. Mas temos certeza de coração e alma que tudo vai ficar bem, pois ela é uma mulher poderosa e cheia de paixão pela vida. Temos praticado o poder da intenção e mentalizado que: "A cada dia, em todos os sentidos, ela está melhor, melhor e melhor." – e assim com a intenção de todos que a cercam, com todas as orações que cada um particularmente realiza e com grande gratidão a Deus por cada melhora, ela certamente se restabelecerá e continuará escrevendo sua história no livro da vida.

 Nótlim Jucks tentou redigir um poema para nossa tia/madrinha hoje, mas não conseguiu juntar corretamente as palavras; ouviu algumas canções que o pudessem inspirar, mas elas apenas trouxeram alguns questionamentos pessoais; assim vasculhando velhos poemas arquivados, encontrou um poema que foi escrito para uma amiga e que é um chamado interior, uma tentativa de resgate pessoal e achamos que convinha re-publicá-lo: 


Uma luz para você

Existe uma linha que você precisa cruzar.
Por que se você ficar se sentindo perdida,
e enquanto você ficar sentindo seu mundo se fechar,
com seus sentimentos apertando sua pele,
não haverá como ascender uma luz para você.

Existe uma linha que você precisa cruzar.
Por que se você ficar se sentindo traída,
e ficar sentindo que seu coração esta cego para o amor,
enquanto estas coisas estiverem em sua mente,
não haverá como ascender uma luz para você.

Toda noite há um coração quebrado no mundo,
mas toda noite pode conter um novo amor também.
Você tem que deixar a chuva que caí
levar estes pensamentos e você verá
que toda dor que sente agora terminará também.

Você teve seu mundo agredido,
mas você não deve continuar caindo.
Mantenha-se forte e verá que tudo será como antes.
Você não precisa morrer, você têm que viver.
Estas noites ainda têm muito para te dar.

Existe um lugar escondido, de onde você tem fugido,
mas para onde você precisa voltar,
e este lugar fica dentro de você.
Aí você será capaz de ascender todas as luzes
e terminar com tudo que têm te deixado pra baixo.

Esta noite, por todos os corações que se sentem quebrados.
Hoje à noite, você deve deixar a chuva
levar todos estes pensamentos errados.
Eu te garanto que tudo ficará bem,
mas você tem que querer continuar.

Eu vejo renascer uma luz em você
e sei que você vai se ascender
Você vai brilhar como antes.
Você sabe que em algum lugar
existe algo muito forte implorando para voltar.

É aquela luz que faz seu sorriso brilhar.
É aquele amor que você tem tentado esmagar.
Sei que você tem se sentido perdida,
e que têm tentado cegar seu coração para o amor.
Mas eu te garanto que tudo ficará bem.

Você tem que deixar a chuva que caí
levar estes pensamentos e você verá
que toda dor que sente agora terminará também.
Toda noite há um coração quebrado no mundo,
mas toda noite pode conter um novo amor também.


Das canções usadas como inspiração, Jucks me pediu que publicasse a tradução de Dream On do Aerosmith, pois ele me disse, que ela particularmente o fez parar pra pensar... na fragilidade da vida, na velocidade dos dias, nos sonhos que ficaram pelos caminhos... e em tudo que ainda está por vir.

Beijo no coração de cada um de vocês e


Sonhe

Toda vez que me olho espelho as linhas no meu rosto se clareiam.
O passado se foi, passou como do crepúsculo à aurora.
Não é desse jeito que todo mundo tem que pagar suas dívidas na vida?

Sim, eu sei que ninguém sabe
de onde vem e para onde vai.
Eu sei que é o pecado de todo mundo
você ter que perder para saber como vencer.

Metade da minha vida está escrita em páginas de livros.
Vivo e aprendo com os tolos e com os sábios.
Você sabe que é verdade,
todas as coisas voltam para você.

Cante comigo, cante pelos anos,
cante pelo riso e cante pelas lágrimas.
Cante comigo, nem que seja apenas hoje.
Talvez amanhã o bom Deus o leve.

Bem, cante comigo, cante pelos anos,
cante pelo riso e cante pelas lágrimas.
Cante comigo, nem que seja apenas hoje.
Talvez amanhã o bom Deus o leve.

Sonhe, sonhe, sonhe...
Sonhe com você num sonho que se torna real.
Sonhe, sonhe, sonhe...
E sonhe até seu sonho se tornar real.

Sonhe! sonhe! sonhe! sonhe! sonhe! sonhe! sonhe!

Cante comigo, cante pelos anos,
cante pelo riso e cante pelas lágrimas.
Cante comigo, nem que seja apenas hoje.
Talvez amanhã o bom Deus o leve.

Cante comigo, cante pelos anos,
cante pelo riso e cante pelas lágrimas.
Cante comigo, nem que seja apenas hoje.
Talvez amanhã o bom Deus o leve.