segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Em transformação

O Mirtu's Blog está encerrando suas atividades em 2009, com um desejo de voltar em 2010 com muitas novidades, histórias para contar e poemas para encantar. Estamos planejando uma série de contos a serem publicados aqui, com intuito de alegrar, emocionar e transmitir algumas mensagens. Para isso estamos trabalhando para trazer novos poetas, novos contadores de histórias e fantasistas.

Em 2010 vamos tentar manter três séries regulares, duas semanais e uma quinzenal: "As aventuras de Nótlim Jucks", "Os amores de Jim Russovi" e "Os ensinamentos do mestre Issa". É um desafio para o Blog e para seu redator, visto que este estará envolvido em atividades acadêmicas, mas vamos nos esforçar. Para os que acham estranho, a pluralidade pessoal dos verbos, quando me referencio a nós, é relacionado a mim, ao poeta Nótlim Jucks e agora ao novo colaborador do Blog, meu mestre, o venerável Issa.

Então para encerrar o ano com chave de ouro, o Mirtu's Blog deixa uma pequena indicação para vocês; se puderem, assistam 'Avatar' de James Cameron. O filme em si é um emaranhado de clichês, mas não se prenda a isso, o filme é um deslumbre visual com uma mensagem subliminar (ou nem tão escondida assim). Publicamos aqui a carta do Chefe Seattle, escrita em nome dos índios da América do norte, ao presidente dos EUA – para dar um clima aos que pretendem ir ao cinema.

A todos, que em 2010 a vida lhes presenteie com gratas surpresas e lhes tornem pessoas cada vez mais prósperas e felizes. Esse é o nosso desejo para vocês!

Palavras do Chefe Seattle - 1852

O presidente em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra. Mas como pode comprar ou vender, o céu, a terra? Essa idéia é estranha para nós. Cada parte dessa terra é sagrada para meu povo. Cada agulha de pinheiro brilhante, cada grão de areia da praia, cada névoa na floresta escura, cada característica é sagrada na memória e na experiência do meu povo. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores são nossas irmãs. O urso, o veado, a grande águia são nossos irmãos. Cada reflexo na água cristalina dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos. Eles levam as nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se lhes vendermos nossa terra, lembrem-se de que o ar é precioso para nós e compartilha seu espírito com as formas de vida que sustenta. O vento que deu ao nosso avô o seu primeiro alento recebe também, o seu último suspiro. Sabemos que a terra não pertence ao homem. O homem pertence à terra. Todas as coisas são interligadas, como o sangue que nos une. O homem não tece a teia da vida. Ele é apenas um fio dela. O que fizer à teia fará a si mesmo. O destino de vocês é um mistério para nós. O que vai acontecer quando todos os búfalos forem sacrificados? O que vai acontecer quando os recantos secretos da floresta estiverem passados com o odor de inúmeros homens e a vista das colinas verdejantes se macular com os fios que falam? Será o fim da vida e o começo da sobrevivência. Quando o último pele-vermelha sumir com a natureza selvagem e sua lembrança for só a sombra de uma nuvem sobre a planície, essas praias e florestas ainda estarão aqui? Terá sobrado algum espírito do meu povo? Amamos a terra como o recém-nascido ama as batidas do coração da mãe. Se vendermos nossa terra, amem-na como nós a amamos, cuidem dela como nós cuidamos, preservem na mente a lembrança da terra, tal como ela estiver quando a receberem. Preservem a terra para as crianças e amem-na como Deus nos ama. Sabemos que só existe um Deus. Nenhum homem, vermelho ou branco pode viver isolado. No final das contas, somos todos irmãos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

É tempo de glória

Este ano foram encilhados 10 cavalos dos mais qualificados do mundo na pista do hipódromo. Havia dentre eles, pelo menos um Brumby, um cavalo de Przewalski, um Mustang, um Tarpan, um Árabe, um Espanhol, um Puro-Sangue e outros selvagens. Dentre os selvagens havia um de uma linhagem notável, porém não qualificado para o turfe, pois se tratava de um cavalo de uma linhagem de cavalos de guerra, que descendiam desde o garanhão Bucéfalo, passando pela mitológica égua Llamrei até chegar a Redmill, que foi encilhado junto aos 10.

Redmill apesar de não ser um cavalo de corrida, se esforçou ao máximo para vencer o grande prêmio, mas não obteve sucesso, terminando a corrida em último lugar. Apesar do péssimo resultado de Redmill a corrida foi um sucesso, os cavalos se valorizaram chegando quintuplicar de valor, com exceção do cavalo de guerra que chegou em último lugar.

Ao que agendaram nova corrida, Redmill se tornou o azarão que daria um lucro de 15 vezes o valor apostado, se alguém tivesse coragem de apostar em um cavalo lento.

Mais uma vez a corrida foi brilhante, os reluzentes cavalos passaram como raios pelas tribunas e Redmill quase os acompanhou em um extremo de vontade, mas seu peso e músculos o impediram de equiparar a velocidade dos demais e assim chegou mais uma vez em último lugar.

Ao final da corrida, quem passasse pelos estábulos notaria um animal, como posso dizer, contrariado. Mesmo sendo um animal, era nítida a frustração de Redmill ao final de mais uma corrida. Foi quando chegou um cavalheiro muito elegante para conversar com o dono de Remill, que apenas gesticulava e parecia irritado com o lindo cavalo. Ao final da conversa os dois homens se cumprimentaram e o mais elegante saiu puxando Redmill.

Quando o homem passou por mim com o cavalo, lhe perguntei: "Redmill não vai mais correr?" – e o homem abrindo um enorme sorriso me respondeu:

_ Redmill é um garanhão de guerra, sua linhagem é a mais notável do mundo. Por uma ignorância de seu ex-dono, ou apenas por uma má interpretação das qualidades do animal, ele achava que Redmill podia correr como os outros. O que desvalorizou nosso amigo aqui – disse alisando a crina do espetacular cavalo – permitindo que eu fizesse uma oferta para comprá-lo.
_ Mas o que será dele agora? – eu quis saber, devido ao encantamento que aquele animal produzia em mim.
_ Eu o levarei para minha fazenda, onde ele servirá como reprodutor, afinal não existem mais guerras em que estes notáveis cavalos precisem estar.
_ Mas se ele não serve pra correr, porque vai servir para reproduzir? – perguntei intrigado.
_ Redmill não é veloz, é potente e aguerrido, e minha égua Birrobek é uma formidável velocista Puro-Sangue de linhagem tão antiga quanto à de Redmill. Imagine o potro que nascerá desses dois! – concluiu sua explicação me olhando nos olhos de forma que eu pudesse entender o que ele estava querendo me dizer e partiu com o maravilhoso cavalo.

Bom, optei por narrar brevemente a história de Redmill como início do post de hoje, pois conversando com meu amigo Nótlim Jucks ele fez uma análise de si mesmo no ano de 2009, que considerei no mínimo peculiar.

Eu lhe perguntei outro dia: "Jucks, como foi esse ano para você?" e o poeta me respondeu "Começou bem, mas na virada para o segundo semestre as coisas desandaram um pouco e chego ao fim do ano me sentindo um cavalo azarão." – como não entendi o que ele quis dizer com "cavalo azarão" lhe inquiri:
_ Como assim?
_ Sabe, olhando meu ano e imaginando que eu fosse um cavalo. Se eu estivesse encilhado num hipódromo com outros 10 cavalos, eu não apostaria em mim. Estou me sentido sem valor, um azarão. – e ao dizer isso, fez uma cara de frustração.

No momento eu não soube o que dizer para meu valoroso amigo, mas hoje deixo a história de um fabuloso cavalo, que também foi azarão por um tempo, mas que num dia de frustração foi olhado com os olhos do pequeno príncipe e teve suas qualidades reconhecidas.

Um grande abraço Jucks! Abaixo publico mais um de seus poemas e que em 2010 continuemos amigos e parceiros nesta estrada. Beijo no teu coração.

É tempo de glória

Às vezes procuro algum motivo para continuar.
Então desço toda noite para contemplar
e ver se alguma estrela mudou de lugar.
Mas a noite às vezes está nublada
e não consigo ver se há algum brilho lá.
Ainda assim em meu coração eu sei que há,
isso já basta para me alegrar.

O mundo tem mudado diariamente
e eu tenho deixado meus sonhos passarem.
Acho que é chegado o momento de mudar.
O futuro é um espelho do que eu posso ser
apenas fazendo o meu melhor hoje.
Então é hora de mudar minhas chances
e voltar acreditar que há um caminho.

Pegue minha mão e sinta a magia desta noite.
Há um ar de esperança neste momento.
Onde quer que seja eu sinto que chegou o tempo
de darmos a nós mesmo uma chance.
Caminhe comigo por estas ruas.
Desprenda-se de velhas lembranças,
deixe o passado onde ele deve estar.

Se você quiser aproveitar esta chance
te acompanharei onde quer que seja,
pois ainda somos livres como o vento.
Pegue toda paixão que há em seu coração
e sinta o bem que você pode fazer,
apenas acreditando em seus sonhos
e caminhando por novos caminhos.

Eu te prometeria mais do que glória,
mas eu só posso te dar a verdade,
então acredite quando digo que é você
quem faz seu próprio futuro.
As estrelas ainda estarão lá brilhando,
mesmo depois que você partir,
então torne-se eterno para alguém.

Somente no coração das pessoas
reside as coisas mais importantes da vida.
Não há outro lugar onde procurar,
não existe glória maior do que ser
importante para alguém que você ama.
Quando você sentir seu coração nublar,
lembre-se que o amor nunca abandona o lar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cada dia é um milagre

O Mago conseguiu de novo. Ele me surpreendeu mais uma vez com sua simplicidade completa. Com uma única idéia ele conseguiu abrir meu coração e colocar uma semente germinante lá dentro. Bem que meu mestre havia me avisado para não desafiar pessoas como o Mago, mas ainda sou apenas um aprendiz.

No momento estou tentando não perder meu estágio de "químico de almas", mas meu mestre me disse que se eu não conseguir voltar logo a ter a alma feliz, volto ao estágio de "chumbo". Parece clichê, mas ter a alma feliz é seguir como em música: É a arte de sorrir, cada vez que o mundo diz "não".

Hoje desejo tomar plena consciência da Vida e ver cada dia como um milagre, pois é isso que é; por isso vou publicar um poema essencialmente feliz.

Assim sendo, vamos conhecer...

Como tudo aconteceu

O amor se formou em seu coração,
como o sereno se forma nas noites tranqüilas e calmas;
e as pequenas gotas de sentimentos encontraram seu coração,
como uma gota de orvalho encontra uma pétala de flor.

As histórias e lendas se tornaram reais,
as estrelas brilharam cada vez mais,
e até a chuva caiu lentamente sem querer molhar.
Pois um sonho naquele dia se tornou real

Ele desceu a rua cantarolando uma música
e a claridade da lua brilhou em cada gota de chuva.
Elas se converteram em pequeninas fontes de luz,
e transformaram cada poça d'água num espelho de seu amor.

Infalivelmente houveram lágrimas que caíram,
mas a maioria delas foram em momentos felizes.
Houveram também inúmeras ocasiões de atrito,
mas muitas destas apenas o puseram em movimento.

Aconteceu tudo mais ou menos assim.
E com ajuda do tempo que não conhece um fim,
ele pôde sonhar com sonhos que não se sonham mais,
e pôde amar como muita gente não é mais capaz.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Perturbação dos sentidos

Navegante, dou-lhe boas-vindas. Você acaba de atracar no Mirtu's Blog, o cais do menino-pirata perdido; aqui você olhará nos olhos de um vilão dos sete mares e maior conquistador de territórios do mundo, cujo nome é temido e respeitado em todos os idiomas conhecidos, esse arrebatador de sonhos é designado pelo nome: Amor.

Segundo os cálculos do poeta Nótlim Jucks (poeta sabe calcular?) o Amor já eclodiu mais guerras do que qualquer outro conquistador, já causou mais dor do que qualquer arma conhecida e ainda assim esse famigerado vilão permanece livre. Em defesa do Amor, o confuso poeta – sem calcular muito – relatou que tudo que existe só se tornou possível, devido ao Amor, assim a balança da justiça pende favorável ao vilão.

Agora, fora a alegoria sobre o amor, para aqueles que já vivenciaram a confusão causada por este sentimento, segue um trecho de uma carta escrita por Nótlim Jucks, mas que nunca chegou a sua destinatária: "... Eu te amo, e em muitos momentos, eu te odeio. E o mais estranho, é saber que por mais que te odeie, isso é amor. Eu odeio quando você fica de cara fechada, odeio não sentir alegria em sua voz, odeio seu silêncio e odeio odiar você por alguma coisa. Odeio sentir que você está indo e me odeio por saber que estou deixando você ir."

Bom, eu tive a oportunidade de ler a carta do trecho acima, na integra, mas garanto a vocês que é tão, ou mais confusa que a passagem que optei publicar aqui. Só que considerei um fator intrigante na confusão e quis saber por que nosso amigo poeta relatou estar deixando sua amada partir, sem ao menos tentar uma reaproximação, uma reconquista. E ele me deu a seguinte explicação: "Nós não devemos pedir para uma pessoa gostar de nós. Não devemos pedir para essa pessoa ser nossa amiga, ou para nos amar. Ao fazermos isso nos tornamos mendigos. Mendigando sentimentos. Uma pessoa deve ser nossa amiga pelo que somos e nos amar pelo que somos e não porque pedimos. Quando estabelecemos uma relação com uma pessoa, quer seja de amizade, quer seja mais íntima, nós estamos dando algo de nós para essa pessoa e ela está dando algo de si para nós. Então se você ama alguma pessoa, deixa-a em liberdade, não tente interferir em suas escolhas. Se ela decidir partir é porque tem suas razões, se ela decidir voltar, também terá suas razões. O que nos esquecemos às vezes é que sempre estamos sujeitos aos resultados de nossas escolhas, e estes definem nosso direito de ir e vir quando queremos."

Tenho que admitir que às vezes as explicações do poeta me deixam mais confuso, do que se tivesse ficado na dúvida.

Antes de publicar o poema de hoje, gostaria de deixar para vocês a indicação de um filme formidável: "Minha Amada Imortal" – O filme conta a história do testamento de Ludwig Van Beethoven, no qual o compositor deixou sua herança para Anna Marie. Este fato causou estranheza em todos na época, pois estes imaginavam que Beethoven considerava Anna Marie uma desafeta, mas o testamento confidenciava algo que ninguém sabia. Vale à pena conferir. Agora vamos deixar as coisas um pouco mais confusas; segue o poema de hoje:

Não Vá

Por favor, não vá agora
que estou me sentindo a salvo.
Segure minhas mãos e me mostre
que ainda existe amor no mundo.
Acredite em mim quando digo
que estar com você é especial.
Por favor, não vá agora
que estou tão perto do paraíso.
Por favor, não vá agora,
eu vou pensar em uma maneira
de fazer as coisas certas.
Tenho te procurado tanto,
por tanto tempo,
que sinto sua falta só em pensar.
Estou tentando encontrar um lugar,
onde meu coração possa repousar
e em seus braços eu tenho encontrado
mais do que eu poderia imaginar.
Por favor, não vá agora,
eu lhe prometo não mentir
e se você quiser eu me ajoelho.
Aos seus pés eu me ajoelho para pedir.
Às vezes me sinto tão cego,
não querendo ver certas coisas,
mas por favor, não vá agora.
Por favor, não vá agora
que estou tão perto do céu.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sonhos de hoje

O poema "Sonhos de hoje" é para mim um grito de protesto que ecoa um estado de coisas, que pondera e extrapola, tranquiliza e agride. Mas conversando com Nótlim Jucks ele resumiu o poema em uma palavra, "paradoxo". Ele me explicou que o poema em si é uma interpretação individual, mas que possuí em seu cerne, algo que é contrário ao comum e simplesmente aceito.

Em sua explicação sentimental, Jucks comparou o poema a um grão de areia dentro de um sapato, algo pequeno, mas que elimina o conforto, algo que causa uma fagulha de contrariedade, que não é ruim em suma, mas precisa ser sentido para gerar uma transformação.


Vamos a ele então:


Sonhos de hoje

Existem homens que tem tomado vidas,
como se elas estivessem em oferta e tivessem um preço.
E nós, nós somos vitimas destes novos tempos,
que colocam valores irreais em nossas mentes,
quando tudo que deveríamos era acreditar em nós.

Mas tenho esperança de aprender antes do fim
e entender como mudar primeiro em mim.
Para então ter a certeza de poder começar,
não deixando que tudo acabe simplesmente,
como se fossemos covardes demais para sonhar.

O medo é uma mentira que vêm sendo contada,
para que a dor nunca diga adeus.
E a dor só existe do lado errados que estamos.
Por isso vamos por o pé nestas águas
e cruzar este rio que nos têm maltratado.

Vamos nadar esta noite, lavando nossas almas,
deixando para trás tudo que não faz sentido pensar.
Começando de novo sem medo de errar,
pois errar faz parte do que nos torna tudo
aquilo que devemos viver e acreditar.

Eu vou fazer, vou ao menos tentar.
Vou lavar meus pecados em um novo batismo,
e reviver através destas águas que têm me maltratado.
E também vou esperar por você,
para acabarmos com todas estas mentiras que eles têm contado.

Tenho esperança de aprender antes do fim
e entender como mudar primeiro em mim.
Eles não vão conseguir pagar o meu preço,
não vão fazer de mim o que eles acreditam,
pois eu sou muito mais do que tudo que eles imaginam.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A menina dos sonhos

Olá, estive ausente uns dias, pois estava comemorando e celebrando a amizade, afinal de contas é uma época do ano em que as festas agregam as pessoas e servem para nos lembrar que ainda existem muitas coisas para serem exaltadas, como por exemplo, algumas gargalhadas com aquelas pessoas com quem trabalhamos o ano todo e muitas vezes até discutimos, mas que são importantes em nossas vidas pelo tempo que passamos juntos.

Hoje é o aniversário de uma amiga muito especial, que sempre que possível se lembra deste humilde redator e tem um carinho especial por nosso poeta e amigo, Nótlim Jucks; então como não podia deixar de ser, vou publicar um poema enviado por nosso autor exclusivo, em celebração a esta data.

Sendo assim:


A menina dos sonhos.

Havia uma garota que visitava meus sonhos.
Ela possuía fartos cabelos compridos,
uma pele delicada e um rosto suave.
Em meus sonhos ela tocava piano pra mim,
e cantava baixinho quase um carinho.
Às vezes ela vinha com um chapéu de flores
me presentear com seu sorriso brilhante,
ela era uma menina frágil de atitude forte,
que possuía um sorriso fácil e um coração generoso.
Eu sempre admirei aquela menina
que teimava me visitar durante a noite,
o brilho daqueles olhos determinados,
a força residente em seu interior,
sua gana de saber provar que era possível.
Há tempos ela deixou de me visitar a noite
e se ausentou dos meus sonhos,
mas eu jamais direi que nunca mais sonhei
com aquela menina que cantava enquanto eu dormia.
E ainda hoje, quando ouço uma música há muito tocada,
me lembro que em algum lugar existe alguém especial.
Eu me lembro do rosto daquela menina
e tenho certeza que o tempo não apaga coisas boas;
elas mudam, se transformam, mas sempre são.
Por isso, todos os anos comemoramos
a realização de sonhos, a vivência do somos.
E no dia de hoje eu só posso agradecer
a garota que visitava meus sonhos
e os tornavam mais belos do que os dias acordados.
Parabéns pra você.

domingo, 29 de novembro de 2009

Recordação presente

Certa vez, durante a nossa adolescência, Jucks foi a uma confraternização acompanhar nossos pais e outros amigos. Entediado como todo bom adolescente, ele saiu para procurar algo que gastasse um pouco de sua energia, o que não encontrou. Aborrecido se sentou próximo a um playground em que praticamente todas as crianças da festa estavam.

Alguns minutos depois chegou um menino carequinha que lhe perguntou: "Quer ser meu amigo?". Jucks olhou intrigado para o menino, mas decidiu que talvez empurrar um pouco o pequeno em um balanço, fosse um bom passatempo.

O menino ficou extremamente satisfeito com a brincadeira, que durou até a mãe do menino partir desesperada do salão em direção ao balanço. Ela parou o filho quase que num solavanco, olhou para Jucks e disse: "Ele não pode se exceder. Desculpe-me!" – e subiu de volta para o salão, puxando o menino pelo braço, que apenas chorou timidamente.

O poeta não entendeu muito bem a reação da mãe, mas depois descobriu o motivo de tamanha preocupação. Naquela noite, já de volta em casa, ele decidiu escrever sobre a rápida experiência que tivera no fim da tarde, e sobre o que ficou sabendo sobre o menino.

Assim surgiu o pequeno conto:

Memórias de um bloco de notas

Sentado em um banco próximo ao parquinho das crianças, no Clube de Cultura Artística, o rapaz apreciava o movimento, quando de repente um garotinho sorridente, com não mais que dez anos, se sentou ao lado dele e puxou conversa:
_ Oi! Quer ser meu amigo?
O rapaz apenas olhou a garotinho e pensou consigo: "Pentelho!" – mas não disse nada.

Diante do silêncio do rapaz, o garotinho ajuntou:
_ Acabei de sair do hospital! – seus olhos baixaram fitando as pedrinhas no solo e ele continuo – Ouvi o médico contar pra minha mãe que estou morrendo. Será que você gostaria de ser meu amigo? – insistiu sorrindo.
O rapaz olhou espantado o menino, e levando a mão ao bolso, pegou um bloquinho no qual escreveu: "Eu sou mudo!".
O menino olhou o papel, passou o dedo sobre as palavras, lendo-as vagarosamente e disse sorridente:
_ Tudo bem, eu não tenho mais cabelos!
O rapaz, sem entender o que o garotinho quis dizer, sacudiu a cabeça e escreveu: "Não entendi!".
O menino olhou o parque de fora a fora, todas as outras crianças brincando, os animadores de festa, então olhou novamente para o rapaz e disse:
_ Olha, não é por que te falta algo, ou você não pode fazer alguma coisa, que você é diferente. – o menino encolheu os lábios apertando-os um no outro e continuou – Ó só! O médico não quis me contar, mas ouvi quando ele falava com minha mãe que minhas chances de viver são mínimas; estou morrendo. Às vezes dói, mas hoje está tranqüilo. Você não pode falar, mas olha aquele cara – apontou para o mímico que brincava com as pessoas – viu? Ele pode falar, mas prefere se comunicar através dos gestos e quase sempre eles demonstram mais do que simples palavras. E aí, topa brincar? – perguntou sorrindo.
Sem mais nenhuma dúvida, eles brincaram a tarde toda.
Quando se sentaram para descansar e aproveitar para ver o sol que se punha, o garotinho perguntou ao rapaz:
_ Você vai ao meu enterro?
O rapaz ficou sem saber o que responder, mas a pergunta foi feita de forma tão natural, que só uma resposta lhe veio à mente. Então pegou o bloquinho e nervoso escreveu: "Sim, é claro que eu vou!" – o que tirou um sorriso discreto do menino.
Com o bloquinho em mãos o rapaz rabiscou: "O que você mais gostaria de ter?"
O garotinho fechou um olho e torceu os lábios como se pensasse, e respondeu:
_ Ah, nada! Já tenho o que eu queria!
O rapaz rabiscou novamente e perguntou: "O quê?".
_ Um amigo! – respondeu o garotinho passando o braço por cima do ombro do rapaz.

Daqui em diante, só o rapaz e seu bloquinho podem contar:

Com essas palavras eu senti uma coisa estranha no peito, meus olhos ficaram embaçados com as lágrimas e a única reação que tive foi abraçá-lo. Ele pegou minhas mãos, secou minhas lágrimas com a camisa e disse: "Não tem porque você chorar. Deixa que eu choro quando for à hora; minha amiga enfermeira disse que todo mundo vai embora um dia, ó só, até o sol está indo agora. Enquanto você for meu amigo e se lembrar de mim, eu vou estar aqui. Você me deu algo muito importante hoje e me fez muito feliz.".
E meu bloquinho perguntou por mim: "O que eu te dei, além de algumas horas de brincadeira?" – e nisso a mãe dele gritou chamando-o do salão de festas, mas antes de ir, ele me respondeu: "Sua amizade, que com amor guardarei pelo resto da minha vida!"

Uma semana depois ele foi embora; hoje ele tem um lugar especial no meu coração e jamais esquecerei aquele sorriso. Nesta vida eu desejei tantas coisas; mas como desejei dizer: "Adeus amiguinho!". Mas mesmo que eu pudesse falar, esse nó na minha garganta não ia deixar.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte da conquista

Estava começando a achar os posts do Mirtu's Blog muito repetitivos, iniciando-se sempre com um "hoje", então fui atrás de um sinônimo que refletisse o momento presente, aí o dicionário me sugeriu "no dia em que estamos", então vou usá-lo pra ver como fica.

Gostaria de escrever um pouco sobre o amor
, algo que me vem à mente lendo o poema-conto publicado aqui no dia em que estamos (obs: acho que não ficou bom =), que é formatado como um conto de fadas e remete a composição de histórias do fim da idade-média.

Estas histórias, ou os romances de cavalaria, possuem preceitos quase irreais, quando não mágicos. Vislumbram um amor por demais grandioso, com personagens igualmente magnificentes em seus atos nobres; isso porque, sempre tentam retratar a moral máxima do ser humano. Mas eles trazem em si uma contradição, que é o erotismo constantemente presente, o amor doentio, lascivo, obcecado pela sensualidade, então, ao ler a "Demanda do Santo Graal" o leitor se deparará com o sagrado, com o heróico e com o profano, algo também presente em diferente tom, em "A Canção dos Nibelungos" ou tantas outras obras do ciclo arthuriano. Essa contradição entre o sagrado e o profano, o lascivo e o recato, se torna evidentemente acentuada em meados do século XVIII, com o advento do iluminismo, brotando na mente de Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade, toda fantasia reprimida do ser humano.

Certa vez, enquanto estavam sentados em um bar, um amigo perguntou a Jucks: "O que eu preciso saber sobre o amor e a arte de conquistar as mulheres, para me dar bem?". Jucks demorou-se largamente pensando e respondeu: "Não sei precisar com objetividade uma resposta para você!". E o amigo indignado lhe retrucou: "Como não sabe me responder?! Não é você quem escreve aquele monte de coisas sobre o amor, sobre as mulheres e tal?" e Jucks tranquilamente lhe respondeu: "Você mesmo definiu a conquista das mulheres como uma arte, então para realizá-la você primeiro deve se sentir um artista, ter o desejo de encantar. O que você está querendo, é que eu te dê uma fórmula, e não há uma. Você pode encontrar alguns livros, bons, outros divertidos, que por exemplo lhe digam '177 Maneiras de enlouquecer uma mulher na cama', de Margot Saint-Loup, mas eles não te dirão como VOCÊ deve fazer isso. Você pode encontrar hoje na internet uma infindável oferta de 'técnicas arrasadoras de sedução', mas vai perceber que a arte da conquista deve ser sentida, no momento, porque cada mulher é diferente e por vezes diferente em si mesma, cabendo a você descobrir como conquistá-la no momento dela, não no seu. Donatien pode te ensinar como dizer todas aquelas coisas que você fantasia, sem se constranger e sem constranger quem você quer encantar, Giacomo pode te explicar em minúcias o ofício de agradar as mulheres e Juan pode ajudá-lo a tentar captar o momento da mulher desejada, mas ainda assim a interpretação será sua. Para ter sucesso na arte da conquista, você precisa se sentir um artista, precisa se sentir encantador; depois que você acreditar nisso, talvez a mulher desejada por você também acredite." – findando sua explicação Jucks olhou para alto, mordeu o lábio pensativo e completou: "Quanto ao amor, é uma escolha que você faz na vida, independente de querer conquistar alguém ou não. Você pode opta por fazer as coisas com amor, ou sem. Se ao desejar conquistar alguém, você fizer isso com amor, o resultado lhe surpreenderá." – e dizendo isso terminou o copo de Erdinger que quase esquentara.

Nisso o amigo sorriu e disse: "Não sei por que perguntei isso pra você! Você vive sozinho!" e Jucks sorriu com certo escárnio, levantou a mão, pediu outra cerveja e retrucou: "Não tenho problema em conquistar, meu problema está mais em manter. Talvez eu ainda não tenha aprendido a ser um verdadeiro conquistador, aquele que conquista a mesma mulher várias vezes. Então enquanto isso me mantenho como um simples conquistador, aquele que conquista várias mulheres até achar a que consiga conquistar várias vezes." – e ao receber a cerveja gargalhou: "Várias, mas talvez não tantas kakaka...!".

Segue então, um conto de fadas:

Algo que vale a pena

Todo conto de fadas que se preza deve começar com: Era uma vez...
... uma linda garota, que morava lá aonde todos vão durante os sonhos. Sua beleza era sem igual, tanto que achavam que ela fosse uma deusa, não uma simples mortal.
Por onde ela passava, o coração dos homens conquistava e da inveja das damas se a-proximava. Até o pároco da cidade por ela se apaixonara. Mas havia alguém a quem sua beleza não bastava.
Enquanto ela se deitava com ricos e comia com nobres. Aquele que ela desejava, jamais pestanejava e discordava de sua beleza invejada.
Ela fez de tudo para conquistá-lo, mostrou-lhe o corpo nu e o afastou das damas. Mas seu amor jamais conquistou. E foi assim por anos, até que velha e sem encanto decidiu falar com aquele homem a quem não encantava:
_ Sente-se nobre? Por estes anos todos, muitos por mim morreram, degladiaram-se e choraram, mas você, não me dedicou nem um olhar de desejo! O que sente pobre infeliz? E por que só você minha beleza não foi capaz de conquistar?
Com a simplicidade de sempre ele a olha e toca-lhe levemente o rosto. Então diz:
_ Durante quarenta anos eu te amei em cada segundo, e invejei todos que com você se deitaram. Não mais.
_ Quando me mostrou seu corpo, eu seria hipócrita de negar, que desejei tomar-lhe em meus braços, mas eu queria mais, eu queria seu coração. Pois um dia sua beleza se esvairia e eu teria então, aquilo pelo que vale a pena morrer, lutar e chorar. Uma coisa que você desconhece e jamais terá.
Dizendo isso, virou-se e caminhou para longe dela.
Desesperada e amargurada ela gritou:
_ Não me deixa assim. Diga-me o que é que eu desconheço e jamais terei?
Ele voltou-se uma vez mais e seus lábios uma só palavra se propuseram a dizer:
_ Amor!

sábado, 21 de novembro de 2009

Um abraço

Se hoje, Deus se materializasse diante de mim como Ele fez há mais de dois mil anos, eu apenas gostaria de Lhe dar um abraço! É a única maneira que me vem na cabeça de como agradecer por Ele ter colocado no meu caminho tantas pessoas maravilhosas; pessoas com quem pude compartilhar momentos, aprender e crescer.

Quando Deus disse que era para eu vir para este mundo, Ele não contou como ia ser, porque essa parte é a surpresa de cada dia, mas Ele garantiu que onde quer que eu fosse eu encontrasse sempre, pessoas maravilhosas como você, que está compartilhando seu tempo comigo; então só posso agradecer por isso.

Como diria o amigo Carl Sagan: "Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, para mim é um imenso prazer, dividir um planeta e uma época com você.".

Já que estou fazendo alguns agradecimentos explícitos ou implícitos, Jucks me pediu um agradecimento especial a seus amigos Jean Michael, João José Ignácio, Juan Miguel e Steven Works, pela ajuda com os sorrisos e gargalhadas. "Tanks boys =) ". Todos nós a amávamos, vocês sabem que só acaba quando as memórias se apagam e sabem também que as lembranças sempre serão melhores do que as vivemos (já dizia Gabriel G. Márques), então mantenhamos nossas fantasias e sigamos felizes, pois só assim conseguiremos.

Um grande abraço em você, que como um laço encantado lhe diz: "Obrigado por você fazer parte da minha vida".

Mirtu.

...

Feliz fantasia

Existe nela, aquele entusiasmo pela vida;
aquela energia prodigiosa que nos faz sorrir.
E é exatamente isso que o nome dela diz;
que existem muitos motivos para ser feliz.

Naqueles olhos brilhantes existe um desejo
e todo o amor que ela carrega pelo mundo.
Naquele sorriso não há falsidade,
existe apenas beleza e simplicidade.

Até mesmo quando ela precisa estar só,
reforçando a confiança em si mesma;
nunca fica solitária ou isolada,
pois cheia de vida é sua natureza.

Ela tem aquele olhar gentil,
que me faz viajar em um sonho infantil.
Mas ao mesmo tempo me mostra tanta força
em sua personalidade e individualidade.

Ela carrega em si aquele amor pela vida;
aquela força fabulosa que arrasta sonhos
e enche nossos corações de alegria;
aquilo que só se consegue com certa fantasia.

Este é o significado do nome dela...
feliz fantasia...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um agradecimento e um pedido

Hoje quero escrever um pouco sobre meu grande amigo, o poeta Nótlim Jucks. Ele sempre foi o menino-pirata perdido, que por vezes foi encontrado por alguma fada encantada.

Certa vez, sem muita pretensão ele olhou para uma jovem e estonteante mulher, e sem muita esperança ele desejou um olhar em retribuição. Para seu espanto e júbilo, ela lhe retribuiu com mais que um olhar; algo que nem em seu reino do Sonhar ele poderia imaginar, e é sobre isso que o poema publicado aqui hoje trata.

Jucks sempre esteve mais perto dos sonhos do que da realidade, assim pagou caro muitas vezes por suas fantasias, mas de longe – e conhecendo-o bem como conheço – ele tem certeza de que se não fosse por seus sonhos, jamais teria compartilhado de tantas vidas quanto lhe foi permitido fazer.

Certa vez uma amiga disse que o poeta possuía um dom difícil de explicar, e que só podia ser sentido: "Você consegue me transmitir paz quando preciso, alegria quando estou chorando e consegue me mostrar que existe luz, quando eu enxergo tudo escuro... Você marca as pessoas que conhece por ser especial, não tem uma pessoa que te conheça que não consiga gostar de você e que te esqueça. Saiba que você nasceu com uma luz que brilha muito, transmita sempre essa luz a todos que você puder... vai fazer bem a você e as outras pessoas..." – e desde então ele tem se dedicado a transmitir, se não uma luz, tudo de bom que possuí.

Sendo assim, um agradecimento e um pedido:

Amar sem culpa

Segure-me em seus braços
e diga que tudo vai ficar bem,
pois tenho sentido falta
de você olhando para mim.

Segure-me apertado em seu peito,
eu preciso sentir seu coração
e sonhar que ele bate por mim,
senão esquecerei tudo cedo demais.

Fico imaginando se é só um sonho,
e ainda não consigo acreditar
no que meus olhos tentam me mostrar.
Que você esta ao meu lado.

Pois você é mais do que eu poderia
e teria coragem de pedir a Deus.
E ainda não sei se serei capaz
de lhe dar tudo que você merecer ter.

Então por enquanto...

Deixe-me segurá-la contra meu corpo,
pelo tempo que for possível.
Preciso me sentir querido
e tenho desejado ser seu.

Deixe-me abraçá-la mais um pouco
tentando livrá-la de seus medos
e tentando curar os meus,
mesmo que não seja para sempre.

Vamos deixar o tempo correr,
sem prendê-lo a qualquer corrente.
Como se ele fosse um aliado
e não um obstáculo a ser vencido.

Por enquanto...

Vamos viver como se o importante
fosse apenas amar sem culpa,
sem imaginar o que será amanhã,
sem perguntar se ficaremos distantes.

Por enquanto...

Vamos apenas amar sem culpa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Armas e Mentiras

Oi. Você percebeu o cheiro de hipocrisia que há no ar? É, esse cheiro de que as coisas estão indo mal, mas está tudo bem.

Mais duas crianças morreram (entre tantas outras que não são notícia) e o "statu quo" permanece inabalável. Assim deveria ser também nossa força – inabalável - mas esquecemos algumas coisas importantes ultimamente. Nossa tática de "não ver" o que acontece com os outros tem funcionado bem por enquanto, mas temos que ser conscientes de que uma hora nós vamos ver.

Segundo o pensamento dos povos pré-colombianos os sacrifícios humanos serviam para garantir o funcionamento do universo, os acontecimentos do tempo, a passagem das estações, o crescimento do milho, e a vida dos seres humanos. Eles eram necessários para assegurar a existência dos deuses, repondo seu consumo periódico de bioenergia.

Segundo o pensamento dos povos pós-colombianos os sacrifícios humanos servem para... para... para mostrar que temos mais PODER que o outro... é... é pra isso, acho que é pra isso.

E apesar disso, nós continuamos. O poema publicado hoje, aqui no Mirtu's Blog, é carregado de possíveis interpretações. O Rock & Roll viaja através de diversos temas, tornando-o um estilo musical completo, em que é frequente encontrar as mais significativas expressões do ser humano, com abordagens políticas, sócio-econômicas, filosóficas, históricas, etc. Em uma viagem musical Jucks escreveu o poema "Armas e Mentiras", acho que vale a pena conhecê-lo e imaginá-lo como uma canção.

Então...

Armas e Mentiras

Pegue suas armas,
atire, mas não minta pra mim.
Mostre-me o quanto
você pode ser forte.

Esta vida está cheia de heróis,
e não quero ser mais um
morto por um covarde sem glória.

Nascemos e fomos criados,
somos irmãos.
Mas às vezes há sangue em nossas mãos,
sangue de nossos próprios irmãos.

Merecemos uma chance;
de seguir um caminho,
de entender a nós mesmos.

Esta vida está cheia de heróis,
e nós somos cada um.
Não devemos morrer por homens sem glória.

Temos que entender
e viver para aprender,
quão bom nós podemos ser.

Nascemos e fomos criados,
somos irmãos.
Mas às vezes há sangue em nossas mãos,
sangue de nossos próprios irmãos.

Pegue suas armas,
atire, mas você sabe que não vai durar.
Ninguém dura o bastante
para agüentar todas as mentiras desta vida.

Pegue suas armas,
atire, e no final talvez,
o sangue que escorre de suas mãos
não seja o de nossos irmãos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sonhos fantasiados

O poema que trago ao Mirtu's Blog hoje, pode ser considerado um plágio da música "Shooting Star" da banda "Bad Company", mas no fundo deve ser encarado como tributo a uma canção que Nótlim Jucks considera um hino do Rock & Roll.

Este poema reflete mais que simplesmente um sonho adolescente, mas todo o sonho conquistado, que por vezes acaba não sendo bem como havia sido fantasiado. Talvez dê para se tirar dele uma ação reativa do narcisismo, que é recompensado com a moeda típica deste tipo de característica de personalidade; à dificuldade de se lidar com os infortúnios da vida, resultando na queda do indivíduo.

Nesta linha, tomo a liberdade de indicar um ótimo filme, para o dia que a TV não se mostrar tão amistosa: "Crimes em Wonderland". Que além de contar com "Shooting Star" em sua trilha sonora, apresenta a história de um quádruplo homicídio que ocorreu em 1º de julho de 1981 na Wonderland Avenue 8763, em Los Angeles. Os homicídios a princípio pareciam envolver apenas os mesmos traficantes e vagabundos de sempre, mas foi rapidamente transformado em notícia de capa em todos os jornais quando o nome de John Holmes foi envolvido. Holmes foi astro do cinema pornô da década de 70, e atravessava uma fase de sua vida, em que descambava de rei da pornografia a plebeu das drogas.

Segue então, uma viagem do Rock & Roll:

Um Astro do Rock

João ainda era um colegial quando o som do Rock
tocou pela primeira vez em sua cabeça.
Acredito que foi uma música dos Beatles que o pegou pelo ouvido.
Depressa ele arrumou uma guitarra para tocar por toda noite.
Ele agora tinha o Rock & Roll e tudo estava bem.

Você não ficou sabendo?
João chegou em casa e disse para mãe que estava indo.
Ele disse: "Eu tenho que aproveitar este momento,
quem sabe um dia eu consiga ser um grande astro."
Mamãe foi até a porta com uma lágrima escorrendo na face,
mas João disse: "Não chore mamãe, sorria e não me diga Adeus".

Você também não ficou sabendo que ele ficou famoso?
Não ficou sabendo que a música dele foi um sucesso?
Não, você não ficou sabendo.
Ele foi tocar numa dessas bandas que fazem as meninas chorar,
e todas elas declararam seu amor à ele.
Onde você estava quando tudo isso aconteceu?

João gravou uma música e ela foi tocada em todas as rádios.
Todo mundo amou aquela música, que se tornou a número um das paradas.
Você ficaria surpreso com tudo que dinheiro e fama podem te dar.
Só que de repente João olhou a sua volta e ele já não era mais o melhor.
Para ele foi uma surpresa tudo ter terminado tão rápido.

Eu sei que você não ficou sabendo que ele ficou famoso.
Mas você deve ter visto uma estrela cadente um dia desses.
João caiu de lá de cima do céu,
com sua música, seu amor e
sua velha guitarra.
Sabe como é, o mundo anda meio "prostituto" hoje em dia,
e surgiram novos ídolos para as meninas amarem.

João morreu uma noite dessas, deitado em sua cama,
com uma garrafa de whiskey alojada na cabeça.
João não percebeu que sua vida tinha passado tão rápido,
quanto aquele verão em que sua música era ouvida no ar.
Mas se você prestar atenção no vento, ainda conseguirá ouvi-lo tocar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fazendo parte da legião...

Hoje é segunda-feira, acredito que um dia difícil de engrenar no calendário de qualquer pessoa, mas ele se apresenta a cada sete dias, então não tem como fugir, basta apenas tentar vivê-lo da melhor forma possível.

Para começarmos bem a semana, vou: fazer uma homenagem a uma banda nacional, transcrever um pequeno texto que um amigo me enviou, escrever pouca coisa e publicar um poema curto enviado por Jucks, talvez não nessa ordem, ou talvez sim.

Para homenagear esta banda nacional que adoro, é preciso contextualizar. O ano era 1986, quando se noticiou, com grande estardalhaço, a passagem do cometa Halley pela órbita da Terra, e que seria um fenômeno de rara beleza pela grande luminosidade que produziria no céu. Outro fato largamente explorado era que o fenômeno só ocorria a cada 76 anos, pelo que, só voltaria a acontecer no ano de 2061. Despertando assim em todas as pessoas, um grande interesse em acompanhar as notícias sobre o cometa. Com agendamento de mês, dia e hora de sua passagem, a fim de que ninguém pudesse perder a oportunidade de ver o grandioso espetáculo. Alguns estudiosos chegaram a dizer até, que o cometa Halley poderia ter sido a estrela que guiou os três Reis Magos para o local do nascimento de Cristo.

Foram lançados diversos produtos em referência ao cometa: revistas, bonecos, disco de vinil com a trilha sonora para passagem do cometa, etc.

E naquele ano, ganhei de presente o disco de vinil "A era dos Halley", que possuía as seguintes canções:

1. Kruel - TIM MAIA
2. Halleyfante - ROUPA NOVA
3. Torre de Babel - BARÃO VERMELHO
4. Que Delicia (tema de Halleylujah) - BABY CONSUELO
5. Canção dos Planetas - SEMPRE LIVRE
6. O Senhor da Guerra - LEGIÃO URBANA
7. Luz de Mim - ROSANA E GUILHERME LAMOUNIER
8. Planeta Morto - TITÃS
9. Anos Luz de Amor (tema de Halley e Halleyxandra) - SÉRGIO DIAS
10. Halleyzinha - TXÃ
11. Planeta Coração - GABRIELA
12. Cometa Halley - FAMÍLIA HALLEY

Foi o primeiro contato que tive com a "Legião Urbana", e o início de uma história que se tornaria uma paixão em 1992. Ano que a banda lançou sua primeira coletânea de músicas, no álbum "Música para Acampamento", reunindo gravações ao vivo feitas para programas de rádio e televisão, entre 1986 e 1992; no qual constava, agora com outro nome, uma música do meu vinil do cometa Halley: "A Canção do Senhor da Guerra".

Essa banda marcou minha infância, minha adolescência e continua marcando meus momentos neste planeta azul. Sendo assim nada melhor do que contemplar a poesia de Renato Russo:

Vinte e Nove

Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você

(Já que você não me quer mais.)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.

(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez.)

Hoje também, um amigo Galáctico me enviou o seguinte texto:

"Ao darmos a alguém todo o nosso amor nunca temos a certeza de que iremos receber este amor de volta. Não ame esperando algo em troca espere apenas que este sentimento cresça no coração de quem você ama. E se isto não acontecer, esteja feliz por este sentimento estar crescendo no seu coração. É preciso apenas um minuto para se apaixonar por alguém, uma hora para gostar de alguém, e um dia para amar alguém, mas se leva uma vida inteira para esquecer alguém especial."

E os poemas "... vão se publicando através das emoções de cada dia, através das perturbações na rotina ..."

A força de continuar

Eu quero entender.
Eu vou me superar.
Não quero estar
em outro lugar.
Eu vou ficar
e vou lutar.
Até o momento
que minha vida
esteja pra acabar.
Às vezes estes olhos
ameaçam se fechar,
mas existe uma força
me empurrando,
me fazendo continuar.
E é esta força
que reside neste coração
há mais tempo
que se possa imaginar,
que tem me feito
acordar toda manhã
e lutar para engrandecer
tudo o que sou,
me dando força para continuar,
para continuar a amar.
Essa força é
Amor.

domingo, 15 de novembro de 2009

O poema incompreendido

Hoje trago para vocês um poema incompreendido, isso, pois até hoje quem o leu não mostrou muito gosto por ele. O poema foi escrito num momento difícil e ao mesmo tempo revelador, pois o poeta estava tentando encontrar a si mesmo, e como ficará notório aos que persistirem, não foi um momento, mas, momentos que construíram tudo que Nótlim Jucks é hoje e o que será amanhã.

Para o poeta, o amor é sublime, é a essência do ser humano, é como uma parábola celeste: "Todo aquele que ama, continue amando, pois será amado e ao ser amado, sentir-se-á maravilhado e ao sentir-se maravilhado reinará no mundo.".

Antes de lhes apresentar o poema incompreendido, vou transcrever alguns pensamentos do poeta que não viraram poesia, mas que podem ajudar a entender sua poesia. Primeiro um texto inspirado em alguns ensinamentos:

"Nas palavras do mago eu pude entender a verdade que alguém invejoso ocultou; que a mulher é o sorriso do Criador, contente de si próprio e que tendo a feito Ele se regozijou e descansou; e que só na cegueira da paixão foi dado ao homem o direito de conhecer aquilo em que Deus tanto se esmerou, sendo maldito quem nunca as amou. Já houveram anjos escultores e pintores geniais, mas nenhum ser capaz de reproduzir a beleza que reside em cada mulher; talvez seja possível encontrar entre eles aqueles que amaram e assim se tornaram criaturas mais próximas do Criador e por assim dizer criadores, mas ainda assim meros copiadores. "

Segundo, a carta não enviada:

"Quero dizer, que eu te amei, que eu te amo e vou te amar, enquanto me for permitido caminhar por este mundo. Talvez eu não devesse simplesmente ter deixado você partir, mas com certeza foi a melhor coisa que eu pude fazer por você. Estou dizendo isso porque eu quero que você saiba que não foi uma aventura, ou o que possam dizer por aí, foram momentos de uma vida para mim.

"Eu sempre soube que você teria sucesso em cada coisa que se propusesse a fazer, e sabia que você conseguiria tudo que sempre quis, pois se tem uma coisa que eu acredito, é que quando desejamos muito uma coisa, o Universo conspira para que a consigamos.

"E mesmo distante eu tenho orado com muito carinho, para que Deus te dê tudo o que você merece e Ele sabe que você merece muito. Eu sempre soube que você era mais do que eu merecia ou teria coragem de pedir a Ele, então agradeço em silêncio a oportunidade que me foi dada e reconheço que eu realmente não estava preparado para você.

"Eu fiz o meu melhor, sei também que poderia ter sido melhor em muitos aspectos, mas eu perdi a fé na magia que permeia o amor e por isso eu espero que você me perdoe. Desejo de toda minha alma que você seja muito feliz."


Agora sim o poema incompreendido:

Aqueles olhos verdes

Mesmo sob a chuva eu consigo ver
aqueles olhos verdes chorando.
Não importa a distância entre nós,
dá pra sentir que ela está triste.

A chuva caí forte com suas gotas frias,
indiferente aos sentimentos dela.
E não há nada que eu possa fazer
para livrá-la do que está sentindo.

Pois se fosse possível eu faria;
eu abriria estas nuvens,
acenderia cada estrela e traria a lua;
apenas para vê-la voltar a sorrir.

Mas ali parada sob a chuva gelada,
ela tenta se livrar de algo
que há muito morreu em pensamento,
mas continua vivo em sentimento.

Ela espera que a chuva faça parar,
esta coisa que tem lhe tirado o ar.
Ela espera ter feito a coisa certa,
sem saber ao certo o que foi feito.

E não há nada que eu possa fazer.
Pois se aqueles olhos verdes tem chorado
buscando entender e achar um culpado,
eu sou parte do que ela quer esquecer.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Indícios

Que tal conversamos um pouco sobre a vida? Esse período de tempo que decorre desde o nascimento até a morte dos seres! Esse presente extraordinário que recebemos de Deus; sim de Deus, porque enquanto não provarem que viemos de outro lugar, eu prefiro vir de um Ser*, Onipotente, Onipresente e Onisciente do que do macaco – e não é nada contra o simpático símio, apenas uma questão de ego.

Neste período entre nascermos e morrermos acontecem coisas incríveis, mas que muitas vezes tratamos como comuns. Como exemplo, a gestação e o nascimento de uma criança. Incrível não? O homem ainda não conseguiu reproduzir isso em laboratório.

São incríveis também algumas situações que levam as pessoas a perderem este presente extraordinário, chamado vida. Muitas vezes, uma bala perdida, um bêbado na contramão, uma doença inexplicável ou simplesmente um vazio no coração; causado por tantos motivos, que para quem olha de fora, podem ser considerados banais.

Há um pequeno conto no livro Maktub, de Paulo Coelho, em que o autor revela ter saído de um almoço com um amigo padre – em uma época em que a espiritualidade do mago não era tão acentuada – e ao andarem pela rua avistaram um mendigo. Ao ver o indigente o mago olhou para seu amigo e o inquiriu, mais ou menos desta forma: "O que anda fazendo seu Deus, que deixa aquele homem viver naquela situação?" – e o amigo padre respondeu: "Ele está colocando aquele homem diante de você, para que você possa fazer alguma coisa!".

Existe também, aqui na minha cidade natal, uma história que já não sei se é verídica ou se é uma lenda urbana, sobre um jovem médico, que ao invés de ter uma carreira brilhante como todos esperavam, tornou-se mendigo.

Conta a história, que ele estudou medicina por 6 anos, realizou residência por mais 2 anos e uma especialização internacional, com total entrega e desprendimento, fazendo com que ele se distanciasse um pouco de sua família. Já formado e com consultório montado, aconteceu de num belo dia ele receber um telefonema da casa de sua mãe, chamando-lhe, pois seu irmão gêmeo estava tendo um ataque. O jovem médico "voou" para casa da mãe e se esforçou ao máximo para salvar a vida do irmão, mas mesmo com toda sua formação e conhecimento, não houve como salvá-lo.

Este acontecimento foi um choque tremendo na vida do jovem médico, que passou a perambular pelas ruas, perdido, carregando coisas penduradas ao corpo, como se ele precisasse sentir o peso de sua consciência em seu próprio corpo. Depois de muitos anos, nunca mais o médico mendigo foi visto pela cidade. Ele "perdeu sua vida" juntamente quando o irmão morreu.

Mas que peso era esse que ele carregava? Será que sua consciência o condenara por não ter conseguido salvar o irmão? Será possível mensurar o vazio de uma perda? E se estamos conversando um pouco sobre a vida, o que tem haver estas duas histórias de mendigo?

Talvez seja apenas um indício, para cuidarmos melhor deste presente que recebemos. Quem sabe seja para olharmos com olhos mais diligentes o presente que os outros receberam. Pode ser que seja, para aproveitarmos melhor a grandiosidade de compartilhar estes nossos presentes.

Jucks escreveu uma parábola confessional sobre isso:

Longe do passado

Na escuridão da noite ele procura abrigo.
Seus olhos avermelhados demonstram cansaço,
e também um hábito que se tornou freqüente em sua vida.
Não há mais onde se esconder;
não há mais para onde fugir.
Seu espírito está fraco, seu corpo estraçalhado;
suas vestes são apenas alguns panos pretos que roubou
e um agasalho esboçou.
O cheiro de seu corpo não é mais de perfume francês;
seu rosto já não é mais o mesmo
que ele cuidara tanto nos anos anteriores.
Hoje ele reza por um sabonete
e por um misero cuidado de antes.
A morte já o rondou várias noites;
e agora, o outrora homem rico,
sente o fardo que ele se recusava ver.
Nas noites frias de inverno,
sem abrigo, sem roupa ou comida,
ele se encolhe como um caracol
na tentativa de se aquecer.
Uma fogueira às vezes ajuda,
mas quando os policiais o pegam
há pouco a fazer.
Uma das coisas mais fáceis de acontecer,
é suas memórias emergirem
e o amargo gosto da derrota e traição
arrebatarem seu coração.
Nas noites frias de inverno, nas mais frias,
ele é capaz de atos de extremo desespero;
atos jamais pensados por ele
quando se encontrava sob pilhas de cobertores,
numa cama confortável.
Ele urina nas próprias calças buscando amenizar o frio;
buscando no calor de seu próprio corpo, algum alento.
Ato em vão, que só serve para deixá-lo mais gelado,
com os farrapos e o corpo mais fedidos e mal tratados.
Se alguém há alguns anos lhe dissesse,
que existem pessoas que urinam nas próprias calças
para se aquecer do frio, ele iria apenas rir da situação.
Coisa que hoje, só serve para apertar-lhe mais o coração.
Um dia desses ao lhe dar uns trocados,
uma senhora o olhou bem e indagou:
"Por que você não vai trabalhar? Um homem forte como você!"
Ele apenas respirou e nada conseguiu responder.
No dia seguinte foi à procura de um trabalho;
mas quem daria emprego a alguém que cheira urina
e tem nos olhos a cor do vício.
Só nos braços da noite e no calor das garrafas
ele se conforta com outros que vivem como ele.
Seus trocados adquiridos como pedinte,
propiciam-lhe algo bom para aquecer o lugar vazio
em que já habitou um coração;
coração que agora ele sabe,
era tão vazio quanto o vazio que sente.
Ele sabe que poderia comprar pão e leite,
mas nenhum dos dois o aqueceria,
nem o faria esquecer o que está passando;
tão bem quanto um forte e barato conhaque.
Porém o álcool não tem efeito permanente
e na manhã seguinte sua realidade está presente.
Ainda com os olhos embaçados e cabeça latejando,
ele toma a decisão de por fim a realidade que o tem atormentado.
Ele elege os trilhos do trem como sua passagem,
eles serão sua mudança de vida, de uma vez por todas.
Boa sorte, Sr. Ninguém de Lugar Nenhum,
será uma longa viagem!


* Neste caso, é O Ser; Aquele que exprime toda existência, Aquele que É toda existência.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Alternativa!

Se sua empresa possuí uma política de internet muito restritiva (e chata), mas mesmo assim você está a fim de acompanhar o Mirtu's Blog, acesse: http://jrmirtus.blog.uol.com.br/

Mirtu's Blog - A poesia é a pintura que fala (2ª via) – em processo de equiparação; mas em alguns dias tudo que você lê aqui, você poderá ler também na 2ª via =)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como os antigos cowboys...

Acho que vale comentar aqui no Mirtu's Blog sobre minha amizade com Nótlim Jucks. Nós nos conhecemos há mais de 30 anos; (Uau! O tempo voa!) compartilhamos vitórias e nos sustentamos nas derrotas. Assim como o Super-Homem tem o apoio e a lealdade de Clark Kent, o Homem-Aranha tem a inteligência e a sagacidade de Peter Parker, Nótlim Jucks tem a mim =)

O que não chega a ser um super-herói, mas é um alterego para os momentos em que ele não pode estar presente. E se alguém estiver se perguntando, se não seria o contrário, a premissa é verdadeira.

Enquanto Deus me proveu as pessoas maravilhosas que encontrei pelo caminho, Jucks encontrou alguns amigos que não pude ter, ou conhecer; que não vem ao caso no momento, senão este "post" fica muito louco.

Jucks sempre foi muito amigo de Johnny, um cara cabeludo e esquisito que chamava as "garotas" de "baby". Johnny levava jeito com as garotas e Jucks achava isso o máximo. Hoje podemos dizer que as garotas viraram mulheres, mas porque não manter aquele ar de juventude... algo surreal às vezes caí bem.

Durante as filmagens do documentário "Access All Areas - A Rock & Roll Odyssey", Jucks perguntou a Johnny como ele se via viajando pelo mundo e conhecendo tantos lugares diferentes, e ele lhe respondeu: "Isso pra mim é como andar pelo velho oeste de saloon em saloon, igual nos filmes de John Wayne. Gosto de acreditar que sou como os antigos cowboys... que chegam à cidade na calada da noite, tomam o dinheiro dos ricos, dormem com suas mulheres e caem fora antes da polícia chegar!"

Nótlim Jucks sempre gostou dessa resposta que recebera; ela sempre lhe pareceu tão fantasiosa quanto à vida que Johnny levava. Porém Jucks nunca gostou, ou achou cabível chamar alguma garota de "baby", então quando teve a oportunidade ele chamou uma garota de "princesa" e assim nasceu algo como uma marca nas poesias de Nótlim Jucks. Ele escreveu diversos poemas referenciando sua "princesa". Depois de muitos anos ele descobriu um sentido pejorativo para "princesa", mas sempre que "ela" for citada aqui no Mirtu's Blog será no sentido de "esplêndida", "magnífica", "deslumbrante", etc.

O poema que está sendo publicado aqui hoje, é uma despedida ao maior amor que Nótlim Jucks já viveu, considerando-se (tempo * amor / intensidade) = maior amor, não que ele tenha amado menos das outras vezes, mas diferente, em intensidade, tempo e/ou significância. Características, deste fenômeno insondável, que por vezes não damos atenção, mas que em se tratando de amor, são o que são.

Desta forma então...

Talvez eu tenha que ir

Minha princesa, já é noite.
É hora de eu voltar para casa.
E apesar de você me pedir
eu não posso ficar esta noite

Você me convida para ver o mar
e andar ao redor da lua,
mas eu não tenho as respostas
que você precisa esta noite.

Quero dizer que você está maravilhosa
e que seu olhar brilha como as estrelas,
mas é tempo de eu voltar para casa,
de eu lhe dizer Adeus pela ultima vez.

Princesa, você está tão maravilhosa,
mas não posso ficar esta noite,
talvez eu não possa mais ficar,
talvez seja assim que as coisas
tenham que acontecer conosco.

Eu já aceitei o que me foi reservado,
espero que o tempo possa mostrar
aquilo que há muito eu não quero ver.
Mas tudo bem, está uma noite maravilhosa hoje.

Quero que saiba que eu vi as estrelas,
e em todas elas eu encontrei o brilho
do teu olhar, a luz do teu sorriso.
Mas isso foi há muito tempo.

Hoje eu tenho que lhe dizer,
não posso ficar esta noite
e talvez eu não possa mais ficar,
talvez eu tenha que ir...

Talvez eu tenha que ir para onde
eu não possa mais te encontrar.

domingo, 8 de novembro de 2009

Janie

Janie é um poema que um dia sonhou ser uma canção, ou uma canção que apenas se tornou poema. Foi escrito ao som do Rock & Roll como uma balada de um ícone dos anos 80, como um mergulho em uma viagem adolescente de um amor meio displicente.

Janie era a garota que o poeta queria levar para Sant' Andrea em Otranto, para fazer amor ao acordar e tomar café da manhã olhando o mar. A viagem não aconteceu e Janie não vem de Janaína, como está escrito na poesia, mas Jucks tem certeza que Janie saberá que foi pra ela que ele escreveu esse poema que não virou canção. Ele se ressente apenas, por sua Janie não ter um "riff" de guitarra, para marcar no coração algumas coisas belas, que nem sempre são tão belas quanto a sonhamos.

Então, segue o poema que um dia sonhou ser uma canção:

Janie

Ei Janinie, não chore, você merece mais que um jogador,
você merece um santo, alguém que te dê um objetivo.
Você pensou que minha vida fosse um paraíso de praias ensolaradas,
mas havia um tesouro maldito que você não tinha visto.

Eu queria ser mais inteligente para te pedir perdão,
mas as palavras fogem e não me sinto capaz.
Olhe, eu sei o quanto te decepcionei,
mas tenho certeza que você conseguirá viver sem mim.

Ei Janinie, não chore, eu apenas esqueci o que podia ser amanhã.
Houveram beijos, palavras e todas essas coisas que fazem bem,
sei que fiz parecer um sonho colorido,
mas não garanti estar presente quando você acordasse.

Janie, menina Janaína, não chore princesinha.
O mundo esta cheio de homens melhores do que eu
e eles não te dirão Adeus antes de você acordar.
Muito menos te dirão Adeus, se forem mais espertos do que eu.

Você é forte e não chegou tão longe para jogar a toalha.
Eu me perdi na noite princesinha, e não havia quem me salvar.
Eu não valho metade destas lagrimas que você tem chorado,
eu sou apenas um sonho que você teve, que deu errado.

Janie, menina Janaína, não chore princesinha.
O mundo esta cheio de homens melhores do que eu
e eles não te dirão Adeus antes de você acordar
muito menos te dirão Adeus, se forem mais espertos do que eu.

sábado, 7 de novembro de 2009

Perturbações & Emoções

Hoje Nótlim Jucks me enviou um poema-conto que ele diz ter brotado em sua mente de maneira estranha, pois foi à fusão de um sonho com uma série de sentimentos e pensamentos que fervilhavam em sua cabeça.

Nós tínhamos combinado que eu postaria o poema-conto "Longe do passado", um dos primeiros escritos pelo poeta, mas ele achou por bem que fosse publicado algo mais leve e sutil; até porque, e fez questão de me lembrar, hoje é aniversário de minha tia, então que eu deveria publicar uma poesia que transmitisse harmonia e felicidade.

Em nossa conversa, ele disse: "Mirtu, de nada adianta querer recuperar tudo o que foi perdido durante anos, em apenas alguns meses. Inclusive o tempo. Controle sua ansiedade e deixe os poemas fluírem, eles vão se publicando através das emoções de cada dia, através das perturbações na rotina. Pare, respire, crie, não há o que recuperar, viva o momento, construa algo novo, você sabe que escrevemos a vida com tinta de sonhos, porém sabe também que não temos borracha." – e disse isso rindo e me deixando perdido sem entender muito bem o que quis dizer.

Talvez o poema ajude a tentar entender, assim:

Jardim das emoções

Havia uma ponte que cruzava o abismo do vale, e do outro lado ficava um templo dedicado a felicidade.

Ao seu redor encontravam-se as árvores dos sentimentos e o jardim das emoções.

Para lá se dirigiam as pessoas que precisavam encontrar a si mesmas. Mas todas que cruzavam a ponte do abismo tinham medo de entrar no templo da felicidade.

Muitas preferiam caminhar pelo jardim e colher algumas flores, e estas pessoas se encantavam com as flores do ódio, que possuíam pétalas largas, brilhantes e negras.

Outras se dedicavam a carregar de um lado para o outro, as sementes da inveja, plantando sonhos que pertenciam a outras pessoas, sem poder colher os frutos.

Mas de todas essas pessoas as que mais chamavam a atenção, eram aquelas que se deliciavam com os frutos da árvore da melancolia, que choravam por coisas que nunca tiveram ou por algo que há muito perderam.

O interessante é que não se encontravam crianças nesta parte do jardim, mas ao olhar mais próximo ao templo, viam-se milhares delas, carregando buquês de amores incondicionais, se deliciando com os frutos da árvore das gargalhadas e banhando-se nas águas da amizade.

Estas crianças interagiam com todas as criaturas do jardim das emoções, e para cada flor do ódio elas carregavam uma flor do perdão, que juntavam com as flores do amor, transformando o negro das pétalas do ódio em um azul cintilante, como o azul encontrado nas flores da inteligência.

Estas crianças corriam, entravam e saíam do templo da felicidade, inúmeras vezes.

Quando estavam chorando buscavam o templo, mas sempre apanhavam antes uma flor de esperança e uma de carinho; e ao entrarem no templo da felicidade atiravam as flores ao ar e gritavam "sejam sonhos" e as flores se fundiam e voltavam às mãos das crianças em forma de devaneios e contentamentos.

As crianças juntavam seus devaneios próximos ao coração e não choravam mais.

Se possível, vá visitar o jardim das emoções e tente entrar no templo da felicidade; não é difícil; todas as crianças conseguem quando sorriem.

Você só precisa se lembrar como é, ser criança.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Compartilhe

Depois de alguns contratempos técnicos, o Mirtu's Blog volta a suas publicações regulares e projetando mais postagens semanais do que as realizadas até agora.

Hoje é a primeira postagem que faço, após o nascimento da bela Beatriz, filha de um irmão querido, que há de encantar muitos poetas por onde ela passar. E também vale uma singela homenagem ao nascimento do príncipe guerreiro Heitor, filho de um distinto amigo e companheiro.

Eu que por vezes me encontro perdido entre meus pensamentos e entre os escritos do poeta Nótlim Jucks, posso me considerar um abençoado por Deus, pois Ele colocou em meu caminho amigos maravilhosos, que se tornaram meus irmãos.

Há dois anos, aproximadamente, nasceu também à encantadora Júlia, a quem na época não pude homenagear em meu Blog, pois este veio muito depois; mas tive o prazer de poder compartilhar alguns momentos de felicidade que ela produziu em seus pais, e o encantamento que ela produz nos olhos de seu pai cada vez que ela está com ele.

Bom, tem também o Leo, que nasceu há alguns anos... filho do extraordinário Frederico, mas se eu for citar todos os que não fiz em tempo, não caberá aqui... então, desejo apenas compartilhar com vocês um sentimento bom, que brota como uma flor cada vez que uma criança nasce nesse nosso mundão.

Apenas...

Compartilhando

Você é um ser individual;
singular em suas características.
Você é uma criatura magnífica;
impar no Universo.

Você pode ter, fazer, ser,
o que você quiser.
Basta decidir-se por isso
e lutar por estas realizações.

Você é responsável por suas ações.
É quem merece o mérito por suas vitórias;
é quem tem que reconhecer as próprias derrotas.
Mas ainda assim, só depende de você!

Você possui o direito de ir e vir.
Direito conseguido pela sua poderosa
e deliberada vontade de ser livre.
Você é livre!

Hoje, dê-se o direito de ser livre:
para compartilhar um sentimento bom com alguém;
para compartilhar um sorriso com quem está muito ocupado para lhe dar um;
para compartilhar a liberdade que existe em você!

Você é um ser individual;
singular em suas características.
Você é uma criatura magnífica;
impar no Universo.

Compartilhe isso...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Singularidade

Um dia em um hotel que hoje não vem ao caso dizer qual, Jucks conheceu uma garota, ou melhor, uma mulher-menina, que mesmo em toda plenitude de sua personalidade de mulher formada, mantinha toda florescência de uma meninice encantadora de garota.

Eles se encontraram no elevador e coincidentemente, ou pela ação magistral desta Força Motriz que magicamente faz as coisas acontecerem, desceram no mesmo andar e se cruzaram na saída do elevador esbarrando-se. Ao se olharem, Jucks me disse que teve um "branco" ou um lapso de tempo, e que ela ao lhe sorrir perguntou: "Tudo bem?" – e ele ainda meio aturdido disse apenas: "Melhor agora!" – e teve certeza que havia soltado à pior cantada de sua vida, mas que saiu de maneira tão espontânea que ele apenas pôde ficar vermelho.

Mas ao contrário do que ele esperava, ela deu seguimento a conversa, querendo saber quanto tempo ele ficaria na cidade e lhe contou que estava participando de um desfile de moda que acontecia ali perto. Em uma breve conversa de corredor se conheceram e marcaram de se encontrar para conhecer a cidade, afinal eram dois estranhos em uma cidade estranha, nada mais conveniente do que compartilhar esta afinidade que surgiu de repente.

Foram três as noites que ela desfilou, em uma delas ele a acompanhou e se maravilhou com uma arte que ele não conhecia, a arte que se vale da beleza feminina para ser plena. Naquela noite ao voltarem ao hotel, uma quinta-feira de muito calor, ao descerem do elevador no mesmo andar, eles não se esbarraram, mas seguiram para o mesmo lado do corredor. Daí pra frente são momentos que não nos cabe acompanhar...

Na sexta-feira, como acontece em muitos hotéis ao redor do mundo, a maioria dos hospedes realiza sua saída e naquela manhã, mais uma vez Jucks e a maravilhosa mulher-menina se encontraram, sorriram um para o outro e com um abraço selaram uma despedida, que não tinha como não ser feita.

Em respeito a singularidade, uma pequena e leve poesia:

Simplesmente Linda

Eu poderia escrever sobre o amor
e dizer como ele nasce de repente,
mas isso parece ser meio inconseqüente.
Então recolho estes pensamentos
para poder descrever como eu lhe vejo.
Linda como se saída de um conto de fadas,
delicada como uma rosa recém desabrochada.
E nisso, eu que estava perdido em algum lugar,
fui encontrado por você, fada encantada.
Que com a leveza de suas mãos suaves
me levou de volta ao sonhar.
Devolvendo-me o sorriso que havia sumido.
Restituindo-me a simplicidade
que só se encontra junto à felicidade.
Assim, eu que não possuía um lugar,
ofereci meu coração para abrigá-la.
Um lugar simples reconheço,
mas que permanecerá aberto,
caso ache conveniente voltar a visitá-lo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ode

Em 28 de outubro do ano 0070, o apóstolo Judas Tadeu, foi martirizado por perseguidores do Cristianismo, então nesta data, que marca a elevação do apóstolo a Santo, celebra-se o dia em sua homenagem. São Judas Tadeu é visto como "O Professor", pois dos apóstolos, foi o que mais buscou disseminar os ensinamentos do Cristo aos povos.

Após a sua ressurreição, Cristo passou 40 dias com seus apóstolos, para transmitir-lhes seus últimos ensinamentos, que deveriam ser ensinados aos povos. No evangelho de São João, narra-se que Judas Tadeu indagou ao Mestre: "Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?", e recebeu como resposta do Mestre, que Ele se manifestaria a todos que guardassem e vivessem seus ensinamentos.

Na mesma ocasião outro Judas, mais conhecido como Tomé, mostrou-se incrédulo ao que seus olhos viam e quis tocar Cristo para ter certeza que Ele, era Ele mesmo. Pois para Tomé, Cristo não havia morrido, pois vivia dentro dele. Tomé havia tornado-se como "gêmeo" espiritual do Mestre, ele havia se tornado o apóstolo do Cristo "vivo", pois ele vivia os ensinamentos do Mestre.

Então, aqui temos dois Judas que levaram a palavra do Mestre de maneiras distintas, mas ao mesmo tempo iguais. Judas Tadeu que aprendeu os ensinamentos do Mestre e interpretando-os os levou ao povo, que não entenderia bem aqueles ensinamentos reservados aos apóstolos; e Judas Tomé, que viveu os ensinamentos do Mestre e foi ao encontro dos preparados para com eles compartilhar o "viver em Cristo" e os tornar apóstolos.

Desta forma temos dois grandes professores, um que prepara e forma o povo para viver os ensinamentos do Mestre, e outro que vai até os preparados e compartilha com estes o "viver" os ensinamentos do Mestre.

Nada poderia ser mais antagônico do que Cristo ser traído por um apóstolo chamado Judas; pois Ele possuía outros dois Judas que seriam: o disseminador de seus ensinamentos e o formador de seus apóstolos.

Esta postagem é minha contribuição, para honra de São Judas Tadeu, por ser ele o santo dos casos desesperados e/ou de difícil solução, e ter me concedido uma graça, intercedendo por mim junto a Deus, em um momento que eu muito precisava, e como Nótlim Jucks também é devoto do santo, hoje entramos em comum acordo e abdicamos de publicar uma de suas poesias.

Já minha citação a São Judas Tomé Dídimo, ou simplesmente São Tomé, é referente à minha conversão espiritual, que ocorreu quando li o livro "O Quinto Evangelho" de Huberto Rohden, em que Rohden nos apresenta os ensinamentos do Mestre, vividos por Tomé. Cristo deixou apenas 1 mandamento "Ama teu próximo como a ti mesmo", e uma infinidade de ensinamentos. O desafio é tentar vivê-los.

Fica aqui uma poesia, da qual não sei quem é o autor, mas que celebra o dia de São Judas Tadeu:

Ode a São Judas Tadeu

São Judas Tadeu, suplica por nós,
ressoe lá no céu dos pobres a voz!
Na paz do Senhor nos faze viver,
e o mal opressor não deixes vencer!

És do Cristo um apóstolo amado,
do Evangelho, fiel seguidor,
mas não eras assim tão lembrado,
só por causa de um tal traidor!

Porém hoje és um santo querido,
sempre a ti pede o povo favor,
e de Deus tu não és esquecido,
pois te atende no justo clamor!

Do cortante tu fazes cajado,
e apascentas ovelhas no amor,
das que sofrem nos queres ao lado,
partilhando também sua dor!

A Verdade que sempre liberta
tu revelas em gestos de luz,
e por nós intercedes, na certa,
quando em nós dói o peso da cruz!

Teu exemplo de amor já floresce
em mil vidas tão cheias de amor,
e na glória do céu resplandece
o teu nome, em sublime esplendor!

No teu nobre fervor caminhando,
eis o povo na paz a viver,
e com todos o pão partilhando,
mundo novo aqui faz florescer!

São Judas Tadeu, suplica por nós,
ressoe lá no céu dos pobres a voz!
Na paz do Senhor nos faze viver,
e o mal opressor não deixes vencer!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vontade

O poema-conto publicado aqui hoje, é na verdade uma narração alegórica que envolve o preceito moral da vontade, em que se tenta retratar uma jornada mística, uma competição valorosa, ou simplesmente a vida e seu maior bem. Jucks acredita que em outros tempos, o personagem sempre oculto do poema, poderia ser considerado um profeta atravessando suas provações, cujo fim é apenas um novo começo, ou a aurora de um novo dia, em que as provações estão em cada momento, no momento exato que estamos vivendo agora.

Como aço, como o vento... simplesmente vontade.

Enquanto as estrelas me guiarem,
enquanto houver forças em mim para continuar, eu o farei.
Os inimigos estavam mais perto do que eu podia imaginar,
mas com os instintos dos animais e a ajuda do Criador,
sobrepujei a todos.
Meu nome foi concebido para ser duro, forte e destemido.
Não temido, respeitado.
Considerando o que aconteceu;
considerando o que vivi,
nada se compara ao que eu aprendi.
Em momento algum, eu disse ser mais do que realmente era,
também não expressei nada mais que a verdade.
Mas mesmo assim houve os que disseram o contrário.
Eu corri com o vento, dormi com os cães
e comi o que me foi dado.
Atravessei o rio e suas armadilhas.
Ouvi o cantar dos pássaros e senti o frio da morte.
Mas mantive-me de pé, pois meu bem era maior.
Eu estava lutando por amor,
por meu destino.
Não nasci forjado pelo aço,
mas lutei como se fosse feito dele.
Minhas mãos endureceram durante a viagem,
meus lábios partiram e meu sorriso sumiu;
mas minha coragem me fez continuar,
eu estava lutando por amor,
por meu destino.
A tentação rondou-me a noite,
mas como um lobo e com um Lobo eu a afugentei.
Eu corri como o vento, eu me tornei o vento.
Ao final da jornada como uma brisa cheguei,
mas uma brisa com aparência de furacão.
Não nasci forjado pelo aço,
mas vivo como se fosse feito dele,
e enquanto as estrelas me guiarem,
enquanto houver força em mim para continuar, eu o farei!

Da Bíblia Sagrada

Do livro de Salomão, foi retirado o texto publicado aqui hoje, que é também um pedido de desculpas deste humilde redator ao seu autor exclusivo. Nótlim Jucks me solicitou que não mais usasse na chamada dos poemas, a frase - série de poesias dedicadas a "Feliz Fantasia" – isso, pois ele argumentou dizendo que os poemas aqui publicados, nasceram de sonhos e fantasias, muitos da experiência própria de ser humano, em toda sua intensidade, ou até mesmo em sua debilidade; que estes poemas devem participar da vida das pessoas que os lêem e não retratar exclusivamente um sentimento dedicado. O Poema "Feliz Fantasia" ainda será publicado aqui, mas será o último que teremos a real noção de que pertencia a uma série de poesias; e isso também foi julgado pelo autor, adequado, pois segundo ele, é um de seus mais belos poemas.

Súplica e Reconhecimento

Que Deus me conceda falar conforme desejo, e ter pensamentos dignos dos dons que recebi.

Pois é Ele o guia da Sabedoria e que corrige os sábios.

Em suas mãos estamos nós e nossas palavras, assim como toda prudência e habilidade.

Foi ele quem me deu conhecimento exato de tudo que existe, para eu compreender a estrutura do mundo e as propriedades dos elementos, o principio, o fim e o meio dos tempos, as alternâncias dos solstícios e as mudanças das estações, os ciclos do ano e as posições dos astros, a natureza dos animais e os instintos das feras, as forças dos espíritos e os raciocínios dos homens, a variedade das plantas e as propriedades das raízes.

Tudo o que está oculto e tudo o que se vê, eu aprendi, pois a Sabedoria, artífice de todas as coisas me ensinou.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Apenas observando

Segundo o calendário de Jucks, hoje é exatamente dia 21, dia de "Feliz Fantasia", pois foi neste dia que o poeta conheceu uma mulher deslumbrante, que o encantou como ele jamais esperava que fosse acontecer.

Ela o conquistou com a expressão pura de seus sentimentos, com o encantamento da descrição de um momento singular e único de sua vida, uma experiência contada de forma tão maravilhosa e cheia de paixão, que se fosse escrita viraria poesia. Disse-me Jucks, que foi neste dia que ele se apaixonou pela "Feliz Fantasia".


Sendo hoje então, um dia tão marcante para o poeta, eu quis saber mais sobre o que aconteceu entre eles, mas Jucks não quis me contar muita coisa, apenas me disse que o romance deles viveu todas as fases do extraordinário: aconteceu em inconformidade aos costumes; de maneira rara; sem obrigação de ser; de forma excepcional (também em todas as suas fases: em excesso; com excentricidade, anormal, etc.); muito grande ou descomunal; singular; assombroso; estupendo.


Para o poeta, o modo como eles se conheceram, aconteceu como se uma missão especial tivesse sido atribuída ao Universo; a de colocá-los juntos.


Recentemente, Jucks me confidenciou que parece que seu romance com a "Feliz Fantasia" findou, e tristemente me disse que como tudo foi elevado ao extraordinário, parece que terminou de maneira ordinária (comum), provavelmente devido à rotina e outras coisas que ainda vão perturbar a cabeça do poeta por um tempo, enquanto ele continuar tentando descobrir, ou até ele simplesmente aceitar.


A única coisa certa que há, é que deste romance foi composta a série de poesias dedicadas a "Feliz Fantasia", e como milagres acontecem todos os dias e a vida nunca deixa de ser extraordinária, cabe a nós apenas acompanhar até onde essas poesias vão nos levar...

Apenas observando

A chuva caí fina e leve esta manhã
e a luz do sol faz as gotas brilharem.
Há certa paz diferente hoje.
Sinto como se tudo estivesse certo
e acredito que esteja mesmo.
Você continua deitada sonhando
com algo que tem te feito sorrir dormindo.
Eu apenas te observo atentamente,
sem fazer barulho para não acordá-la.
Há este sopro de ar que entra pela porta
e levemente toca o lençol que te cobre.
O lençol se move delicadamente
e novamente se modela ao seu corpo.
Eu seria capaz de ficar horas aqui,
apenas olhando você dormindo
e imaginando com o que você tem sonhado.
Sua respiração tão tranqüila
combina com a natureza deste dia.
Lá fora ainda chove
e até mesmo a chuva caí leve
para não incomodar seu sono.
Bem em frente à varanda deste nosso quarto
há uma árvore que me faz recordar,
uma época que eu só precisava sonhar.
O passarinho que mora em seu tronco
me pergunta se ele pode cantar.
Eu peço que ele cante uma música calma
que não seja capaz de te acordar.
E as flores do jardim lá embaixo
me lembram alguma coisa de você
e deve ser por isso que todas elas
são mais vivas e mais belas.
As gotas brilhantes da chuva
escorrem de pétala em pétala
e como lagrimas chegam ao chão.
Existe essa paz diferente hoje,
que acalma meu coração
e faz com que eu sonhe acordado.
Você se vira na cama ainda com preguiça
e o lençol descobre suas costas.
O sol agora se aproxima dos seus pés
e impõe um brilho incomum a sua pele.
Você se vira uma vez mais
e seus olhos não querem se abrir,
então você simplesmente sorri.
Quer saber o que estou fazendo.
Digo que estou apenas observando
uma das coisas mais lindas que Deus fez.
Ela.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um primeiro amor

Foi em uma noite no fim do verão que o ônibus que a levava partiu; essas coisas sempre acontecem no fim do verão. Nótlim Jucks há um tempo me confidenciou que conhecera uma jovem linda, quando ambos estavam na flor da idade, ou na idade do verão, entre os 15 e os 17 anos.

Eles eram todos sorrisos acanhados, olhares encantados e corações carregados. Carregados daquela adrenalina que faz o coração pulsar mais rápido, por estar fazendo algo que se acredita que não se deve fazer. Então, entre as paredes de uma sala semi-escura, com os pais dormindo no quarto dos fundos, eles se amaram puramente; puramente é um jeito que pode ser definido como "amável", em que um carinho mais malicioso faz mais cócegas do que causa excitação, alguma coisa de descoberta, alguma coisa quase infantil.

Naquele verão eles se amaram, descobriram o primeiro amor de verdade, aquele que parece mágico e cheio de fantasias. Aquele amor sem preocupações, sem imaginar o que será amanhã, ou o que deve ser feito depois amanhã; todos os dias era apenas aquele amor. Simples, puro e porque não dizer ingênuo.

Mas este amor, em sua mais sublime concepção, aos olhos dos outros foi visto com malícia e dogmatizado, pois aqueles olhares certamente não entendiam, e desta forma eles foram obrigados a se despedir.

Sobre este primeiro amor, Nótlim Jucks escreveu dezenas de poemas, afogou todos os seus sentimentos em palavras e versos, sobrando apenas uma incerteza do que poderia ter sido, a incerteza de não saber se aquele primeiro amor poderia ter sido o verdadeiro. Mas a verdade é que todo amor, quando intensamente vivido, é genuíno, real e assim verdadeiro.

Aproveito a publicação do poema intitulado "Essa certeza incerta", para indicar a vocês um excelente filme, chamado "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera". Eu poderia fazer uma resenha do filme e explicar porque decidi indicá-lo aqui, mas cada um que assiste a este filme, encontra algo de si em uma das estações pelas quais o filme e a vida percorrem. Existem coisas que não podemos controlar, inexoravelmente o tempo e inexplicavelmente o coração das pessoas; por isso faço uso mais uma vez dos ensinamentos de Antoine de Saint Exupéry: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.".

Espero que apreciem, o poema é sobre uma despedida de um primeiro amor:

Essa certeza incerta.

Uma vez, não há muito tempo,
eu tive você em meus braços.
Agora as noites estão mais curtas
e os dias mais longos.

Eu me lembro que foi algo repentino,
você me olhou fixamente e eu retribuí.
Foi como se tudo estivesse congelado
e apenas nós nos movêssemos.

Não consigo explicar o que aconteceu.
Você tinha todas aquelas dúvidas
e eu todos aqueles problemas,
mas o mundo parecia querer se entregar a nós.

Havia um certo surrealismo no ar,
uma alegria que de tão alegre era triste
e que de tão triste não cabia em si de alegre,
confundindo todas as coisas.

Talvez porque não fosse para acontecer.
Talvez porque no mundo existam regras.
Regras que limitam nossos sentimentos,
que reprimam este amor que sentimos.

Mas eu sei que eu tive você em meus braços,
eu ainda sinto seu coração batendo,
ainda sinto seu peito pressionando o meu
num movimento tranqüilo e aconchegante.

Enquanto você esteve em meus braços,
minhas noites nunca foram vazias
e meus dias nunca foram sem graça.
Hoje tudo me parece tão estranho.

Há essa certeza de que tudo está certo.
Essa alegria que não existe,
essa tristeza que persiste.
E há esse sentimento de que estou errado.

Mas no meio disso tudo eu tenho uma certeza.
Agora minhas noites são vazias e curtas
e meus dias são longos e chatos.
Pois já não te tenho mais em meus braços.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Entre o desejo e a consecução

Hoje eu gostaria de compartilhar com vocês um poema escrito por Nótlim Jucks, que não chega a ser um romance ou uma novela de cavalaria, mas que trás em sua essência um pouco de amor cortês, um misto de contradição entre o desejo erótico e a realização espiritual alcançada através da conquista da mulher amada. Que no ideário dos que viviam os preceitos cavaleiresco, não havia nada mais sublime do que ser recebido no leito da mulher amada e por incontáveis momentos se sentirem como um só ser, completos, plenos e satisfeitos.

É estranho imaginar que numa época tida como "Idade das Trevas", havia os que procuravam a luz do amor, simples, mesmo que não duradouro, mas idealizado e sonhado, com uma intensidade que talvez seja difícil de encontrar hoje em dia, ou que apenas viva na imaginação dos bardos que compuseram canções e lendas, sobre Brunilda e Siegfried, Tristão e Isolda, e tantos outros. Sugiro que se tiverem um tempo e puderem, adquiram "Sagas de Heróis e Cavaleiros", volumes 1 e 2. São histórias simples e riquíssimas, vale à pena.

Sem mais delongas:

Entre o desejo e a consecução

Oh Deus!
Aclamar-vos-ei, pois meu coração se embaraça com minha mente.
O amor de um homem deveria ser sagrado
e o de uma mulher imaculado.

Mas eis me aqui diante de teus olhos,
a caminhar sobre tuas terras sem compreender,
porque fazes isso a meu tão exíguo ser
perante tua grandeza.

Quão afável é a dama
que ocupa todos os meus pensamentos e sonhos?
Quão grande é minha culpa
por fazer-me parte dos pensamentos de outra dama?

O mundo, no momento em que este meu sentimento se expôs,
nada significa! Pois grande seria a minha alegria
se aquela a quem meus pensamentos se põe aos pés,
dissesse que o que sente por mim é tão grande quanto o que sinto por ela.

Diz a lenda, que um homem sentado em uma nuvem branca,
branca como a barba do homem sentado nela,
redige a vida das pessoas
e que a cada linha redigida um caminho é traçado.

Pois a cada momento que me coloco a refletir,
vejo o homem a minha vida redigir
e a ele atribuo os infortúnios de meu caminho,
como se minhas faltas não fossem minhas e sim dele.

Mas este velho o qual chamam destino,
podia fazer-me sentir o gosto vigoroso da vitória.
E que vitória regozijaria mais meu coração,
do que a conquista da mulher amada.

E quais devaneios se fazem presentes
nos pensamentos de tão esperançosa dama,
que me adora sem saber como realmente sou,
simplesmente adora a imagem que tem mim.

Que culpa tenho eu?
Pergunto-me incansavelmente tentando descobrir;
que culpa tenho eu se ela faz de mim
objeto de seus devaneios.

Meus pensamentos ao extemporâneo são postos,
a expurgar minha mente me vejo,
pois preciso fazer-me esquecer
tudo isso que acontece a minha volta.

Mas quão virtuosos são meus atos, que a mim não encantam,
pois como um larápio de sonhos me vejo,
cujo fardo que me recaí é o de amar aquela que nestes braços já esteve
e como um raio a cortar o céu se esvaiu.

Por ser eu, um homem pobre de pecúnia,
tento me engrandecer nos sentimentos
e talvez isso me torne virtuoso nos atos,
mas apenas sentimentos não fazem uma vida.

Que grande valia tem um sentimentalista virtuoso
diante de um pecuniário grandioso?
Talvez o fato de não se ajoelhar e servi-lo
honrando a si mesmo e aos que acreditam.

Deus! Aclamar-vos-ei uma vez mais.
Pois como um grão de areia na imensidão do oceano me sinto.
Faze com que meu coração se acalme,
pois meus pensamentos agem de maneira inconcebível.

Pequeno sou diante destes pensamentos
por agir a mente do homem de maneira impulsiva.
Uma solução a mim cabe encontrar,
pois esquecer se faz impossível.


Mesmo que eu coloque meus pensamentos em outro lugar,
dirija-os há outros tempos,
eles parecem ajustar-se voltando a este momento,
como se só houvesse agora e aqui.

Mas que solução cabível requer
o amor que sinto por esta mulher,
e que solução cabível seria
a que não feriria a mulher para qual sou o que não sou.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Desse jeito

Hoje aqui no Mirtu's Blog vou lhes apresentar uma poesia, que considero particularmente especial. Ela narra às peripécias de uma menina que para Nótlim Jucks é sua Alice no País das Maravilhas, uma poesia que tenta ir até um tempo que ele não conheceu, que ele não viveu, mas que através da imaginação e dos sentimentos tentou trazer a todos a visão da menina "Feliz Fantasia" ainda criança.

"Feliz Fantasia" é uma pessoa feita de pura magia, que com um sorriso muda o dia e faz o Sol raiar; ela é uma música dos Beatles e linda como não se fazem mais pessoas lindas assim. A delicadeza e a força de sua certeza em si inspiram os que a conhecem, e fazem brotar lágrimas nos olhos daqueles que não a merecem.


Então, é com muito orgulho que o Mirtu's Blog publica o primeiro poema de uma série dedicada a "Feliz Fantasia":

Você criança

Eu imagino você contando estrelas
e sorrindo cada vez que perde a conta.
Sentada com seus pensamentos,
eu te vejo fantasiando com as nuvens.
Vejo você colorindo todas as folhas brancas
pois o mundo precisa de mais cor.
E criando novas histórias para contar
pois as antigas não são tão belas.

Eu imagino você correndo na chuva
e gritando a liberdade que lhe pertence.
Girando com seu vestido encharcado
e pulando na piscina a gargalhadas.
Você toda serelepe correndo e brincando,
como se a vida fosse feita dessa sua energia.
Desconhecendo qualquer tristeza deste mundo,
que deixa de ser triste quando você sorri.

Eu sou capaz de jurar que te vejo
subindo numa árvore pra comer goiaba verde.
E te vejo ralar o joelho no muro,
apenas para olhar do outro lado.
E ouço sua mãe gritar: "Você vai se machucar!"
Mas esse alerta só serve pra te incentivar.
Pois você sorri desse seu jeito maroto e continua,
afinal de contas você tem essa maneira toda sua.

Daqui do meu sonho eu sou capaz de te ver.
E vejo seus olhos brilhando de alegria,
pois você conseguiu mais uma vez o que queria.
E também ouço daqui você ser repreendida
e igualmente ouço sua resposta mais que rápida,
com a petulância infantil que lhe cabe: "Você não me manda!"
e vejo fumaça sair da cabeça de quem não manda,
mas certamente aceita, porque te ama.

Sobre essas e outras peripécias eu poderia contar,
mas sobre esse tempo só me cabe imaginar e sonhar.
Pois como você sabe e mais ninguém vai interpretar;
eu não vi você se lambuzando de sorvete,
muito menos se deliciando com mousse de chocolate da sua Vó.
Mas ainda assim fico imaginando você menina,
com aquele vestido que você não gostava de usar,
correndo e pulando na piscina só pra pirracear.

Eu te vejo assim, nem tão menina... criança.