TAO, é o 'Caminho', são várias mentes com um único ideal. O 'Caminho' que faz o pensamento de muitos, estar em completa harmonia com o Um, levando-os a conseguir seus objetivos sem temer nenhum risco. Sun Tzu
As
descrições de matéria e realidade nos dois domínios o impressionaram muito, como sendo
extraordinariamente similares, mas ninguém parecia ter feito essa ligação. Não foi
a física regular clássica, mas a relativamente nova ciência quântica que
estimulou sua comparação, que parecia retornar a uma compreensão do mundo a
qual – para olhares convencionais – só poderia ser descrito como místico.
'O Tao da física: um
paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental' ajudou a criar um novo gênero de escrita que estabeleceu a interligação entre
ciência e espiritualidade, e é, ainda, uma obra de referência, pois carrega o
entusiasmo de ligações antes despercebidas. Publicado em uma época em que a
ciência e a tecnologia pareciam ter triunfado, o livro foi uma surpresa, porque
revelou que a ciência moderna estava em conflito com estranhos fenômenos físicos,
os quais a literatura espiritual parecia ter descrito e explicado séculos
antes.
Capra
observa que o universo imaginado por Isaac Newton no século XVII era mecânico,
uma grande máquina composta de objetos que se movimentam, os quais, se você
soubesse suas regras, eram plenamente previsíveis. Tudo acontecendo dentro
deste universo tinha um motivo definido, e todo evento tinha certo impacto.
Tempo e espaço eram distintos, e, caso se observasse com atenção o suficiente,
toda matéria poderia ser decomposta até seus elementos estruturais
fundamentais.
Newton, de William Blake (1795) |
Tudo é energia |
•
Eles não podiam prever quando certo evento subatômico ocorreria, apenas notar a
probabilidade de sua ocorrência.
•
Algumas vezes, as partículas aparentavam ser, para o observador, partículas;
outras vezes, padrões ondulatórios.
•
Partículas não eram objetos na acepção newtoniana, mas, de certa forma,
indicações observáveis de reações e interconexões.
•
Partículas não colidiam umas nas outras enquanto mantinham suas propriedades
essenciais, mas absorviam e trocavam propriedades umas das outras.
•
Partículas só poderiam ser compreendidas nos termos de seu meio, e não como
objetos isolados.
Uma rede complexa de interações |
Mas,
para introduzir um dos muitos paradoxos da ciência quântica, o "espaço
vazio" tem uma característica quase viva, e partículas podem
espontaneamente aparecer, sem razão aparente. Como Capra explica: "A
matéria revelou-se, nestas experiências, como completamente mutável. Todas as
partículas podem ser transformadas noutras; podem ser criadas a partir de
energia e podem acabar em energia". Nesses campos de força de partículas
subatômicas, a distinção entre a matéria e o vazio ao redor dela se torna
indistinta, e o vazio em si se torna importante. Agora se compreende o estar em
movimento, e formas físicas são "meras manifestações transitória do Vazio
subjacente".
Durante
suas leituras das cosmologias do hinduísmo, do taoísmo e do budismo, Capra
percebeu que suas descrições de como o universo opera eram semelhantes às
descobertas esquisitas e aos aparentes paradoxos da mecânica quântica. Essas religiões,
muito mais antigas que a física newtoniana, tinham, há muito, incorporado o
mito da solidez e permanência.
Vishnu sonha o universo |
Transitório |
O nada não é vazio |
O yin e yang da religião chinesa representa forças aparentemente opostas
(feminino – masculino; intuitivo – racional; luz – escuridão; etc.), mas que,
na verdade, são complementares, cada uma precisando da outra para existir.
Capra observa que o objetivo do misticismo oriental, seja o hinduísmo, o
budismo ou o taoísmo, é, enfim, reconhecer que o universo é um todo
indivisível, a despeito da aparência de ser uma profusão de objetos separados.
Yin e Yang |
O que isso tudo significa para nós, diretamente? A divisão de
Descartes entre mente e matéria nos leva a pensar em nós mesmos como egos
separados dentro de corpos individuais. Mas Capra diz que esta separação consciente
de nós próprios do mundo cria um senso de fragmentação, no qual temos uma
multiplicidade de crenças, dons, sentimentos e atividades.
No budismo, há uma palavra para esta perspectiva da vida, em que nos
fazemos um ego isolado: avidya ou "ilusão".
A obra hindu Bhagavad Gita diz: "Todas as ações têm lugar no tempo pela
conjugação das forças da natureza, mas o homem, perdido no engano egoísta,
pensa que ele mesmo é o agente". E considere este verso dos Upanishads: "Quando
a mente está perturbada, a multiplicidade das coisas é produzida, mas quando a
mente está silenciada, a multiplicidade das coisas desaparece".
Multiplicidade da Individualidade |
Se você aceitar apenas um ponto de 'O
Tao da física', será o de que a ciência moderna valida, de modo crescente,
mas concepções espirituais ou místicas do universo.
Capra prova seu ponto de que ambos, o místico e o cientista, são
observadores da natureza e os dois relatam suas descobertas na linguagem que
conhecem. Considerando que estas linguagens são bastante diferentes, a
extraordinária similaridade em suas descrições sugere que estamos mais perto de
saber o que move o universo. 'O Tao da física' é capaz de transmitir que o
universo é muito mais estranho que imaginávamos, ou pelo menos mais estranho
que a física convencional imaginava, apesar de, ao mesmo tempo, mostrar que a
humanidade há muito produziu correto conhecimento de seus padrões no mito, na religião
e na arte. A física de Newton queria explicações causais ordenadas para tudo,
mas a religião sempre soube que a divindade se movimenta de maneira misteriosa
e aparentemente milagrosa. Para formular de outra forma, o que para a ciência é
mágico, do ponto de vista espiritual é apenas como as coisas são.
Cientificamente espiritual |
poesia de Lao-Tsé
O que é imperfeito será perfeito;
O que é curvo será reto;
O que é vazio será cheio;
Onde há falta haverá abundância;
Onde há plenitude haverá vacuidade.
Quando algo se dissolve, algo nasce.
Assim, o sábio,
encerrando em si a alma do Uno,
se torna modelo do Universo.
Não dá importância a si mesmo,
e será considerado importante.
Não se interessa por si mesmo,
e será venerado por todos.
Nada quer para si,
e prospera em tudo.
Não pensa em si,
e é superior a tudo.
E, por não ter desejos,
é invulnerável.
Por isto, há muita verdade
no velho ditado:
Quem se amolda é forte.
É esta a meta suprema
da vida humana.
--
Quem Somos Nós?
https://archive.org/details/QuemSomosNos
Um Feixe de Luz
http://jrmilton.blogspot.com.br/2012/04/um-feixe-de-luz.html
Palavras sem tempo
http://jrmilton.blogspot.com.br/2011/12/palavras-sem-tempo.html
O Retorno do Mestre
http://jrmilton.blogspot.com.br/2010/09/o-retorno-do-mestre.html
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