domingo, 29 de agosto de 2010

A Arte da Comunicação

"Aquele que conhece o interlocutor e a si mesmo, debaterá cem conversações sem perigo de constrangimento. Aquele que não conhece o interlocutor, mas conhece a si mesmo, terá chances iguais de satisfação ou de constrangimento em uma conversação. Aquele que não conhece nem o interlocutor e nem a si mesmo, será constrangido em todas as conversações."
Sun Tzu, a arte da comunicação.

A paráfrase acima foi elaborada com intuito de apresentar uma síntese sobre a prática, ou campo de estudo que se debruça sobre a informação, a sua transmissão, captação e impacto social: "A Comunicação".

Nesta última semana de Agosto, participei de um curso cujo tema principal era comunicação e pude vislumbrar a amplitude deste campo de conhecimento que transita entre o exato e o humano; cuja significância das coisas é imprescindível.

Se tomarmos como exemplo a exposição simples de uma idéia, veremos que a comunicação se dará por um processo complexo, visto que uma palavra pode ter um significado para uma pessoa e outro significado para a outra pessoa. Se pesquisarmos no dicionário o significado de uma palavra, veremos que uma palavra não se contém em si mesma; sempre haverá mais de um significado para a mesma palavra. Desta forma fica claro, que quando nos comunicamos, devemos cuidar de nossas palavras, para que elas realmente expressem o que queremos dizer; o que queremos comunicar. Ou, valendo-se do campo exato, devemos cuidar, se o protocolo da transmissão é o mesmo utilizado na recepção.

Essa questão sempre me remete aos diálogos da Patty Pimentinha - a "Meu", do desenho do Charlie Brown – com a professora; não há comunicação entre elas. Tudo que a "Meu" diz, toda criança consegue entender, já o que a professora diz, é sempre, blá, blá, blá, blá, blá... faço aqui uma reverência ao mestre Charles Schulz, exímio comunicador e educador, com simplicidade.

Bom, o essencial da comunicação humana reside na paráfrase de Sun Tzu que inicia esta publicação; pois comunicar envolve conhecer o ser humano. O que nos leva a uma jornada pelas ciências sociais (pt.wikipedia.org/wiki/Ciências_sociais) e do comportamento (pt.wikipedia.org/wiki/Ciências_do_comportamento). Com intuito de compartilhar com você o que alguém um dia compartilhou comigo, gostaria de deixar algumas indicações benéficas ao aperfeiçoamento pessoal:

- Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, é fundamental;
- A Arte da Guerra, de Sun Tzu (http://www.suntzu.com.br/);
- O Tao Te Ching, de Lao-Tsé, esse e o anterior, indico as publicações da Martin Claret;
- O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra, livro e filme;
- Waking Life, intrigante filme filosófico, ganhador de dois prêmios no Festival de Veneza;
- O Poder do Mito, série de entrevistas de Joseph Campbell com Bill Moyers;
- Pesquisar sobre: PNL, Coaching, Metafísica, Mentalismo;
- Maktub e Histórias para Pais Filhos e Netos, de Paulo Coelho;
- As Portas da Percepção, de Aldous Huxley.

Se você estiver achando muito diversificado os tipos de leituras recomendadas, lembre-se que Jesus se valeu muito de parábolas para comunicar seus ensinamentos, Gandhi sempre se apoiou no Mahabharata, no Bhagavad Gita para levar sua mensagem ao mundo; então é sempre bom conhecer histórias para contar.

Eu sigo o ensinamento do Dalai-Lama e deixo-o também para vocês: "Embora eu fale a partir da minha própria experiência, para mim ninguém tem o direito de impor suas crenças à outra pessoa. Não vou lhes afirmar que meu caminho é o melhor. A decisão cabe a cada um. Se concluírem que algum ponto talvez lhes seja conveniente, vocês poderão fazer suas próprias experiências. Se concluírem que ele não tem nenhuma utilidade, poderão descartá-lo."

O título do último livro das indicações provém de uma citação de William Blake: "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." E foi à fonte de inspiração para o nome do grupo de Rock "The Doors" (The Doors of Perception), que apresenta uma obra com características semelhantes ao livro: quebra de paradigmas, oposição a normas e costumes vigentes.

Esta publicação começou com um vislumbre do estudo da comunicação, mas como tudo se baseia no aperfeiçoamento pessoal, há um lema na alquimia que define isso: "Eu quero, eu posso!" – William Blake batizou a gravura abaixo de "Portões do Paraíso" que vem com a insígnia: "Eu quero! Eu quero!". O conhecimento é capaz de te levar aos portões do paraíso, se você souber como utilizá-lo.


"O saber governará sempre a ignorância; e um povo que se propõe governar-se deve apetrechar-se com o poder permitido pelo saber." - James Madison

Para concluir esta publicação, Nótlim Jucks me enviou um poema cujo título foi "roubado" de uma música do "The Doors", mas que em seu conteúdo é todo característico do poeta:

Ao fim

Eu deveria ter visto
quando as rosas que te dei murcharam.
Eu deveria ter ouvido
quando você disse que não era compromisso.

Mas ainda sinto o gosto do seu beijo;
ainda sinto o toque das suas mãos.

Tudo que eu queria era continuar,
mas este é o final,
isto é o fim,
chegamos ao fim.

Eu disse para alguém
que ia facilitar as coisas.
Mas quando ouvi sua voz,
senti seu toque e te beijei.

Vi que eu não queria facilitar nada,
porque eu deveria facilitar o fim?

Eu queria fazer parte dos seus sonhos,
queria ser aquele que você gostaria de ver,
aquele que estaria presente contigo
todos os dias.

Mas este é o final;
o final dos tempos.
Isto é o fim;
o fim do nosso amor;
do meu amor... o fim.

Eu tentei roubar
todos os seus sorrisos para mim.
Eu tentei ser aquele
que faria seus olhos brilharem.

É eu tentei até te dar as estrelas,
mas isso foi tudo que tentei fazer.

Eu não pude ser
aquele que realizaria seus sonhos,
eu só fui aparentar.
Muito orgulhoso, muito fraco.

É... este é o final.
Isto é o fim,
chegamos ao fim.
Ao fim.

domingo, 22 de agosto de 2010

Lágrimas no Espelho

Navegante, dou-lhe boas-vindas. Você acaba de ancorar no porto inventivo do menino-pirata Nótlim Jucks e seus asseclas. Não se surpreenda se tudo lhe parecer estranhamente familiar, mas é que em algum lugar em seu interior ainda vive aquele menino, aquela menina que você foi um dia – então, permita-se.

Há poucos dias Quentin Tarantino me remeteu de volta a minha infância; foi como se eu tivesse voltado ao século passado – parênteses (eu nasci no século 20, mas se você olhar para trás, não faz tanto tempo assim) fecha parênteses – e estivesse assistindo a TVS – você sabia que o SBT já foi a TVS? Pois é, isso até agora pouco me parecia algo que só tinha acontecido na minha mente, mas o sábio Google me mostrou a verdade; existiu – ou a Globo – que sempre foi a Globo, ou pelo menos não perdi tempo para buscar o histórico dela... nossa esse parágrafo ficou cheio de diálogos entre o que estava sendo escrito... vamos começar direito.

Há poucos dias Quentin Tarantino me remeteu de volta a minha infância. Foi como ir dormir mais tarde no Sábado à noite e assistir o Snake Plissken realizar uma fuga impagável de uma Nova York futurista. Você não conhece o Snake Plissken? Ah, pára! Você certamente já assistiu "Fuga de Nova York", certo? Não vale dizer que você estava na barriga da sua mãe; é um clássico – um clássico filme dos anos 80. Bom, se você não assistiu, faça-se um favor, vá até a locadora mais próxima e alugue; aproveite para pegar também "A Prova de Morte" (filme não lançado do Tarantino, que resolveram lançar), o filme do Stuntman Mike. Tarantino tem o dom de fazer filmes legais e de quebra ainda recuperar o prestigio de alguns atores meio esquecidos - John Travolta que o diga e por minha conta, Kurt Russell – juro que não me lembrava dele em filmes bacanas, mas depois de "A Prova de Morte" fiquei com vontade de re-assistir o excelente "Tombstone - A justiça está chegando", o legalsíssimo "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e o Cool "Fuga de Nova York" – é Cool mesmo, ou como diria meu amigo Carioca, maneiro; porque filme Cult nem sempre é Cool.

Percebeu o nome dos anti-heróis? Snake Plissken. Stuntman Mike. Só pelo nome dos caras você já percebe que os filmes são legais; mas em "A Prova de Morte" as mulheres dão um show – é um filme de menino, feito para agradar meninas; meninas malvadas =)


Logo em seguida de assistir "A Prova de Morte", conversei com o poeta Nótlim Jucks e pedi a ele um poema menos "bunitinho", afinal o Mirtu's Blog vive de poesia, então ele me enviou o poema "Lágrimas no Espelho" e me escreveu o seguinte: "Mirtu, como você está tratando de filmes nessa publicação, encontrei esse poema que estou te enviando e ele estranhamente me lembra o filme 'O Último Americano Virgem', acho que tem haver com o fato de um dos protagonistas, tanto no filme, quanto no poema, se decepcionar com o final da história. O filme é uma clássica comédia de sexo dos anos 80, na linha de Porky's; mas no fundo trata um assunto controverso, o aborto. Agora vou ser estraga prazer, o 'mocinho' perde no final ;-)".

Lágrimas no Espelho

Eu a vi na avenida Maia.
Olhos lindos, perfeita.
Seus sonhos eram como
os de muita gente.
Um lar, um carro, uma família...
E ela conheceu alguém que a levou às estrelas.
Ele cheirava a cigarro barato
e seus olhos tinham cor de bebida forte.
Mas era um cara que fazia sucesso,
todas as garotas queriam estar com ele.
Ela se entregou completamente;
seu corpo e sua alma,
no banco deitado
do velho importado.
De repente a porta se abriu,
e seus sonhos se foram,
empurrados aos berros
e lavados com choro.
Para ele foi apenas mais uma conquista,
entrou pra conta.
Para ela foi a primeira derrota,
tinha ficado caro.
Seus sonhos se tornaram
filmes que não veremos;
e seus pesadelos foram filmados reais,
pesadelos que nem no cinema são legais.
Eu a vi na avenida Maia.
Olhos lindos, perfeita.
Naquela noite,
ela se sentiu como uma taça quebrada.
Naquela noite,
eu lhe propus uma virada.
Ela se ergueu, pegou minha mão e aceitou.
Pintamos alguns quadros
e sonhamos vários poemas,
mas essa não era a vida que ela queria,
ela trabalhou comigo e tentou ...
Dois meses depois,
há encontrei largada em um carro vermelho;
vermelho como o vinho barato
da garrafa quebrada na calçada.
Foi na esquina da Santos Dumont
com a Osvaldo Cruz.
Tem certas lágrimas que quando caem
são como espelhos quebrados.
Ainda te mostram algo,
mas não espelham a verdade de antes.

domingo, 15 de agosto de 2010

Alegre-se

"A Verdade vos Libertará". (João 8:32)

Olá. Esse blog e as histórias aqui contadas são dedicados a todas as pessoas que eu amo. Não há uma linha escrita aqui que seja mentira, todas as histórias, todos os contos e poemas são reais; apenas, às vezes são contados da maneira como eu gosto, da maneira como as coisas acontecem no Universo de Fantasia.

Eu sou Milton Junior, e sou também Nótlim Jucks; assim como tento ser o Mestre Issa, ou Jimeno Russo Viaggio – vulgo Jim Russovi. E no fim das contas aqui as coisas acontecem como na vida de Edward Bloom, o Peixe Grande. Aliás, se você ainda não assistiu ao filme, "Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas", assista – o filme é fabuloso, despretensiosamente fabuloso.


Se um dia você estiver na dúvida, se estou falando a verdade, tenha certeza de que será sempre a verdade – às vezes enrolada em papel machê e pintada com tinta guache, mas sempre a verdade.

Sexta-feira eu fiz uma coisa muito feia. Subestimei uma série de coisas. Subestimei o efeito do álcool na madrugada, subestimei o quanto nossas atitudes podem influenciar a vida de outras pessoas e como certas vezes, alguns atos banais causam mais estragos do que uma batida de carro. Por isso, se eu te liguei as 03Hs00 da manhã da sexta-feira 13, e te acordei sem ter muito o que dizer, eu estava em meu momento Jason Voorhees, e só posso lhe pedir desculpas – sei que é uma palavra pequena e que não conserta uma porção de coisas, mas ela está carregada de sentimento, vários sentimentos que tem me tirado o sono.

Sabe, revirando algumas folhas empoeiradas, de uma época que eu ainda escrevia jeito com "g", encontrei um pequeno poema que tentei "consertar" e manter o mesmo, pois foi escrito com simplicidade, por um poeta juvenil.

Alegre-se, ainda há porque sorrir!
 
Se todo mal fosse o que nos fere,
o amor seria considerado mal?
 
Venha, vamos sonhar apenas,
esquecer que vivemos em meio ao caos;
vamos olhar o horizonte e sonhar.
 
Sinta essa alegria que inflama meu peito,
ela me esquenta que me deixa sem jeito;
mas desta vez sei como ela se chama,
é aquela palavra pequena que as vezes nos engana.
 
Neste acanhado coração
este tipo de chama facilmente se inflama
e muito vagarosamente termina.
 
Por isso, vou aproveitar cada segundo,
vou contar cada um, até que sejam minutos
e se tornem horas, pois isso aprendi sozinho,
com rebelde de outra época que dizia:
 
"Sonhe como se você fosse viver para sempre,
viva como se você fosse morrer hoje."
 
Pois é assim que é,
a vida passa num segundo
e pode ser que ao acordarmos
estejamos em outro mundo.
 
Então, alegre-se,
ainda há porque sorrir!

Ps: Esta publicação está bem concisa, pelo simples fato de que não posso dizer toda a verdade!

sábado, 7 de agosto de 2010

A Mulher da Ilha do Ar


Vocês já ouviram falar de Laputa? Laputa é uma ilha que flutua no ar... mas antes de falar de Laputa, essa semana me peguei absorto pelo entendimento do que realmente significa amizade, e quando esse afeto que liga as pessoas se torna outra coisa; maior, ou menor.

Há algum tempo conheci uma jovem, de presença extremamente agradável. Muito inteligente e incrivelmente bela. Possuidora de muitos talentos, eu me encantei com a maneira como ela expressou seus sentimentos em relação a seu oficio. Ela possuía nos olhos aquela determinação que persuadi e influencia; um chamariz de liderança sabe? Aquele algo que desperta dentro de você uma vontade de conhecer mais a respeito das coisas; então, essa semana tive um Insight, cometi uma falha plausível, mas injustificável, considerei-me amigo dela. Não que isso fosse de todo ruim, mas quando não há reciprocidade na consideração, toda atitude pode ser julgada de maneira equivocada.

Aliás, o equívoco por vezes se mostra uma ação de fácil execução, quando buscamos entender as palavras, não no sentido que elas foram ditas, ou escritas, mas no sentido que elas têm para nós. Por isso, nos dias de hoje é tão difícil manter uma agradável conversa despretensiosa. Não que a pretensão não esteja implícita em algum lugar, mas ela só deveria se revelar se houvesse terreno fértil para isso, permitindo assim que duas pessoas pudessem trocar idéias e ideais, sem que uma parecesse demasiadamente interessada em tirar alguma coisa da outra.

Essa semana foi também uma semana de encontros e desencontros, fortalecimento de amizades e estremecimento destas – mas no fim, quando o equívoco muitas vezes se justificou, ou por falta de intimidade, ou por muita intimidade, tudo se resolveu, ou simplesmente calou. Agora fora esse engodo filosófico, meu grande amigo Nótlim Jucks me ajudou a fazer um presente para uma amiga especial e a partir daqui voltaremos a falar de Laputa.

Essa amiga especial há alguns dias sentenciou meu fascínio por uma determinada mulher, como "fisico", mas vou parafrasear NIETZSCHE para me defender: "De onde vêm às súbitas paixões de um homem por uma mulher, as profundas, íntimas? A sensualidade é apenas a menor causa disso; porém, quando um homem encontra reunidos num único ser a fraqueza, a necessidade de ajuda e ao mesmo tempo a petulância, ocorre nele algo que seria como se a sua alma fosse transbordar: ele fica, no mesmo instante, emocionado e ofendido. É nesse ponto que jorra a fonte do grande amor." – e assim sucedeu.

Na amizade, podemos sempre seguir por dois caminhos, tornando-a maior, ou menor; na amizade entre homens e mulheres, por vezes uma grande amizade aumenta e se torna uma relação tão intima que vira amor, e por vezes também se torna tão intima, que quando não se torna amor, diminui e deixa de ser amizade. Quando encontramos pessoas especiais, buscamos tornar a relação de amizade, a maior que podemos, mas equilibrada, para que ela não se torne menor.

Assim, publico abaixo o poema que Nótlim Jucks compôs para esta minha amiga especial e o quadro que Luis Royo pintou dela. Ela que sempre me faz bem, me inquirindo, ou me instigando; mas sempre me engrandecendo:

A Mulher da Ilha do Ar

Eu conheço uma ilha que flutua no ar.
De lá vem às meninas cabelos de fogo,
que sabem bem o que querem
e transformam tudo com um só olhar.

Eu conheço também uma dessas meninas.
Cuidadosa nos atos e palavras,
ela amedronta os fracos e enobrece os amigos,
e sempre faz isso com sinceridade juvenil.

Ela carrega em si a felicidade das crianças,
aquela felicidade que extravasa em lágrimas
de tanto que não cabe no peito,
uma alegria que muito nos faltas nos dias.

Eu conheço uma menina cabelos de fogo.
Ela tem a pele suave como uma rosa,
mas saiba que também possuí espinhos
e não tem medo de usá-los se for preciso.

Eu conheço uma mulher cabelos de fogo,
que como uma das rainhas das belas lendas
reina no coração dos afortunados
e causa inveja a corações despreparados.

Ela tem a força que encantava os homens azuis,
ela tem o poder das antigas deusas,
assim como a bela Guinevere que arrebatou Arthur
ela é capaz de te elevar até o mais alto céu.

Eu conheço uma ilha que flutua no ar.
De lá vem às meninas com poder de amar,
lá são formadas as mulheres mestras em encantar
e eu conheço uma dessas mulheres com fogo no olhar.


Segundo Alberto Manguel & Gianni Guadalupi, em seu "Dicionário de Lugares Imaginários", LAUPUTA, é a Ilha flutuante que paira sobre BALNIBARBI. Laputa é circular, com mais de sete quilômetros de diâmetro, trezentos metros de espessura e uma superfície total de 4 mil hectares. O fundo da ilha é uma placa lisa e regular de diamante de 180 metros de espessura, recoberta pelos estratos habituais de minerais e terra vegetal fértil. As encostas se inclinam na direção do centro da ilha, onde quatro grandes bacias recolhem as águas da chuva. Quando a evaporação natural não é suficiente para evitar que transbordem, a ilha pode se elevar acima das nuvens de chuva.
 
Os lados da ilha flutuante consistem em escadarias e galerias que tornam Laputa acessível da parte inferior. A comunicação com Balnibarbi é feita por meio de mensagens baixadas por cordéis. Alimentos e bebidas são puxados por meio de polias. Pratica-se a pesca a partir da galeria mais baixa.
 
No centro de Laputa há um precipício de cinqüenta metros de profundidade, pelo qual os astrônomos laputanos descem até uma grande cúpula, chamada Flandona Gagnole, ou Cova dos Astrônomos. Essa caverna fica a cem metros acima da superfície superior da camada adamantina. É iluminada por vinte lamparinas que queimam sem cessar e cujo reflexo na camada adamantina alumia toda a caverna, cheia de sextantes, quadrantes, telescópios, astrolábios e outros instrumentos astronômicos. Mas o objeto mais curioso (de cujo destino a ilha depende) é um magneto de tamanho prodigioso, cuja forma lembra uma lançadeira de tecelão. Tem cinco metros e meio de comprimento e, na sua parte mais larga, tem quase três metros. Esse ímã é atravessado por um eixo muito forte de diamante em torno do qual ele gira e está ajustado com tal equilíbrio que a mão mais fraca pode movê-lo. Ele está rodeado por um cilindro oco de diamante, com um metro e vinte de profundidade, outro tanto de espessura e onze metros de diâmetro, colocado horizontalmente e sustentado por oito pés adamantinos, cada um com cinco metros de altura. No meio do lado côncavo há ranhura de trinta centímetros de profundidade na qual as extremidades do eixo se encaixam eventualmente. Nenhuma força do mundo capaz de mover a pedra porque o cilindro se seus suportes fazem parte do corpo de diamante que constitui o fundo da ilha.
 
Graças a esse ímã a ilha sobe, desce e se desloca de um lugar a outro, porque uma das extremidades da pedra é fortemente atraída na direção de Balnibarbi, enquanto a outra é repelida. Se o pólo de atração está voltado para baixo, a ilha é puxada na direção da Terra. No caso oposto, ela sobe para o céu. Quando a posição da pedra é oblíqua, o movimento da ilha também é oblíquo, pois nesse magneto as forças sempre atuam em linhas paralelas à sua direção. Quando a pedra está paralela ao plano do horizonte, a ilha fica imóvel, pois nesse caso seus pólos estão iguais a distância da Terra e as forças de atracação e repulsão se anulam, impedindo qualquer movimento.
 
Esse magneto é manobrado pelos astrônomos, que o orientam conforme as ordens do rei. Eles passam a maior parte de suas vidas observando os corpos celestes, com a ajuda de telescópios muito mais potentes dos que os que se encontram hoje na Europa ou no Japão.
 
 
 
As únicas preocupações dos laputanos são a música, a matemática e a astronomia, ciências altamente desenvolvidas em seu reino. Eles catalogaram a existência de 10 mil estrelas fixas e descobriram os satélites gêmeos de Marte. Suas observações lhes permitem calcular com precisão o movimento dos 93 cometas que conhecem.
 
Sobretudo, os laputanos preocupam-se constantemente com as mudanças na natureza e no comportamento dos corpos celestes e no efeito que possam ter sobre a Terra. Temem, por exemplo, que a constante aproximação do Sol em relação à Terra possa carbonizá-la, ou que o próximo cometa possa destruí-la.
 
As mulheres de Laputa são muito vivazes e ansiosas para conhecer o mundo, o que não podem fazer sem a permissão do rei, raramente concedida, pois a experiência passada mostra que raramente retornam. (Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver, trad. Octavio Mendes Cajado, Rio deJaneiro e São Paulo, 1998)


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Assim parece ser...

"Acordem! Acordem! Logo esse que você acha que é morrerá; por isso, acorde e alegre-se por saber disso. Não há necessidade de busca; a realização não leva a parte alguma. Não faz diferença; portanto, SEJA FELIZ AGORA! O amor é a única realidade do mundo, porque tudo é UM, sabe? E as únicas leis são o paradoxo, o senso de humor e a mudança. Não existe problema, nunca existiu e jamais existirá. Abandone a sua luta, livre-se da mente, jogue fora suas preocupações e relaxe no mundo. Não é preciso resistir à vida; basta fazer o melhor. Abra os olhos e veja que você é muito mais do que imagina. Você é o mundo, você é o universo; você é você e todo o mundo também! Tudo é o maravilhoso Jogo de Deus. Acorde, recupere o humor. Não se preocupe, apenas seja feliz. Você já é livre." (MILMAN, Dan. O caminho do guerreiro pacífico. Pensamento, 2003)

Paradoxo: a vida é um mistério. Não perca tempo tentando entendê-la.

Humor: tenha senso de humor, especialmente sobre si mesmo. É a força por trás de toda a atitude.

Mudança: nada permanece o mesmo.

Hoje o Mirtu's Blog vai abrir espaço para um poeta de verdade, pois procurando as palavras certas – se é que estas existem – Jucks não as encontrou. E como já é o segundo dia que o poeta conversa comigo sobre os amigos que partiram, achamos por bem que algo deveria ser publicado.

Não serão ditos os nomes daqueles que se foram, pois cada um de nós possuí uma perda que merece ser lembrada, cuja uma prece pode ser entoada. Esta publicação começou com um chamado, pois eu e Jucks perdemos amigos jovens, que cresceram conosco, que compartilharam os mesmos sonhos, que por vezes se uniram no amor e na dor. Amigos com quem aprendemos a não temer aquela garota maravilhosa que nos paralisa com o olhar, pois ela também possuí seus temores; amigos que nos ensinaram a ser feliz, simplesmente por que era tudo que conheciam, e nos ensinaram a viver com gentileza, mesmo quando tudo mais te enche o coração de ódio; amigos que as vezes por falta, te tão tudo que tem, sendo que esse tudo, é a si mesmo.

Havia uma promessa em meu coração, que eu não derramaria lágrimas por estes amigos, pois em vida, estes só trouxeram alegria ao coração de quem os conheceu; mas hoje permito que as lágrimas caíam - e não é tristeza, mas não posso dizer que é alegria; é apenas uma sensação de ausência; acho que choro mais por mim, por não tê-los mais, do que por eles, por terem ido. Todos estão bem!

Love In The Afternoon
por Renato Russo

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais...

Quando eu lhe dizia:
"Eu me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"Eu gosto de você também."

Só que você foi embora
Cedo demais...

Eu continuo aqui
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Dia de chuva, dia de sol
E o que sinto não sei dizer.

Vai com os anjos, vai em paz!
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez...

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais...

E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre, mas eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais...

Gordo; quando nos encontrarmos no outro plano, te peço perdão pessoalmente. Às vezes a vida segue por caminhos que nos distanciam, mas eu não precisava ter ficado tão distante.

Cari; ficou pra próxima você me ensinar a viver a vida tão intensamente como você sempre fez.

Nininha; quando eu precisei você estava lá, quando eu chorei você secou minhas lágrimas, quando eu pensei ser um inútil no amor você me explicou como fazer as coisas. Eu não estava lá quando você precisou, eu não vi suas lágrimas caírem, eu não te amei como você merecia – você se foi e eu não disse Adeus; como posso consertar as coisas se Deus te chamou pra junto Dele? Eu tenho tentado Nininha, tenho amado como você me ensinou, tenho tratado todas as pessoas bem... mas nenhuma delas é você... ninguém pode curar a sua ausência! Sinto sua falta e não me perdôo por não ter estado presente quando você precisou...

* Fiquem com Deus

domingo, 1 de agosto de 2010

Uma Cantiga, Talvez

Mirtu's Blog em fase diversificada =) Começaremos com uma cantiga moderna, criada por Nótlim Jucks para o concurso de poesias de Santa Rita do Passa Quatro - SP, e findaremos com uma abordagem histórico-política =)
Brasil
Música agradável
poesia de Nótlim Jucks

Não sabia o que dizer,
Então resolvi resolver isso sem saber.
Disse uma palavra duas vezes
e fiz o que tinha de fazer.

Passei pela porta de um bar,
para ouvir uma banda qualquer tocar
sem saber que iria me apaixonar,
desde então nunca tive tanta vontade de amar.

Pelas palavras que fiquei por dizer,
pelo amor que veio sem querer,
quando ouvi uma banda qualquer tocar
uma diferente canção consegui criar.

Pode não ser uma cantiga de maldizer,
mas foi feita tão sem querer,
que no final não me surpreenderia
se uma crítica a sociedade aparecer.

Está longe de ter uma sucessão rítmica de sons simples,
não tem intervalos diferentes,
mas não se pode dizer que não tem
um sentido musical.

Foi por amor,
sem querer,
numa sociedade que já não o tem
nem por bem querer.

Começou quase normal
e pode-se dizer que terminou sem igual.
Foi assim com Bandeira e Fernando Pessoa,
meio à toa e melódico no final.

Conversa de bar...

Numa dessas conversas de bar, eu notei que todos têm uma opinião formada sobre política, economia, sociologia, história ou um emaranhado destas coisas todas. O interessante é que, nos dias de hoje, na velocidade em que a informação é "teletransportada para nosso cérebro", muitas vezes nos esquecemos de indagar qual o real sentido daquilo que estão nos informando. A internet uniu os povos, socializou o conhecimento e pulverizou um "saber por saber", aquele dito pelo Fulano, que foi confirmado pelo Beltrano. 

Não há uma fórmula correta que pode ser estabelecida como formadora de opinião, o que deve existir é uma ousadia pessoal de conhecer as coisas, entender porque o lado A discorda do lado B e vice-versa. No mundo, temos incontáveis religiões, todas divergem em muitos pontos, mas todas com um mesmo direcionamento apontando para um mesmo Deus, inexplicável e magnânimo, e até mesmo os cientistas por vezes só encontram explicação neste Deus que permeia todas as coisas.

Não esqueço uma passagem fantástica do livro "O menino do pijama listrado" de John Boyne, em que o menino Bruno, pergunta a sua irmã porque não podia ir brincar com os meninos do outro lado da cerca, a cerca no caso, separava a casa onde Bruno estava morando e o campo de concentração de Auschwitz. Em sua infantilidade a irmã responde que eles deveriam ficar separados porque eles eram Judeus; o que intrigou Bruno, pois se os do outro lado da cerca eram Judeus, o que eles da lado de cá eram; e ela sem saber o que responder, simplesmente disse: "Bem, não somos judeus", e com isso Bruno concluiu que se eles não eram Judeus, eles eram o contrário. Aqui vale a pena transcrever o pequeno dialogo entre os irmãos:

"Os judeus não gostam do contrário, então?" / "Não, estúpido, somos nós que não gostamos deles." / Bruno enrugou a testa. Gretel já fora repreendida incontáveis vezes por chamar o irmão de estúpido, e mesmo assim insistia. / "Então, por que não gostamos deles?", perguntou ele. / "Porque são judeus", disse Gretel. / "Entendi. E o contrário e os judeus não se dão bem." / ... (diálogo desprezado nesta transcrição) ... / "Bem, será que não dá para alguém chamá-los para conversar e..."

Para Bruno tudo era uma questão de mal entendido, que eles poderiam resolver aquilo com uma conversa e ele então poderia ir brincar com os meninos do outro lado da cerca. Eu quis colocar essa pequena transcrição aqui, apenas para tentar exemplificar que de vez em quando, devemos olhar as coisas com olhos de criança, de forma que nossa opinião formada por vezes possa ser mudada e possamos então conquistar coisas juntos. 

Segue agora então, algumas sugestões minhas. Não formadoras de opinião, mas talvez amplificadoras de horizontes (sou pretensioso não? =) 

Para assistir e assim conhecer:

O filme-documentário "O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes" :
(https://archive.org/details/O.Velho) é um filme a ser assistido para se conhecer mais a história de um país, o nosso país. Uma história por vezes esquecida e sem muito destaque entre as tantas coisas que existem hoje para serem vistas. Através da biografia de um homem obstinado e convicto em seus ideais, fazemos uma viagem pelas paragens do Brasil, pelo cenário de uma história escrita com luta, sangue e ostracismo; mas que aos poucos surge para que todos possam conhecê-la e brindá-la.

Para todos que ficam encantados com os filmes Hollywoodianos que nos apresentam a história dos EUA com tanta ênfase que a conhecemos melhor que a nossa própria, vale o esforço, vale o tempo e aquisição de conhecimento.

Para ler e assim saber mais sobre o que achamos que sabemos:

O livro "História do Plano Real" de Luiz Filgueiras traça um panorama histórico-econômico do Brasil dentro do processo de globalização e sua reestruturação produtiva e das políticas neoliberais em nosso país. Retrata toda conjuntura do plano, fazendo um detalhado estudo de sua implantação, dos objetivos de estabilização econômica e seus impactos. Reporta fatos antecedentes à implantação do Plano Real – como a crise da dívida, o Plano Cruzado e o Plano Collor.

E com isso revela a confluência de fenômenos ideológicos marcantes do capitalismo, que são: à busca pela hegemonia das políticas liberais e a difusão do processo de reestruturação produtiva a partir dos países capitalistas como um sistema de produção globalizado. Trás ainda os reflexos que estas políticas neoliberais ocasionaram na cadeia produtiva do Brasil e as conseqüências econômicas para população como um todo.

Ainda seguindo neste clima de leitura histórico-política, gostaria de sugerir também a leitura de "Formação econômica do Brasil" de Celso Furtado:

O livro apóia-se numa visão tanto histórica como econômica. O texto se inicia com a análise da ocupação do território brasileiro, comparada também com as colônias do hemisfério norte e das Antilhas. Seguem-se os ciclos da economia e ao culminar na industrialização, o autor trata o tema com excepcional clareza. 

Paralelo a isso é apresentado um estudo da evolução da mão-de-obra no Brasil, desde a escravidão até o trabalho assalariado, o dos imigrantes europeus e o dos migrantes internos. Findando com a conclusão do autor, que aponta os desafios que até então tinham como meta serem enfrentados até o fim do século XX, mas que continuam sendo os desafios de um país em franco desenvolvimento, cuja essência visa combater o processo de disparidades regionais.

A leitura é extremamente válida para desmistificar alguns conceitos sobre os processos colonialistas, que são tidos como determinantes para as transformações das nações americanas no que elas são hoje, demonstrando com clareza os rumos que história tomou separando a América desenvolvida, da América subdesenvolvida.