sexta-feira, 27 de outubro de 2017

The End

8 anos
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1 certeza: Valeu a pena =)
Quando uma porta se fecha, outra se abre
Nótlim Jucks está estudando; se dedicando a sua reforma íntima, mas continua extremamente influente em minha vida.

O velho Ibrahim 'Issa' Talmur fez a passagem para o plano espiritual em 18 de maio deste ano; foi um imenso prazer, dividir um planeta e uma época com esse notável mestre.

Foram tantas histórias, vários personagens, muitas reviravoltas... desde os 'Contos Crônicos e as Pinturas que Falam'... até 'A Teoria do Sucesso Irrestrito'... uma viagem pela poesia, literatura, espiritualidade, desenvolvimento pessoal e tantos outros assuntos =)

Encerro o blog como o iniciei 8 anos atrás, com a 'Viagem pelos Sonhos', obrigado por ter me permitido compartilhar uma ideia com você; o Mirtu's Blog foi um refugio, foi um amor correspondido e parafraseando Fabiana Riboldi: "Deixo-o em liberdade. Se voltar, foi porque precisei. Se não voltar, foi porque precisei". Um grande abraço ;-)

Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Cintilante como o brilho do orvalho na rosa.
Da rosa vermelha, da rosa dos ventos;
ventos que me levam pelos sonhos;
sonhos de um devaneio.

Devaneios de amor.
Devaneios de criança.
Devaneios do amor dos sonhos de uma criança.

Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Não tão cintilante como antes, pois o antes;
o antes se foi, e o agora começou.
Começou e tudo mudou;
mudou os sonhos de um devaneio.

Devaneios de glória.
Devaneios de riqueza.
Devaneios da glória das riquezas de um homem.

Viajei pelos sonhos em um devaneio cintilante.
Devaneio que se perdeu pelo caminho;
caminho há muito traçado;
traçados pelas glórias e riquezas de um homem;
um homem sem os sonhos de um devaneio.

Devaneios perdidos.
Devaneios de um retorno.
Devaneios de retornar ao momento em que tudo mudou
e a criança o devaneio perdeu.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O céu e suas maravilhas e o inferno

O céu não está localizado no alto, mas onde o bem do amor está, e isso reside dentro das pessoas, onde quer que ele ou ela possam estar.  Emanuel Swedenborg
Tomé estupefato, de Rembrandt
Hoje o Mirtu's blog inicia uma de suas jornadas mais intrigantes, e assim como eu tentarei percorrer estes novos caminhos, lhe convido a vir comigo nesta aventura do conhecimento e da descoberta. Para começarmos então, vamos apreciar a sapiência de Tom Butler-Bowdon que condensa e explica um dos livros precursores do espiritualismo moderno, sendo assim, vamos conhecer o magnifico livro: "O céu e suas maravilhas e o inferno", de Emanuel Swedenborg.

O primeiro impulso
Emanuel Swedenborg
Durante mais da metade de sua vida, Emanuel Swedenborg fora conhecido por seu trabalho em ciências e engenharia, e escreveu abundantemente sobre metalurgia, matemática, fisiologia, anatomia e assuntos náuticos. Mas, passados seus cinquenta anos de idade, este "Aristóteles do norte" (ele era sueco) teve um despertar espiritual profundo, que o transformou de cientista em visionário. Depois desse momento, sua fida foi devotada àquilo que ele tinha testemunhado durante seus estados meditativos visionários e a revelar novas interpretações da Bíblia.
Carta Náutica de Swedenborg,
em sua Opera Philosophica et Mineralia de 1734
O que faz Swedenborg interessante é que, mesmo com este conhecimento espiritual, ele não abandonou a sua habilidade como um observador científico, mas simplesmente a transferiu para o mundo não físico. Seu tom seco e direto parece atravessar a superstição e o mistério que o cristianismo tinha construído ao redor de seus ensinamentos, e, como resultado, seu nome foi geralmente observado com desconfiança e preocupação no mundo cristão do século XVIII. Quando você lê o "O céu e suas maravilhas e o inferno" dele, é uma surpresa não encontrar as conjecturas teológicas que poderia esperar de um livro dessa época. Em vez disso, você tem uma descrição objetiva e bastante convincente, lembrando um guia de viagens, de reinos celestiais. "O céu e suas maravilhas e o inferno" é de leitura surpreendentemente fácil por esta razão e deveria ser adquirido por qualquer um com interesse em assuntos sobre a vida após a morte.
O 1º Guia dos Mochileiros das Galáxias
A estrutura do céu

Parte do propósito de Swedenborg era acabar com o mito de que o céu é alguma massa amorfa de montes de nuvens e espíritos. Suas jornadas psíquicas revelaram que a vida após a morte era um reino de grande ordem, com diferentes regiões, planos e sociedades. Como um homem de ciência, ele estava interessado em descrições precisas. Ele expõe os seguintes pontos:
O céu não é alguma massa amorfa, muito pelo contrário.
O céu tem dois reinos: o reino celestial e o reino espiritual. Anjos no reino celestial (onde Deus mora) são de um tipo mais elevado, aceitando a verdade de Deus instintivamente e, portanto, apreciando o amor celeste. Eles são intimamente ligados ao Senhor. Anjos no reino espiritual são mais preocupados com o amor pelo seu próximo. Seu amor por Deus vem através do pensamento e da memória, deixando-os a um passo de distância de Deus.
Os portões do reino celestial
Há, na verdade, três céus: um íntimo, um médio e um último céu. A mente e o espírito de uma pessoa estão organizados da mesma maneira, então somos todos representações da estrutura do céu. Na morte, somos recebidos por anjos do último e do médio céus, dependendo de quanto aceitamos o bem e a verdade. Para aqueles no céu mais íntimo, nunca houve qualquer disparidade entre valorização direta da verdade e agir de acordo com esta verdade.
Estrutura básica das dimensões, ou planos
A luz no céu varia de acordo as diferentes sociedades. Quanto mais para o interior e próximo ao centro do céu você alcança, mais pura a luz é. Quanto mais distante, tanto mais grosseiras as coisas são, mas ainda são banhadas na luz do céu, que não é nada como a da Terra. E o céu funciona como uma unidade, como cada elemento se reunindo para formar o todo, mas, ainda assim, com cada elemento sendo uma representação do todo. Como Swedenborg explica: "Cada sociedade é o céu na menor forma e cada anjo o é na mínima forma". O princípio do "muitos formam Um" é o princípio de Deus.
Vista área de uma cidade do reino espiritual,
organizada em um todo.
Há uma clara separação entre os céus. Alguém que já se encontra em um dos céus não pode realmente entrar em outro. Se você tentar ir a um plano mais puro e não pertencer àquele plano, só vivenciará dor ao passar para ele. E sendo um reino de puro amor, espíritos não podem esconder nada um do outro. "Ter uma face diferente da de suas afeições não é possível no céu". No aspecto material, o céu é uma comunidade onda tudo é dividido.
Para alcançar um plano mais puro é preciso passar por aprendizados,
e muitas vezes o desejo de estar com um ente querido
que se encontra em outro plano, é o que motiva o espírito a evoluir.
A vida dos anjos

Muito do conhecimento de Swedenborg sobre o céu foi adquirido por conversas com anjos, que notam que as pessoas na Terra vivem em "cega ignorância" a respeito do mundo espiritual. Eles ficam estupefatos que muitos – particularmente as pessoas engenhosas e intelectuais, que baseiam crenças apenas em informações sensoriais – não acreditem que eles existem. Mas são as pessoas simples, que apoiam suas crenças em sentimentos internos da verdade, que estão certas. Swedenborg confirma que anjos são tão reais quanto pessoas na Terra. Alguns pontos:
Se pudéssemos ver os anjos
Anjos têm ego, assim como os humanos, e o amor deles pelo ego pode, por um tempo, volta-los para longe do amor de Deus. Anjos passam por mudanças na condição, ou estado – agradável, desagradável, etc. – dependendo de sua exposição ao amor celeste e à luz. Quando estão em um estado do ego, ficam deprimidos: "para eles, o céu é que sejam mantidos afastados de seus 'egos'".
Anjos têm poder, mas sua força depende
da proporção com a qual eles admitem que esta vem de Deus,
e não deles mesmos.
● No céu, as vestimentas dos anjos correspondem à sua inteligência: quanto mais inteligentes, tanto mais radiantes as vestimentas. Pessoas no inferno se vestem em trapos. E os Anjos vivem em lindas casas e têm jardins. Isto explica por que, na Terra, jardins sempre foram símbolos da paz e da beleza do céu.
As casas dos anjos são harmônicas.
● Anjos têm pouca compreensão do espaço e do tempo, porque essas dimensões não existem como na Terra. Para humanos, tudo ocorre de acordo com o tempo, em sequência, mas, no céu, o que importa é a condição: "Por eternidade, os anjos percebem um estado infinito, e não um tempo infinito". Nossos pensamentos são limitados porque envolvem tempo e espaço, mas seres celestiais são mental e espiritualmente ilimitados, porque transcendem o tempo e o espaço.
Os anjos percebem um estado infinito, e não um tempo infinito.
O bem e a verdade

Aquelas pessoas que se encontram no céu são aquelas atraídas a coisas boas e verdadeiras por elas próprias. Pessoas que amam a si mesmas mais que ao bem e à verdade se encontram no inferno. Este é o significado de Mateus 6:33 "Buscai primeiro o reino de Deus e Sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas".
A primeira porta se abre ao bem e a verdade.
Cada pessoa na Terra, descobriu Swedenborg, tem dentro de si uma "passagem" em seu corpo pela qual Deus flui. Apenas humanos possuem isso. Depende de nós aceitarmos o amor, a inteligência e a sabedoria que flui nesta parte mais elevada de nós. Pensamos que nossas intenções pertencem a nós, mas Deus ajuda a implantá-las, para que possam desenvolver o pensamento e a ação. Novamente, podemos nos combinar com essas boas intenções ou rejeitá-las.
Uma passagem pela qual Deus flui
Em diversas ocasiões no "O céu e suas maravilhas e o inferno", encontramos esta ênfase em intenção, pois foi dito a Swedenborg que aquilo que intencionamos mais que qualquer outra coisa, define quem somos. Este "amor dominante", como ele chamou, é de grande importância porque é o que determina a qualidade de nossa vida e da comunidade em que viveremos no mundo espiritual.
Que sua intenção seja AMOR
Ele faz uma distinção crucial: há aqueles que buscam o bem e a verdade, e então há aqueles que buscam por si próprios, sob a aparência de buscar o bem e a verdade. Aquele primeiro irá agir genuinamente pelo bem do todo, sem se preocupar com os resultados, estes últimos agirão pelo bem desde que atinjam seus objetivos próprios.
Uma mulher estava viajando por uma cidade estranha quando ladrões a
assaltaram e roubaram sua bolsa, seus cartões de crédito e RG,
deixando-a jogada na rua. Um sacerdote a viu deitada ali e passou. 
Uma senhora veio – ela era muito rica e membro de uma Liga 
Junior de Voluntárias – e como estava atrasada para uma nomeação, 
somente alimentou alguns cães e apressou-se a ir embora.
Em tempo, alguém que não ia à igreja e não tinha uma classe social
definida, viu a estranha caída na rua. Ele curou suas feridas,
conseguiu um quarto de hotel para ela e lhe pagou as contas.
Ricos no céu

As pessoas acham que a vida de um ascético ou eremita é o caminho para Deus, mas foi dito a Swedenborg que tais pessoas são frequentemente muito pesarosas e não se preocupam verdadeiramente com as outras pessoas. Em contrapartida, há muitas pessoas de negócios, que vivem uma vida muito terrena, continuando seus comércios e comendo e bebendo bem. Elas não têm problemas em entrar no céu se vivem em boa consciência, reconhecendo Deus primeiramente e fazendo o bem ao seu próximo. A conclusão de Swedenborg é interessante: "O homem somente pode ser formado para o céu por meio do mundo". A pessoa espiritual pode querer escapar do tumulto da vida para ficar a sós com Deus, mas, na verdade, a razão pela qual temos vidas terrenas é para nos atirarmos no turbilhão e fazer o bem que pudermos dentro dele.
Fazer o bem que pudermos.
A Bíblia diz: "Mais fácil é um camelo passar pelo furo da agulha que o rico entrar no reino de Deus". Sempre genial na interpretação bíblica, Swedenborg comenta que o camelo representa conhecimento e informação, e que o furo da agulha se refere às verdades espirituais. Excesso de confiança arrogante e amor-próprio, simbolizados pelo homem rico, nunca agradarão a Deus, enquanto uma pessoa de fé e confiança simples fará uma fácil transição ao mundo espiritual.
O conhecimento e as verdades espirituais.
Enfim...

Seria o "O céu e suas maravilhas e o inferno" simplesmente o produto de uma imaginação fértil? Assumir que sim daria a Swedenborg pouco crédito, tendo em mente que ele era um cientista de importância e não mostrava sinais de deterioração mental, antes ou depois de ter suas visões. Restringidos por nossos cinco sentidos normais, pode ser difícil aceitar que um homem maduro tivesse conversas com anjos e com os espíritos de Cícero e Lutero, mas seu livro deve ser observado no contexto de uma tradição antiga de uma pessoa com poderes especiais, ou "sexto sentido", sendo capaz de relatar posteriormente a jornada através do espaço e do tempo. Maior reconhecimento dos poderes de Swedenborg veio após um incidente, no qual ele estava jantando com amigos em Gotemburgo e declarou com espanto que um grande incêndio tinha começado em Estocolmo (a cerca de 480 km de onde ele estava). Alguns dias mais tarde, um mensageiro trouxe oportunamente notícias do incêndio, exatamente como Swedenborg tinha descrito. 
O incêndio no Palácio de Estocolmo
confirmou a fidedignidade de Swedenborg
"O céu e suas maravilhas e o inferno" contém muitos enunciados que contestavam dogmas da igreja, mas o histórico científico de Swedenborg, combinado com sua consciência, compeliram-no a declarar exatamente o que tinha visto. O que ele descobriu foi que as pessoas de simples fé – que o tempo todo acreditaram no céu e tentaram melhorar suas vidas em relação àquela crença – estavam certas, enquanto os cristãos intelectuais, que tinham "crescido para além" de tais noções, estavam errados.

Receber na alma
poesia de Ismália

Ó Senhor supremo de todos os mundos

E de todos os seres,
Recebe, Senhor.
O nosso agradecimento
De filhos devedores do Teu amor!
Dá-nos Tua bênção,
Ampara-nos a esperança,
Ajuda-nos o ideal
Na estrada imensa da vida...
Seja para o Teu coração,
Cada dia,
Nosso primeiro pensamento de amor!
Seja para Tua bondade
Nossa alegria de viver!...
Pai de amor infinito
Dá-nos Tua mão generosa e santa.
Longo é o caminho.
Grande o nosso débito,
Mas inesgotável é a nossa esperança.
Pai amado,
Somos as Tuas criaturas,
Raios divinos
De Tua divina Inteligência.
Ensina-nos a descobrir
Os tesouros imensos
Que guardaste
Nas profundezas de nossa vida,
Auxilia-nos a acender
A lâmpada sublime
Da sublime procura!
Senhor,
Caminhamos contigo
Na eternidade!...
Em Ti nos movemos para sempre.
Abençoa-nos a senda,
Indica-nos a sagrada Realização,
E que a glória eterna
Seja em Teu eterno trono!...
Resplandeça contigo a infinita Luz,
Mane em Teu coração misericordioso
A soberana Fonte do Amor,
Cante em Tua Criação infinita
O sopro divino da Eternidade.
Seja a Tua bênção
Claridade aos nossos olhos,
Harmonia ao nosso ouvido,
Movimento às nossas mãos,
Impulso aos nossos pés.
No amor sublime da Terra e dos Céus!...
Na beleza de todas as vidas,
Na progressão de todas as coisas,
Na voz de todos os seres,
Glorificado sejas para sempre,
Senhor.
--
Referência bibliográfica:

Swedenborg, Emanuel. O céu e suas maravilhas e o inferno 
Xavier, Francisco Cândido; (espírito), André Luiz. Os Mensageiros 

domingo, 19 de março de 2017

Desenvolvimento Moral

Faça aos outros o que você gostaria que fizessem para você.  (Mateus 7:12)
Orientação Moral
Após assistir uma palestra sobre "Desenvolvimento Moral das Organizações", eu vinha imaginando como passar adiante o essencial do conteúdo da palestra; um resumo sobre: desenvolvimento moral. Então esta publicação é sobre esse conteúdo que mudou radicalmente a maneira como eu analiso o meu comportamento e o das pessoas no dia a dia. Aprecie:
Desenvolvimento Moral das Organizações
O desenvolvimento moral envolve pensamentos, comportamentos e sentimentos nos padrões de certo e errado. O desenvolvimento moral tem uma dimensão que diz respeito à relação do indivíduo consigo mesmo e uma dimensão que é relativa à sua relação com as outras pessoas. A primeira é a dimensão intrapessoal, que regula as atividades de uma pessoa quando ela não está engajada em interações sociais. A segunda é a dimensão interpessoal, que regula as interações sociais e media conflitos.

Entre 1958 e 1986 Lawrence Kohlberg formulou uma teoria sobre como as pessoas pensam sobre certo e errado. Ele propôs que o desenvolvimento moral está baseado primeiramente no raciocínio moral e se desdobra em uma série de estágios.
Certo e errado
O essencial no trabalho de Kohlberg sobre o desenvolvimento moral foram as entrevistas que ele realizou com diversas pessoas de diferente idades. Nestas entrevistas ele apresentava aos indivíduos uma série de histórias nas quais os personagens encaravam dilemas morais, como a seguir:

Na Europa, uma mulher estava perto de morrer devido a um tipo especial de câncer. Havia um medicamento que o médico achava que poderia salvar sua vida. Era uma substância nova que um farmacêutico havia descoberto recentemente. O medicamento era muito caro para ser preparado, mas o farmacêutico estava cobrando dez vezes o que o medicamento lhe custava para fazer. Ele gastava 200 dólares para compor o princípio ativo e cobrava 2 mil dólares por uma pequena dose do medicamento. O marido da mulher que estava doente, Heinz, procurou todas as pessoas que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas conseguiu apenas mil dólares, metade do que a dose custava. Ele contou ao farmacêutico que sua mulher estava morrendo e pediu que ele fizesse um preço mais barato ou deixasse que ele pagasse o resto depois. Mas o farmacêutico retorquiu: "Não, descobri o medicamento, e vou ganhar dinheiro com isso". Então, Heinz ficou desesperado e no momento oportuno arrombou a farmácia para roubar o medicamento para sua esposa. (Kohlberg 1969, p.379)
O Dilema de Heinz
Esta é uma das 11 histórias que Kohlberg criou para examinar a natureza do pensamento moral. Após os entrevistados lerem a história, lhes era feita uma série de perguntas a respeito do dilema moral: Heinz deveria ter roubado o medicamento? Por quê? É um dever do marido, roubar o medicamento para sua esposa se ele não conseguir de outra maneira? Um bom marido teria roubado? O farmacêutico tinha o direito de cobrar tanto, já que não havia nenhuma lei determinando um limite de preço? Por quê?
Decisão Moral
A partir das respostas dadas pelos entrevistados, a este e outros dilemas, Kohlberg levantou a hipótese de três níveis de desenvolvimento moral, cada um dos quais é caracterizado por dois estágios. Um conceito-chave na compreensão da progressão por meio dos níveis e estágios é que a moralidade dos indivíduos vai se tornando mais interna ou madura. Isto é, as razões para as decisões ou valores morais começam a ir além das razões externas ou superficiais. Assim, vejamos os estágios morais elencados por Kohlberg:

Nível 1: Raciocínio pré-convencional – é o nível mais baixo do desenvolvimento moral. Seus dois estágios são: (1) orientação à punição e obediência e (2) interesse pessoal.
Um homem que ama os outros baseado unicamente
na forma como o fazem se sentir, ou o que fazem por ele,
não ama realmente os outros,
mas ama apenas a si mesmo.  – Criss Jami
● Estágio 1. Orientação à punição e obediência é o primeiro estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, o pensamento moral geralmente está atrelado à punição. Por exemplo, uma criança obedece a um adulto com desejo de evitar um castigo; um crente segue uma instrução religiosa com medo de ir para o inferno. O que é certo e o que é errado estão baseados no que determina a autoridade, que no exemplo primeiro é uma ascendência adultícia, e no segundo uma ascendência religiosa.
"Se correr vai ser pior!"
Dúvida moral: "Vale a pena tentar?"
● Estágio 2. Interesse pessoal é o segundo estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, os indivíduos buscam seus próprios interesses, mas também permitem que os outros façam o mesmo. Assim, o que é certo envolve uma troca igualitária. As pessoas são gentis com as outras para que, em troca, as outras sejam gentis com elas. Esse estágio pode ser descrito como refletindo uma atitude de "O que eu ganho com isso?".
Repórter: "Nós vamos contar sua história para o mundo!"
Menino: "Sei! E o que eu ganho com isso?"
Nível 2: Raciocínio convencional – é o segundo nível, ou intermediário, da teoria do desenvolvimento moral. Aqui, os indivíduos cumprem determinados padrões (intrapessoais), mas estes são padrões de outras pessoas (interpessoais), como dos pais ou das leis da sociedade. No raciocínio convencional, os indivíduos desenvolvem expectativas quanto aos papéis sociais. O nível de raciocínio convencional consiste de dois estágios: (3) conformidade interpessoal e (4) moralidade de lei e ordem.
Até que eles se tornem conscientes, eles nunca se rebelarão
e depois de eles se rebelarem eles não poderão tornar-se conscientes.
George Orwell
● Estágio 3. Conformidade interpessoal é o terceiro estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, os indivíduos valorizam a confiança, o cuidado e a lealdade aos outros como base para seus julgamentos morais. O indivíduo percebe que faz parte de um grupo e quer ser visto como confiável. Para isso se coloca no lugar do outro, pratica a empatia com os componentes do grupo e assume como referencial as regras morais praticadas pelo grupo.
Fraternidade Universitária Lambda Lambda Lambda
● Estágio 4. Moralidade de lei e ordem é o quarto estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, os julgamentos morais estão baseados na compreensão da ordem social, da lei, da justiça e do dever. Por exemplo, os indivíduos podem dizer que, para que uma comunidade funcione com eficiência, ela precisa ser protegida por leis que são destinadas aos seus membros. Assim, no raciocínio moral do estágio 4, as pessoas se engajam em uma perspectiva que vai além das relações íntimas para entenderem a importância de serem bons cidadãos.
Moisés e as Tábuas da Lei
Nível 3: Raciocínio pós-convencional – é o nível mais alto da teoria do desenvolvimento moral. Nesse nível, a moralidade é mais interna. O indivíduo reconhece caminhos morais alternativos, explora as opções e então decide sobre um código moral. No raciocínio pós-convencional, os indivíduos se engajam em verificações deliberadas de seu raciocínio para se assegurarem de que ele corresponde aos altos padrões éticos. Não basta mais estar em conformidade com as leis, é necessário atender a princípios conscienciais de corretude, aos valores éticos. O nível pós-convencional de moralidade consiste de dois estágios: (5) contrato social e (6) consciência de princípios éticos universais.
Pirâmide Moral de Kohlberg
● Estágio 5. Contrato social é o quinto estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, os direitos e valores coletivos são construídos a partir de valores e direitos individuais, sendo garantida aos indivíduos a liberdade de concordarem ou discordarem. A vida e a liberdade são valores éticos básicos e devem ser apoiados, independentemente da maioria. Aqui vale o princípio "o maior bem para o maior número de pessoa". Neste estágio, a pessoa passa a usar o valor ético 'Justiça' para analisar questões morais. A 'Justiça' está acima da legalidade. Por conta do referencial usado para analisar temas morais ser um valor ético, este é o primeiro estágio a perceber que nem toda regra é justa.
Objetivos de bem-estar coletivo
● Estágio 6. Consciência de princípios éticos universais é o sexto e mais elevado estágio do desenvolvimento moral. Nesse estágio, os indivíduos racionalmente defendem que todas as pessoas são iguais perante os direitos humanos e respeitam a dignidade da pessoa humana enquanto indivíduo. Entende que é seu dever raciocinar através de princípios éticos universais e estabelece um compromisso para com eles. Assim, para cada problema moral em particular os princípios éticos servem de referência para definir o comportamento moral adequado para aquela situação. A pessoa estabelece um compromisso com a igualdade de direitos humanos para todos os seres humanos.
Proporção áurea
Ainda em relação ao desenvolvimento moral, não é possível regredir de um estágio para outro, pois são estágios de aprendizagem. Por exemplo, se num quarto escuro acendem um fósforo e então uma pessoa percebe que neste quarto há uma porta, duas janelas e uma cama. Depois, ao apagar-se o fósforo, a pessoa não vai esquecer o que viu. Mesmo no escuro o indivíduo continua sabendo que há uma porta, duas janelas e uma cama. Não há como apagar da memória o que foi aprendido. Então, quando a pessoa aprende a pensar de forma mais amadurecida, mais desenvolvida, é porque assimilou novas ideias e fez novas conexões, reestruturando sua forma de sentir, pensar e agir.
Uma mente que se abre
Ou como diria Albert Einstein: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original".

Contudo, também não é possível 'pular' um estágio moral. Por isso muitas vezes, por mais que as pessoas tentem se entender, elas não conseguem, pois uma pessoa no estágio de desenvolvimento moral 3, não consegue entender as razões de uma pessoa do estágio de desenvolvimento moral 5. Por exemplo, um político em estágio 3 considera certo receber recursos financeiros por meios duvidosos, desde que seu grupo considere correto essa prática; já um político em estágio 5 prefere não receber recursos financeiros se ele não sabe a procedência desses recursos. Para um, se quase todos fazem, deve ser certo; para o outro, se nem todos fazem, deve ter algo errado.
Os estágios de interesse pessoal e conformidade interpessoal
tendem a aceitar com mais facilidade atitudes antiéticas,
desde que condizentes com sua motivação.
Em linhas gerais, uma pessoa é capaz de entender o raciocínio moral de um estágio de raciocínio imediatamente superior ao seu, apesar de espontaneamente não praticar comportamentos característicos desse estágio de maior complexidade. Mas estando essa pessoa em constante contato com ambiente moral mais desenvolvido que o seu, tende ela a evoluir para o mesmo estágio do ambiente. Finalmente, a prática da solidariedade, da generosidade e da empatia são sinais inquestionáveis de amadurecimento emocional e moral.
Evolução Moral
Do mesmo modo, uma pessoa de um estágio de desenvolvimento moral superior, pode se comportar conforme um ambiente com raciocínio moral menos desenvolvido, porém, como dito anteriormente, uma pessoa não regride de estágio moral, o que acontece é que a pessoa se condiciona ao ambiente e experimenta um sofrimento psicológico muito grande por estar em dissonância ao ambiente; razão do grande número de perturbações orgânicas e psíquicas nas pessoas, associadas a stress, desmotivação, instabilidade emocional, fadiga, etc.
O ambiente é um componente atuante
no desenvolvimento moral, mas não é determinante.
Triste é que muitas pessoas não saem do estágio 1, não progridem no aprendizado. Não sendo assim, trabalhe seu desenvolvimento pessoal, trabalhe seu desenvolvimento moral; para o seu bem e de toda humanidade ;-)

O Canto de quem aprende e trabalha
poesia de Teresa, Judite, Iolanda e Lísias

Pai querido, enquanto a noite

Traz a benção do repouso,
Recebe, pai carinhoso,
Nosso afeto e devoção!...
Enquanto as estrelas cantam
Na luz que as empalidece,
Vem unir à nossa prece
A voz do Teu coração.
Não Te perturbes na estrada
De sombras do esquecimento,
Não Te doa o sofrimento,
Jamais Te firas no mal.
Não temas a dor terrestre,
Recorda a nossa aliança,
Conserva a flor da esperança
Para a ventura imortal.
Enquanto dormes no mundo,
Nossas almas acordadas
Relembram as alvoradas
Desta vida superior;
Aguarda o porvir risonho,
Espera por nós que, um dia,
Volveremos à alegria
Do jardim do Teu amor.
Vem a nós, pai generoso,
Volta à paz do nosso ninho,
Torna às luzes do caminho,
Inda que seja a sonhar;
Esquece, um minuto, a Terra
E vem sorver da água pura
De consolo e de ternura
Das fontes de nosso lar.
Nossa casa não Te olvida
O sacrifício, a bondade,
A sublime claridade
De Tuas lições no bem;
Atravessa a sombra espessa,
Vence, pai, a carne estranha,
Sobe ao cume da montanha,
Vem conosco orar também.
--
Referência bibliográfica:

Santrock , John W. Psicologia Educacional.
Kohlberg, Lawrence. Essays on Moral Development.
Jubram, Renata. Autonomia 360º - Saberes Aplicáveis na Liderança Atual.
Macêdo, Ivanildo Izaias de. O Amadurecimento Moral do INFERNO.
‎Xavier, Francisco Cândido; (espírito), André Luiz. Nosso Lar