Um Lance Momentâneo

A hora do encontro é também despedida 

a plataforma desta estação, é a vida.

Milton Nascimento e Fernando Brant

Um Lance Momentâneo

uma adaptação livre retirada do filme 

'O Curioso Caso de Benjamin Button'

Às vezes, nós estamos numa rota

de colisão e nem sequer sabemos.

Seja sem querer ou de propósito,

não há nada que possamos fazer.

Uma mulher em São Sebastião

estava saindo para viajar.

Mas tinha esquecido a carteira

e voltou para pegá-la.

Quando ela voltou,

o telefone tocou.

Ela parou para atender

e falou por alguns minutos.

Quando ela estava falando,

Lipe e Isa estavam em viagem...

para chegar a São Sebastião

e aproveitar o fim de semana.

Enquanto eles viajavam,

a mulher, que havia desligado...

tinha saído para chamar um táxi.

Um passageiro tinha saltado

e o motorista...

parou para tomar um café.

Enquanto isso,

Lipe e Isa estavam viajando.

E o motorista que tinha

deixado o passageiro...

e tinha parado para um café...

pegou a moça que estava indo viajar

e precisava chegar rápido a rodoviária.

O táxi parou para

um homem atravessar a rua.

Ele tinha saído cinco minutos

mais tarde que de costume...

pois não tinha posto o despertador.

Enquanto o homem, atrasado,

atravessava a rua...

Lipe e Isa estavam viajando

com o vento a lhes roçar os braços.

E enquanto eles viajam...

o táxi se apressou com a mulher

para chegar a rodoviária...

mas a moça do guichê estava melancólica 
demorando a atendê-la...

ela havia brigado com o namorado na noite anterior

e não estava preocupada com mais nada.

Quando a mulher, recebeu o ticket,

o ônibus já estava saindo e ela teve que correr...

contudo um caminhão o havia bloqueado.

Enquanto isso,

Lipe e Isa estavam viajando.

O caminhão foi embora

e o ônibus pôde andar...

enquanto isso Lipe e Isa,

pararam para tomar um refresco...

e esperar o carro que os acompanhava.

Enquanto o ônibus

esperava o sinal abrir

o motorista se inquietava pois estava atrasado...

Lipe e Isa voltavam para estrada.

E se só uma coisa tivesse

acontecido de forma diferente...

se eles não tivessem parado para um refresco...

ou o caminhão tivesse

saído um pouco antes...

ou a moça tivesse vendido o ticket com alegria...

pois ela não teria

brigado com o namorado...

ou o homem tivesse levantado

cinco minutos mais cedo...

ou o taxista não tivesse

parado para tomar café...

ou a mulher tivesse lembrado da carteira

e tomado um táxi anterior...

Lipe e Isa teriam

feito aquela curva...

e o ônibus teria passado por eles.

Mas, sendo a vida uma série

de vidas cruzadas e incidentes...

fora do controle de qualquer um...

aquele ônibus não passou por eles...

e num lance momentâneo...

...aquelas vidas foram abreviadas.

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Esta publicação é dedicada a Felipe Prado (10 de janeiro de 1984 - 01 de dezembro de 2012) e Isabela Doenha (10 de julho de 1987 - 01 de dezembro de 2012), que foram embora cedo demais.

Isa e Lipe