domingo, 13 de junho de 2010

Folhas de outono

Há alguns dias assisti a uma vídeo-palestra do Dr. Wayne Dyer e durante a apresentação ele chamou sua filha, Skye Dyer para cantar uma belíssima canção. Ao fim da palestra, fiquei com a canção na cabeça, pois tinha certeza que já a havia escutado antes; e foi quando me lembrei que a belíssima canção era a "Prece" de São Francisco de Assis e que a versão que eu me lembrei naquele momento, foi a cantada por Sinéad O'Connor – Make Me a Channel of Your Peace.

Talvez esta publicação pareça um pouco despropositada, mas é porque hoje, por algumas horas, ouvi o CD da Sinéad O'Connor e essa música – oração – me faz um bem incrível, então quis compartilhar isso com vocês.

Prece
São Francisco de Assis
1182-1226

Senhor!
Faze de mim um instrumento de Tua paz!

Onde houver ódio, que eu leve o amor;
onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
onde houver discórdia, que eu leve a união;
onde houver dúvida, que eu leve a fé;
onde houver erro, que eu leve a verdade;
onde houver desespero, que eu leve a esperança;
onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
onde houver trevas, que eu leve a luz!

Mestre!
Faze que eu procure mais consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado...

Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado;
e é morrendo que se vive para a
vida eterna!

Já no fim da tarde, Nótlim Jucks me encaminhou um poema para o Blog e ao que terminei sua leitura prévia, me lembrei do livro do Mahatma escrito por Huberto Rohden – dois grandes mestres da minha vida – em que havia algumas citações sobre trabalho, propriedade e pobreza; e num ano tão importante como esse para o Brasil, achei por bem transcrever um pensamento do Mahatma antes da publicação do poema, algo como uma reflexão para a eleição que acontecerá no próximo semestre:

Nunca ninguém disse que uma miséria opressora leva à outra coisa que não degradação moral. Todo ser humano tem o direito de viver e, portanto, de encontrar o necessário para alimentar-se, vestir-se e habitar. Para essa incumbência tão simples não precisamos de ajuda dos economistas e de suas leis.

"Não se preocupem com o amanhã" é um conselho que se encontra em quase todas as sagradas escrituras do mundo. A garantia dos meios de subsistência deveria ser, e resulta que é, a coisa mais fácil do mundo numa sociedade bem ordenada. Na verdade, a prova de boa ordem num país não é dada pelo número de milionários que tem, mas pela ausência de fome entre as massas.

Agora sim, o poema:

Folhas de outono

As folhas de outono voam.
É mais uma manhã cinzenta.
Há uma criança chorando no fim do corredor.
Ela grita pela mãe que não está.
Mais uma dessas cenas típicas de um lugar pobre,
onde ela é apenas mais uma boca para ser alimentada.

Vocês não compreendem que um dia ela irá crescer.
Ela só precisa de uma mão que a ajude.
Mas no fim do dia chegará um homem irritado
e não haverá perdão em seus olhos.
Não deveríamos ser tão cegos,
estas coisas estão acontecendo ao nosso lado,
senão aqui, ali bem perto.

Podemos dar a volta ao mundo,
mas não notamos o menino que passa fome ao nosso lado.
Ele procura liberdade em jogos de rua,
mas é pior quando os jogos se tornam sua sobrevivência
e a vida dele se torna o grande prêmio.

Pode ser que não seja assim,
mas a fome o faz vagar a noite, às vezes,
e nestes caminhos ele pode aprender a roubar,
com certeza aprenderá a lutar.

Então em uma noite destas de desespero,
ele passará perto de você
que se considera um homem afastado disso tudo.
Ele tentará pedir um trocado
e você procurará abrigo em seu carro importado.
Ele te olhará nos olhos
e te fará lembrar que o mundo te deu tudo.

Numa noite dessas quando você estiver se recolhendo,
talvez encontre aquele garoto que você não quis ver
e dessa vez pode ser que ele carregue algo mais no olhar.

Com certeza ele apenas queria ser um homem como você,
mas há uma arma em sua mão de criança,
ela está carregada e pronta para mudar sua vida.

Desta vez você irá vê-lo.
Ele está cansado de ser uma folha de outono.

sábado, 12 de junho de 2010

Não querer, querer.

Hoje é dia dos namorados e o Mirtu's Blog faz uma publicação romântica. Hoje se você tiver um encontro casual, que ele seja carregado de paixão momentânea; aquela paixão que arde, entusiasma e alucina. Que não deve ter peso na razão, nem no coração. Que têm como único objetivo, provar que em você, há vida.

Se hoje você tiver um encontro determinado, que ele seja mais sério que os demais, mas não sério demais. Um encontro em que você se permita alguns gracejos finos e alguns olhares que incitem desejo. Que seja regado a um bom vinho, com o cuidado de que ele seja um dos instrumentos da paixão prolongada; que ajude a acender a chama, não a trazer sono. Pois esta paixão é como uma lareira bem montada; deve ter a chama pequenina atiçada, para que de repente, num fogaréu a madeira estale e por toda noite o calor se espalhe. Permanecendo assim até que chegue a manhã e finde então num suspiro leve...

... celebrando o dia da paixão, o poeta Nótlim Jucks me enviou um poema que se refere a este sentimento estonteante:


Não querer, querer.

Ela diz "Eu não posso";
mas seus olhos imploram.
Ela diz "Eu tenho que ir";
mas seus braços me apertam.

Tudo nela me diz o que ela não permite.
Ela quer ficar, passar a noite e me amar.
Ela chora como se houvesse alguma culpa
que devesse ser lavada com lágrimas.

Então eu decido!

Seguro o corpo dela junto ao meu
e ela já não mais resiste como antes.
Quando sorrio de leve e a olho nos olhos
ela finalmente me abraça.

Seus lábios se movem
querendo dizer algo que já sabemos,
então aqueles belos lábios encontram os meus
e por incontáveis minutos permanecem unidos.

Ela sussurra ao pé do meu ouvido
"Eu não posso".
Eu sorrio e respondo que ela pode,
ela pode ter tudo que ela quiser.

Sinto como se o mundo fosse laçado
em um abraço aconchegado,
ela se aninha no meu peito
e já não tem mais que ir.