Em
vez de condenar os outros, procuremos compreendê-los. Procuremos descobrir por
que fazem o que fazem. Essa atitude é muito mais benéfica e intrigante do que
criticar; e gera simpatia, tolerância e bondade. - Dale Carnegie
Por que as pessoas fazem o que fazem |
Existem
alguns livros que transformam vidas. E eu posso afirmar que tive minha vida
transformada por muitos, e cada um deles me fez rever a mim mesmo. Essa análise perspectiva
se iniciou em 1993, com o pequeno livro de crônicas de capa roxa, chamado Maktub, de Paulo Coelho, e não parou mais.
De lá pra cá 'O Despertar dos Mágicos – Introdução ao Realismo Fantástico', de
Louis Pauwels e Jacques Bergier; 'O Paraiso Perdido', de John Milton; 'O Inferno',
de Dante Alighieri, na tradução de Malba Tahan; 'O Quinto Evangelho', de Huberto
Rohden, entre tantos outros, que me conduziram em uma maravilhosa jornada; a do autoconhecimento.
O Despertar dos Mágicos |
Mas
conforme eu caminhava na estrada do "conhece-te a ti mesmo", havia a
necessidade de me aprimorar, de corrigir algumas deficiências e fortalecer alguns
pontos que já estavam sedimentados como base da minha personalidade. E foi em
uma palestra que assisti por acaso, que conheci um dos livros mais importantes para
o processo de me tornar a pessoa que sou hoje, o livro de título duvidoso, 'Como fazer amigos e influenciar pessoas',
de Dale Carnegie.
O
título 'Como fazer amigos e influenciar
pessoas' cheira falsidade. Afinal, quantas pessoas se orgulhariam de "ganhar"
um amigo e influenciá-lo em prol de seu próprio ganho pessoal? Isso não parece
nada certo. Contudo, há uma estranha inconsistência entre a desfaçatez do
título e o muito do que realmente está no livro.
Quando
lido com cuidado, não é de todo um manual para manipulação, à maneira de 'O príncipe', de Maquiavel. Carnegie
menosprezou genuinamente o "ganhar amigos" por uma razão: "Se
tentarmos simplesmente impressionar as pessoas e fazê-las se interessar por
nós, nunca teremos amigos verdadeiros e sinceros. Amigos, amigos de verdade, não
são feitos dessa forma". A energia que torna o livro uma ótima leitura vem
do amor às pessoas. Talvez o livro ainda seja adquirido por ego, maníacos
superficiais, mas já era hora de o clássico de Carnegie ser visto sob uma luz
mais verdadeira e gentil.
Carnegie
escreveu o livro nos Estados Unidos dos anos de 1930. O país ainda estava
saindo da Grande Depressão, e as oportunidades – particularmente para pessoas
com educação – eram escassas. E Carnegie ofereceu um caminho para passar à
frente, tomando proveito de uma das únicas coisas que definitivamente nos
pertence: nossa personalidade.
Individualidade consciente |
Pelos
padrões modernos, as afirmações feitas em 'Como
fazer amigos e influenciar pessoas' não parecem muito fortes; a Psicologia
Motivacional está agora bem estabelecida. Mas tente imaginar o impacto causado
em 1937, antes da grande prosperidade do período pós-Segunda Guerra Mundial.
Para muitas pessoas era como ouro puro. Para muitos hoje, ainda é.
1937 |
'Como fazer amigos e influenciar pessoas'
é um manual autodeclarado de ação, "que entrega ao leitor um segredo".
Não há nenhuma teoria, apenas um conjunto de regras que funciona "como
mágica". O estilo convencional de Dale Carnegie foi um sopro de ar fresco
para aqueles que tentaram ler a Psicologia acadêmica, e foi algo mais atraente
para aqueles que não tentaram. Ideias que visam poupar trabalho são uma característica
da cultura norte-americana, por isso um livro prometendo a transformação de uma
vida, sem longos anos de labuta e construção de caráter, estava predeterminado
a ter uma boa recepção.
Manual autodeclarado de ação |
O
livro não foi escrito com o objetivo de se tornar um best-seller, mas como um
livro didático para os cursos de Carnegie, sobre: falar eficazmente e relações
humanas (o "como" que faz
parte do título é um presente do curso). A tiragem inicial foi de apenas cinco
mil exemplares. Em vez de ser concebido como parte de um plano mestre para
lucrar com os instintos mais básicos das pessoas, o objetivo era levar as
mensagens dos cursos de Carnegie para um público maior.
O
fenômeno
Lançamento de 'Como fazer amigos e influenciar pessoas' |
Inicialmente,
sem dúvida alguma por causa do próprio título, o livro causou um frenesi. É um
dos best-sellers mais vendidos da história
(mais de quinze milhões de cópias, em cada uma das principais línguas do mundo)
e ainda é o maior vendedor global no campo de auto-aperfeiçoamento. Em seu
prefácio à edição de 1981, Dorothy Carnegie observou como as ideias de seu
marido preencheram uma necessidade real que era "mais do que um fenômeno
passageiro dos dias pós-Depressão".
Na
verdade, 'Como fazer amigos e influenciar
pessoas' aparece em compêndios como o Most
Signifcant Book of the 20Th Century e tem seu lugar na Ultimate Business Library: 50 Books that
Made Management (os livros mais influentes que construíram o conceito de
gestão), entre os títulos de Henry Ford, Adam Smith, Max Weber e Peter Drucker.
A
mensagem: educação, não manipulação
Educação, não manipulação |
O
sucesso dos cursos para adultos ministrados por Carnegie revelou um profundo
desejo de educação nas "competências sociais" das pessoas de
liderança, na expressão de ideias e criação de entusiasmo. É fato, hoje em dia,
que só o conhecimento técnico ou a inteligência não constrói uma carreira de
sucesso, mas na época de Carnegie a ideia de que o sucesso era composto por
muitos elementos estava apenas começando a ser pesquisada. Ao ver que as
habilidades das pessoas podem fazer toda a diferença, Carnegie popularizou
efetivamente a ideia da inteligência emocional, décadas antes que fosse
estabelecida como um fato da Psicologia acadêmica.
Habilidades pessoais que fazem a diferença |
Ele
manteve em mente uma declaração de John D.Rockefeller (o Bill Gates da época)
que a capacidade de lidar bem com as pessoas era mais valiosa do que todas as
outras juntas, mas mesmo assim era surpreendente o fato de que ele não
conseguia achar nenhum livro sobre o assunto. Carnegie e seu pesquisador leram
com avidez tudo o que conseguiram encontrar sobre relações humanas, incluindo
Filosofia, decisões judiciais na vara da família, artigos de revistas, textos
clássicos, os trabalhos mais recentes em Psicologia, e biografias – especialmente
sobre a vida daqueles reconhecidos por excelência em liderança. Carnegie
aparentemente entrevistou dois dos inventores mais importantes do século XX,
Marconi e Edson, bem como Franklin D.Roosevelt e até os atores de cinema Clark
Gable e Mary Pickford.
Capacidade de lidar bem com as pessoas |
Um
conjunto de ideias básicas emergiu dessas pesquisas. Escrito originalmente como
uma breve palestra, essas ideias foram testadas incansavelmente no "laboratório
humano" de participantes dos cursos de Dale Carnegie, antes de surgir,
quinze anos mais tarde, na forma de "princípios" em 'Como fazer amigos e influenciar pessoas'.
Independentemente do que disserem sobre o livro, ele não foi escrito por mero
capricho, mas sim no sentido de educar qualquer pessoa em uma das áreas mais difíceis
que existe: as relações humanas.
Os
princípios abordados em 'Como fazer
amigos e influenciar pessoas' funcionam? No início do livro, Carnegie dá o
exemplo de um homem que havia feito a
gestão de seus mais de trezentos funcionários sem qualquer piedade,
aparentemente o símbolo de um chefe idiota que era incapaz de dizer algo
positivo sobre os próprios parentes. Mas após participar de um curso com Dale
Carnegie e aplicar o princípio "Não critique, não condene, não se queixe",
ele foi capaz de transformar "314 inimigos em 314 amigos", inspirar
uma lealdade anteriormente inexistente e, ainda por cima, aumentar os lucros de
sua empresa. Além disso, Carnegie nos diz: "A família passou a gostar mais
dele, ele conseguiu ter mais tempo para o lazer e permitiu sua visão de vida
ser 'alterada drasticamente'".
Lealdade |
O
que mais animou Carnegie não foram as histórias de carreiras beneficiadas ou os efeitos financeiros de seus cursos, mas como os cursos fizeram as pessoas
abrirem os olhos e remodelarem suas vidas. As pessoas começaram a ver que
poderia haver mais leveza na vida, que não era mais vista como uma luta diária,
ou um jogo de poder.
O
segundo capítulo do livro tem início com uma citação do filósofo
norte-americano John Dewey, que fala que o anseio mais profundo na natureza
humana é o desejo de ser importante. Carnegie também observou que além do sexo,
o principal desejo era o de ser grande; Lincoln disse que, era o desejo de ser
apreciado.
Ser importante |
A
pessoa que realmente entende essa ânsia por apreciação, também saberá como
fazer as pessoas felizes – "até mesmo quem corre riscos se arrependerá
quando morrer". Tal pessoa também vai saber como extrair o melhor dos
outros. Dale Carnegie adorava contar histórias de sucesso de grandes
industrialistas de sua época. Charles Schwab foi a primeira pessoa a ganhar um
milhão de dólares por ano, gerenciando a United
States Steel Company de Andrew Carnegie. Ele confidenciou que o segredo do seu sucesso era ser "sincero na minha aprovação e generoso nos meus elogios"
às pessoas que trabalhavam para ele. Valorizar os funcionários, fazê-los
sentirem-se especiais no esquema das coisas é agora visto como algo sábio nos
círculos de gestão, mas na época de Andrew e Dale Carnegie, não era.
Sentir-se especial |
Ao
mesmo tempo, Dale Carnegie era fortemente contra a bajulação. Esta envolvia
simplesmente imitar as vaidades do receptor, enquanto que um elogio sincero aos
pontos positivos de alguém configurava um ato de gratidão, que requer que
vejamos realmente essa pessoa, talvez pela primeira vez. Um dos efeitos é que
passamos a ser mais valiosos para essas pessoas e a expressão de valor só
aumenta o nosso próprio valor. Obtemos prazer inestimável ao ver uma luz se
acender, e no local de trabalho, a existência de uma testemunha surpresa com o
fato de a cooperação nascer do tédio ou da desconfiança. O princípio "elogie
sincera e honestamente" de Dale Carnegie, trata-se, em última instância de
ver a beleza das pessoas.
Reconhecimento de valor |
O
livro lista 27 princípios, mas a maioria segue a lógica dos dois primeiros: (1)
"Não critique, não condene, não se queixe" e (2) "Faça um elogio
honesto e sincero". Eles incluem:
•
Desperte na outra pessoa um desejo ardente.
•
Torne-se verdadeiramente interessado nos outros.
• Sorria.
•
A única forma de obter o melhor de uma discussão é evitá-la.
•
Mostre respeito pelas opiniões dos outros. Nunca diga "você está errado".
•
Se estiver errado, admita rápida e enfaticamente.
•
Comece de forma amigável.
•
Deixe a outra pessoa conduzir boa parte da conversa.
•
Apele para motivos mais nobres.
•
Dê aos outros uma boa reputação.
Interesse-se sinceramente pelos outros |
Embora
fácil de imitar, o livro em si é realmente engraçado – algo bastante raro na
escrita de desenvolvimento pessoal. Carnegie usou todo o seu arsenal
humorístico para torna-lo um texto que realmente nos atraí. Um dos princípios
mais famosos é: "Lembre-se de que o nome de uma pessoa significa para ela
o som mais doce e mais importante em qualquer idioma".
'Como fazer amigos e influenciar pessoas'
será lido por mais cinquenta anos porque fala essencialmente sobre pessoas, um
assunto que assumimos que sabemos muito, mas, invariavelmente, não sabemos.
Antes de livros como esse, pensava-se que lidar com as pessoas era uma
habilidade natural – ou você tinha ou não. O livro coloca na mente das pessoas
o fato de que as relações humanas são mais compreensíveis do que pensamos e que
as habilidades das pessoas podem ser sistematicamente aprendidas. Ele também
conduziu a afirmação, em oposição direta à reputação do livro, de que não
influenciamos alguém de verdade até que verdadeiramente gostemos e respeitemos
essa pessoa.
Sobre pessoas |
Quando
a Natureza quer fazer um Homem
poesia
de Angela Morgan
Quando
a Natureza quer provar um Homem,
E
experimentá-lo.
Quando
a Natureza quer formar um Homem
para
desempenhar o papel mais nobre;
Quando
se empenha de todo o seu coração
Para
criar um Homem tão grande e tão digno
Que
todo o mundo dele se orgulhe...
Observemos
os seus métodos e os seus meios;
Com
que impiedade aperfeiçoa
Aquele
que elegeu.
Como
o ataca e como o fere,
E
com que golpes violentos
Leva-o
a moldes que apenas Ela entende.
Enquanto
ele clama na sua tortura e ergue as mãos suplicantes!
Como
a Natureza curva, mas sem destruir,
Como
procura o seu bem
Como
trabalha aquele que elege!
Modela-o
por todos os fins;
Por
todas as artes o induz
A
mostrar o seu esplendor.
A
Natureza sabe o que faz!
Quando
a Natureza quer fazer um Homem,
Despertar
um Homem,
Para
cumprir a vontade do futuro,
Quando
procura com toda a sua arte,
E
se esforça com toda a sua alma,
Para
cria-lo grande e completo...
Com
que astúcia o prepara,
Como
o atormenta e jamais o poupa,
Como
o exaspera e o aflige,
Como
o faz nascer na pobreza...
Quantas
vezes desaponta
Aquele
que sagrou
Com
a prudência o oculta,
Como
o torna obscuro,
Conquanto
o seu gênio soluce de humilhado, e seu orgulho jamais esqueça!
Mando-o
lutar mais arduamente ainda.
Isola-o,
De
modo que lhe cheguem apenas
As
altas mensagens de Deus.
De
modo a poder ensinar-lhe
O
que a Hierarquia planejou.
Conquanto
ele não compreenda,
Dá-lhe
paixões a dominar;
Com
que impiedade o esporeia,
Com
que tremendo ardor o instiga
Quando
o elege cruelmente!
Quando
a Natureza quer dar nome a um Homem,
Dar-lhe
fama,
E
domá-lo;
Quando
a Natureza deseja dar-lhe brio,
Para
fazer o melhor que pode...
Quando
realiza a mais elevada prova,
Quando
deseja um deus ou um rei,
Como
o domina, como o restringe,
De
modo que ele mal se contém
Quando
ela o instiga e inspira!
Conserva-o
desejando, sempre ardendo por um objetivo inatingível...
Castiga
e lacera a sua alma.
Lança
um desafio ao seu espírito,
Ergue-o
quando ele se aproxima:
Faz
uma selva para que ele a desbrave;
Faz
um deserto para que ele o tema,
E
o vença, se puder...
Assim
faz a Natureza um Homem.
Então,
para provar a sua paciência,
Atira
uma montanha em seu caminho...
Põe-no
num dilema
E
olhando-o impiedosamente:
"Sobe
ou morre!" diz-lhe ela...
Observemos
o seu propósito, os seus meios!
A
Natureza tem um plano maravilhoso,
Pudéssemos
nós entende-la...
Loucos
são os que a chamaram de cega!
Quando
o eleito tem os pés feridos e sangrando,
O
seu espírito paira nas alturas,
E
com seu alto poder rapidamente
Abre
novos caminhos magníficos;
Quando
essa força divina
O
desafia a cada fracasso e o seu ardor ainda é o mesmo
E
o amor e a esperança ardem em presença da derrota...
Oh!
A crise, o clamor!
Que
apelam por um líder,
Quando
um povo precisa ser salvo,
E
então que ele surge como um guia,
E
que o seu plano a Natureza mostra
E que o mundo encontra um
HOMEM!
--
Um pouco mais:
Quociente emocional
http://jrmilton.blogspot.com.br/2015/03/quociente-emocional.html
Uma Personalidade Agradável
http://jrmilton.blogspot.com.br/2013/01/uma-personalidade-agradavel.html
Gradeza
http://jrmilton.blogspot.com.br/2013/04/grandeza.html
A Arte da Guerra
http://jrmilton.blogspot.com.br/2014/02/a-arte-da-oposicao-constante.html
Excelência
http://jrmilton.blogspot.com.br/2013/11/excelencia.html
Aprender com a Adversidade
http://jrmilton.blogspot.com.br/2013/01/aprender-com-adversidade.html
--
Um pouco mais:
Quociente emocional
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Uma Personalidade Agradável
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Gradeza
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A Arte da Guerra
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Excelência
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Aprender com a Adversidade
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