segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Escola de Mistérios

O que faz o homem realmente bom é a consciência do seu ser e a vivência do seu agir. Huberto Rohden
Educação do Homem Integral
Bem, essa publicação surgiu em uma conversa que tive com o mestre Issa, em que falávamos sobre educação e a formação do Homem, principalmente sua formação como membro da sociedade. Então o mestre me contou uma história fascinante, que hoje permanece para nós como uma lenda.

Segundo o mestre Issa, os graus de formação que possuímos hoje – como exemplo o ensino no Brasil, que é dividido em "Ensino básico": Educação infantil, Ensino fundamental, Ensino médio e Ensino profissionalizante; e "Ensino superior": Graduação e Pós-graduação – não é uma criação contemporânea e sim um "reflexo" dos "centros educacionais" de milhares de anos atrás, quando a educação do Homem se dava em períodos de 7 em 7 anos, sendo três os níveis: básico, aprendiz e mestre. Com uma diferença peculiar, pois os "centros educacionais" de então, se dedicavam a "Educação do Homem Integral" – e aqui encontramos um livro homônimo escrito pelo filósofo e educador brasileiro Huberto Rohden – isto é, um homem com conhecimento e consciência.

Nesta conversa que tive com o mestre, pedi que ele me disponibilizasse algo para ser publicado no Blog. Então, em meu estágio de "Químico da Alma", ou Alquimista Aprendiz, o mestre me permitiu publicar o trabalho realizado por Fernando Malkún e Josefina Murillo, em que é traçado um histórico condensado de como se dava a "Educação do Homem Integral" milhares de anos atrás. O trabalho é nomeado: "A Escola de Mistérios" – e é a maior publicação já realizada pelo Mirtu's Blog, espero que vocês gostem.

A Escola de Mistérios
Cernê - Capital da Atlântida
Esta história começa antes da destruição causada pelo Dilúvio, quando ainda existia outra civilização na Terra, sobre o lugar que hoje convertido em lenda, chamamos de Atlântida. Lá havia uma sabedoria produto da evolução da consciência do Homem por milhares de anos, eram verdades aprendidas sobre o funcionamento do Universo e do processo que chamamos Vida.

O estudo das constelações lhes revelou que a humanidade era uma união vivente entre o céu e terra, e que as estrelas e os sóis a influenciavam, formando estações, ciclos e ritmos.

Sábios Sacerdotes da Escola de Conhecimento Naacal na Atlântida descobriram que o planeta estava nos momentos finais de um destes ciclos.

Avisaram então os governantes - sem que estes lhes dessem ouvidos - que uma catástrofe eminente destruiria as estruturas que organizam a vida do Homem. E sem o apoio da maioria da população, construíram alguns barcos fechados por todos os lados e os protegeram com campos eletromagnéticos.

Comandados pelo Sumo Sacerdote Chiquitet Arelich Vomalites, subiram abordo com suas famílias, alguns instrumentos e animais domésticos, afastando-se da Atlântida. E então o planeta estremeceu, "os céus derreteram" e as águas arrasaram os continentes, apagando quase todos os rastros de sua civilização.
O Dilúvio Universal
Como evidência desta civilização, próximo ao Egito foram encontrados gigantescos monumentos de pedra, chamados "megálitos", que por seu tamanho, peso e difícil montagem, revelam uma tecnologia desaparecida, certamente da civilização atlante.

A primeira evidencia está em Baalbek, Líbano – lá se encontram os três maiores e mais pesados monumentos de pedra do mundo, chamado "monolitos". Cada um pesa 1.500 toneladas, mede 25 metros de comprimento, 8 metros de largura e 5 metros de altura. O maior peso que podemos levantar com um guindaste, é o ônibus espacial Discovery, que pesa somente 150 toneladas, um décimo do peso dos "monolitos". Não existe hoje, tecnologia para levantá-las e muito menos para posicioná-las com tanta precisão quanto à encontrada em Baalbek.
Monolito de Baalbek
O lugar onde as pedras foram talhadas fica a três quilômetros de Baalbek, onde se encontra uma pedra do mesmo tamanho, que nunca foi utilizada pelos construtores originais.
Monolito de Baalbek
Em virtude do seu tamanho, a misteriosa plataforma tornou-se um lugar sagrado para as culturas, que depois do Dilúvio se assentaram na região. Assírios, Persas, Gregos e por último os Romanos, construíram seus principais templos sobre a plataforma.
Alegoria do Templo de Júpiter
A segunda evidencia está em Jerusalém, a cidade que é sagrada para três religiões. Lá existem outros destes "megálitos", monumentos gigantescos, pesando cada um, mais de 800 toneladas. Por seu enorme e inexplicável tamanho, também se converteram em lugares sagrados, em volta dos quais cresceu Jerusalém. Fazem parte da enorme plataforma que sustentava o Tempo dos Judeus e que hoje segura a Mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha.

As pedras fazem parte das fundações do Muro das Lamentações. Hoje se chega lá por um túnel que revelou as enormes pedras. Os "megálitos" de Baalbek e de Jerusalém faziam parte de construções desaparecidas com o cataclismo universal e permaneceram em seu lugar por serem tão imponentes. Este cataclismo destruiu a civilização atlante e isto aconteceu por volta do ano 10.900 a.C, quando o sistema solar transitava no signo de leão (10.940 – 8.780 a.C) e está registrado nos livros sagrados de todas as culturas do mundo.

Quando se recuperou o equilíbrio, os Sacerdotes sobreviventes ao cataclismo desembarcaram no centro da superfície terrestre, no lugar onde sabiam, afluem às forças telúricas do planeta. Esperavam utilizar estas forças para dar impulso ao pensamento do Homem, construindo maciças formas piramidais, que ressoavam, concentravam e transformavam a vibração fundamental do planeta em energia. Eram seres muito avançados espiritualmente, que tinham um conceito de progresso que não estava baseado em aquisições materiais, mas em encontrar a paz e a harmonia interior, transformando o limitado Homem animal, no Homem-Integral.

Estes Sacerdotes, num momento que chamaram Zep-Tep: Tempo Novo; viram ressurgir das águas, um oásis estreito e longo, uma terra fértil, rodeada pelo deserto protetor, as margens de um longo rio, e chamaram-no Egito. A terra que emerge das águas, o país de um único rio, o Nilo, com as melhores condições para gerar uma nova civilização.
O Nilo
Os Sacerdotes viram o cataclismo como uma oportunidade de orientar a humanidade a um destino mais alto e estruturar neste novo ciclo, uma sociedade dedicada ao aperfeiçoamento espiritual. E a Esfinge demonstra os enormes ciclos de tempo que consideravam. Sua forma ressalta o ciclo compreendido entre a era de leão e a de aquário, os tempos de influencia da nova civilização.

Eles viam a vida como um processo desenhado por Deus, no qual o Homem reencarna sucessivamente para aperfeiçoar-se e ascender na hierarquia do Universo. O espírito do Homem que não entende o Criador, nem a razão do Universo, ou de sua própria existência, se encarna num corpo para viver experiências que lhe permitam adquirir sabedoria e compreensão.
Abu Simbel
O lugar em que reencarna e experimenta tudo, tem dois extremos opostos, é um Universo polarizado e dual, que permite a comparação entre as partes para compreender qual é a verdadeira. Aprende-se individualmente, o resultado de cada decisão e comportamento na vida, o sofrimento permite entender a felicidade, e a angústia permite entender a paz. Ao longo de muitas vidas, comparando os dois extremos, entende-se que a verdade está no centro, na neutralidade do amor. Através da reencarnação o Homem compreende a vida, se transforma num ser que respeita tudo que existe, compreende que tudo tem a sua função, aceita que todas as circunstâncias, mesmo as mais difíceis, são perfeitas, pois são lições para o aperfeiçoamento espiritual.

Vida após vida, o Homem vai subindo de nível, tem mais informação, permanece em paz e harmonia, maneja mais energia vital, se transforma num ser tolerante e respeitoso, que alcança mais poderes. Compreende que no Universo dual, em circunstâncias contraditórias, a única coisa que não tem polaridade é o amor. O amor é neutro como Deus.

Com o Zodíaco de Dendera ensinaram que esse processo de aprendizagem concede a cada espírito um ciclo cósmico, doze eras zodiacais. Um giro completo do sistema solar, recebendo a radiação de cada uma das 12 constelações.

Durante estes 25.920 anos, reencarna 700 vezes em diferentes corpos, lugares, tempos, circunstancias, condições e personalidades. Em cada vida aprende algo diferente, cada vez nasce influenciado de diferentes maneiras pelas forças que as estrelas irradiam. Assim todo ser vivo cumpre um ciclo cósmico, recebendo energia das 12 constelações e as influências dos céus, que marcam ritmos e produzem estados diferentes. Conhecendo a relação deste processo de aprendizagem, das vidas do Homem na terra, com o movimento do planeta e do sistema solar, regeram seus planos pelas estrelas.
Ciclo Cósmico
Estruturaram um método para revelar informações sobre Deus, o Universo e processo de aperfeiçoamento, por milhares de anos. Uma forma de mostrar ao Homem o que é a vida e para que existe. Estabeleceram fases para revelar informações sobre Deus ao seu povo, etapas que mudariam como as eras zodiacais na abóbada celeste. Épocas dedicadas a estudar como Deus criou o Universo e depois a consciência do Homem. Cada fase da revelação foi dirigida por um centro religioso construído ao longo da coluna vertebral do Egito, o Nilo. Atuaram como os chakras, ou centros de transformação e distribuição de energia e informação ao corpo do país.

Desenvolveram em quatro épocas, quatro centros religiosos, cada um deles dedicado a explicar e conseguir a compreensão do povo, sobre uma fase do Gêneses. Cada um deles dedicado a um momento distinto do único Deus, com nomes e formas simbólicas diferentes.

O primeiro centro religioso estabeleceu-se em Annu, chamada Heliópolis pelos gregos. Ao começar a era de gêmeos no ano de 6.620 a.C, na época pré-dinástica do Egito. Uma época dedicada à simetria na arte e na arquitetura. Foi dedicada a revelar informações sobre as características, qualidades e significados de um Deus absoluto, O Único Deus, a causa original, o todo, que chamaram Atum-Ra, a unidade homogênea, estática, antes de manifestar o Universo.

O segundo centro religioso estabeleceu-se em Menfis, ao começar a era de Touro, ano 4.460 a.C; foi dedicado a revelar informações de outro momento de Deus, quando manifesta o Universo, os planetas e os Homens, quando ativa sua vontade, a sua energia Divina e cria a matéria. Essa característica criadora de Deus chamaram Ptah. Durante essa época sente-se a influência de Mentu, o touro que representa a era de Touro, em todo o Egito, até nos nomes dos Faraós.

O terceiro centro religioso foi criado em Hermópolis, dedicado a Thoth; assim chamaram o único Deus, quando multiplica a criação sobre a terra com a diversidade da natureza, das plantas e dos animais.

O quarto centro religioso estabeleceu-se em Tebas, com a chegada da era de Áries, o Ram, no ano 2.300 a.C; foi dedicado a revelar informações sobre as características, qualidades e significados de Deus, quando cria a Sua imagem e semelhança, a consciência do Homem, chamado de Amon-Ra; nessa época acontece o momento culminante da civilização, constroem-se centenas de templos, onde a imagem de carneiros predomina e os faraós incorporam Amon e Ram aos seus nomes.

As mudanças de era, ou constelação zodiacal (Câncer – 8.870 a.C – 6.620 a.C, Gêmeos – 6.620 a.C – 4.460 a.C, 4.460 a.C – 2.300 a.C, 2.300 a.C – 150 a.C) determinaram a duração de cada fase da revelação, o povo entendeu aos poucos que existe um só Deus, que por suas características em momentos diferentes que cria o Universo e o Homem, tem nomes diferentes. Criaram uma Escola de Mistérios para transmitir o seu conhecimento, garantindo os Sacerdotes sucessores de sua casta, para continuar o processo de revelação. Desenvolveram-se ao redor dos templos e centros religiosos. Em seu interior se dedicaram a converter os iniciados, em seres respeitosos, capazes de guiar seu povo e manejar as forças fundamentais da natureza.
Templo de Luxor
Escolheram seus discípulos entre todos os meninos do Egito, pelo nível de consciência e de sensibilidade que demonstravam, dando-lhes a possibilidade de dedicar-se a uma vida de sacerdócio. Deram-lhes informações sobre o processo de aperfeiçoamento, sobre Deus e o Universo, através da reencarnação; ensinaram-lhes ciências, artes, religião e filosofia. Foram treinados a exercitar seu autocontrole, aprenderam a conservar sua energia vital, a compreender a importância do respeito e do livre-arbítrio, acelerando seu processo evolutivo. Foram convertidos em sucessores de sua casta, Sacerdotes com o conhecimento e o poder que este produz, com a missão de guiar o povo no caminho de aperfeiçoamento geral.

Foram encontradas estatuas de Sacerdotes, uns saindo de um cubo, outros representados como escribas, seres com conhecimento. Alguns poucos tiveram adicionado aos seus nomes a palavra Hotep: Sábio – como Imhotep, ou Amenhotep, "filho de Hapu", como reconhecimento de sua sabedoria.

Foi dos templos onde concentraram o conhecimento, o poder, a riqueza material e espiritual, que impulsionaram a organização da civilização egípcia. Utilizaram o Olho de Hórus, como símbolo dessa organização fechada de Sacerdotes que dirigiam o destino do Egito por milhares de anos, nas sombras atrás do faraó.
Olho de Hórus
A Escola de Mistérios utilizou o Olho de Hórus como seu símbolo, uma assinatura que aparece nos muros de todos os templos do Egito. Um símbolo que trás a mente e evoca o seu significado, sua ação principal e transmite uma idéia de maneira muito simples, além das palavras. Seu significado pode ser entendido milhares de anos depois de ter sido desenhado.

Os olhos são o sentido do Sol, a origem da vida. Atuam percebendo a sua luz e as vibrações da cor, transmitem a mente a intensidade e a força do fogo. Os olhos são os terminais nervosos que percebem a vontade Divina, a intensidade da luz, a força de Deus que os egípcios chamavam de Phi; a força que condensa o espírito na matéria, dando lugar ao Universo, um lugar de experimentação da consciência. São os únicos nervos na superfície do corpo e que podemos observar seu funcionamento vital e florescem dentro de esferas com um liquido branco cristalino.

Os olhos simbolizam a dualidade, o olho esquerdo é Solar, sensível ao negativo; o direito é Lunar, sensível ao positivo e afirmativo. Cruzam a sua informação para produzirem a imagem mental correta do espaço. Simbolizam a experimentação da consciência num Universo de contrastes, para encontrar a verdade por comparação entre as partes opostas. Reagem a luz ativa do Sol, produzindo na mente a verdadeira luz, a energia vital luminosa, uma luz invisível que torna possível a inteligência e a compreensão da realidade.

Os pássaros evocam a ação de voar, a liberdade sem limitações materiais. O falcão é o pássaro que vê melhor. E Hórus, o falcão, representa o espírito quando completa a sua aprendizagem na vida mortal e limitada, quando entende as verdades do Universo, porque as verificou em muitas vidas e se eleva sobre as limitações materiais, sobre o tempo e o espaço. O Olho de Hórus é a consciência imortal que tudo sabe, tudo vê. Pode voar muito alto, sobre tudo que existe, ou fixar a atenção em qualquer detalhe.

Evidentemente os sábios Sacerdotes se viam como observadores e guias de um movimento de aperfeiçoamento em direção a luz, por isso o seu símbolo era o Olho de Hórus, o Olho que Tudo Vê. A começar pelos templos, os Sacerdotes do Olho de Hórus guiaram em paz e harmonia o aperfeiçoamento espiritual do povo, revelando informação sobre Deus, o Universo e o processo que sofre a consciência do Homem.

Protegido por muros altíssimos (Templo de Luxor, em Tebas), cada templo era um enorme complexo, onde moravam milhares de pessoas (Templo de Karnak, em Tebas), homens e mulheres igualmente, porque não havia distinção de sexo. Dedicavam pelo menos 21 anos de suas vidas, recebendo informação e treinamento (Templo de Osiris, em Abydos) para converterem-se em Sacerdotes ou Sacerdotisas. O processo de aprendizagem era realizado em vários templos, onde permaneciam por longos períodos, enquanto recebiam as informações necessárias, havia treinamento correspondente a esse e provas de autocontrole para alcançar outro nível, em outros templos sobre o Nilo.
Alegoria do Templo de Karnak
Cada templo era uma biblioteca viva com informação especializada, cada um continha uma informação diferente sobre o Universo, ou a razão da existência. Cada templo continha em seu interior um tema sagrado distinto, com informações que dão sentido a tudo que existe. O nível básico se realizava durante os primeiros sete anos, quando recebiam informações gerais sobre o Universo e treinamento para manipular os centros energéticos mais baixos do corpo.

Havia templos como o de Kom Ombo, dedicados a entender a necessidade do Universo dual e polarizado, para permitir a mente comparar entre extremos opostos e assim compreender a verdade. Em seu interior, aprenderam a controlar o medo da perda, a entender que se possuí em cada vida o necessário para entender as experiências de aprendizagem. Tinham instalações que despertavam o medo da morte, para aprender a controlá-lo e entender que a morte é apenas um passo para outra experiência. Em tuneis com água e crocodilos, grandes alturas, lugares fechados com serpentes, os iniciados provavam a sua determinação. Lá receberam a informação para superar o medo ao abandono, os instintos de agressão e defesa, e entender a existência de programas mentais inconscientes que geram reações automáticas, de forma que pudessem controlá-las.

No templo de Luxor em Tebas, transmitiram os conhecimentos que tinham sobre o funcionamento do corpo e o treinamento para que a consciência se identificasse com ele. O templo inteiro era como um organismo humano, cada salão representando um órgão com informações nos muros, sobre sua função principal, sobre o beneficio que o organismo inteiro obtinha ao realizá-la e sua relação com os outros órgãos. Em seu interior realizavam exercícios de concentração e de movimento, levando a sua mente a cada órgão, até que o corpo inteiro estivesse consciente e os manipula-se a vontade, como um excelente instrumento.
Planta do Templo de Luxor
Vários templos com Sacerdotisas de Néftis e Ísis se dedicavam a transmitir informações e treinamento sobre as percepções físicas, as emoções e desejos carnais, sobre a diferença das emoções superiores, a intuição e a inspiração. Aprenderam a transmutar as paixões e as sensações do corpo, com o poder do espírito, a elevar a consciência e sua depuração vital, a solicitar a canalização de energia e inspiração de espíritos em planos mais evoluídos, para despertar a criatividade.
Templo de Isís, em Philae
Muitos templos como o de Hathor em Denderah, estavam dedicados a ciência, astronomia, astrologia e matemática. Em seus terraços se dedicavam a registrar os céus, a entender as diversas energias que cada constelação emite e os efeitos que produzem. Seguiam dia a dia os desígnios das estrelas, controlando a duração do ano solar, a data exata da enchente do Nilo, o momento que a terra mudou da era de Touro para era de Áries e os lugares que afetam o processo de evolução.

Depois de receberem informações dirigidas à razão e treinamento para controlar sensações, emoções e pensamentos, dedicavam outros sete anos ao lado direito do cérebro, a inteligência do coração, a encontrar a diferença entre pensar e meditar.

O templo de Karnak, o maior do Egito, estava dedicado a consciência. A analisar as forças que a moldam, a entender o processo de evolução e acelerá-lo, utilizando conceitos, palavras, sensações, pontos exatos ou movimentos. Aprenderam a concentrar-se si mesmos, a diferenciar entre o Eu Superior e o Ego, a identificar-se com ser ou objeto externo, até sentir e transforma-se no que se pensa.Realizavam exercícios de telepatia em lugares próximos, depois a distancia, num momento determinado do dia, até aprenderem a comunicar-se mentalmente a qualquer hora. Recebiam informações sobre o tempo e treinamento para vivê-lo como um eterno presente. Entendiam que pensar é comparar para conhecer e que quando se sabe tudo, não se pensa, nem se compara. Aprendiam a mudar de estado ou nível vibratório, a manejar as circunstâncias externas, conseguindo o equilíbrio emocional, como uma decisão mental interna.
Templo de Karnak
Cada templo continha três níveis de informação, era uma maneira de revelar informações simultaneamente a Homens em diferentes níveis ou estados evolutivo.
Templo de Hatshepsut, em Deir-El-Bahri
O primeiro nível transmitia informações básicas dirigidas ao povo, cada templo contava uma história simples, repleta de símbolos e personagens fantásticos, um drama sagrado facilmente compreensível, as idéias eram expressadas como mitos em forma de história. O mito, a história fantástica, foi utilizado como método para revelar ao Homem, um mundo que ele só entende imperfeitamente. Os mitos ganham vida quando se acredita neles. Inventavam personagens com características simbólicas, com formas que trazem a mente sua função e atividade principal, que participavam de histórias simples e parábolas que contam verdades sobre a natureza humana, sem a aridez e abstração da filosofia e da metafísica. O povo recebeu a informação sobre cada tema sagrado ao conhecer a história central de cada templo, ao conhecer as fraquezas e forças de cada personagem, as circunstancias que atravessam e a maneira como os resolvem.

Utilizavam um segundo nível de informação, dirigidos aos discípulos, seres com um nível espiritual mais elevado, aos quais se explicava diretamente o mesmo tema sagrado, de uma maneira mais concreta e profunda. Para isso utilizavam as cenas descritivas do mito, talhadas no muro do templo. Explicavam cada personagem, o que simboliza no Universo, a parte no processo de aperfeiçoamento que representava, o porquê da sua forma, comportamento e sua função principal.

A sabedoria dos Sacerdotes do Olho de Hórus fica evidente na história contada por cada templo e nas formas que utilizavam como símbolos, é só olha-lhos e vem na mente a ação vital que representam, ou qualidade que se ganha ao realizá-la. Ao representar Homens com cabeça de animal como símbolo, os transformam em idéias que evocam a característica vital do animal. Trazem a mente a função do animal no Universo. Um homem com cabeça de chacal adquiri as suas características, seu sentido de orientação no deserto, seguindo suas pegadas chega-se sempre a terras cultivadas, é, portanto um excelente guia. Cada símbolo evoca uma simbologia, a forma simples de um pássaro evoca na mente o vôo, a liberdade. Um disco solar sobre a cabeça de um homem, fala da sua iluminação, da sabedoria que irradia, da informação que tem, do nível da sua consciência.

Estudaram nitidamente os animais e os insetos, assim reuniam um profundo conhecimento sobre a sua vida, sua atividade principal, suas necessidades vitais, os hábitos que desenvolviam para supri-las, sua dieta alimentar, a duração de sua gestação, seus hábitos sexuais e o sentido principal da sua existência. Escolheram os animais mais idôneos para representar uma ação vital e o que acontece no Universo quando se executa. O processo da lagarta que se arrasta e tece para depois transformar-se em borboleta.

De todos os pássaros o falcão é o que vê melhor, tem um cérebro ótico com a vista mais perfeita e desenvolvida, por isso é escolhido como símbolo para representar essa função vital, o sentido da visão. Uma figura humana com cabeça de falcão é um ser que tudo vê, que domina o panorama, vendo perfeitamente cada um dos detalhes em que foca sua atenção.
Hórus
Estas figuras chamadas deuses, ou Nethers pelos egiptólogos que acreditam que o Egito era politeísta e que adoravam os animais, representam apenas uma ação vital, um comportamento que transforma e aperfeiçoa. Cada ação importante da vida tem um símbolo que a representa, comunica à transformação que acontece na essência do individuo que a executa e o que obtém dela. Um par de braços indica adoração, um par de pernas, ação de andar, uma boca, ação de falar.

E por último, num terceiro nível de informação, cada templo guardou um código secreto embebido no próprio símbolo, era conhecido apenas pelos altos Sacerdotes e Mestres, com informações sobre forças e energias fundamentais, como controlá-las e utilizá-las para prestar serviço ao seu povo. Em templos como o de Hórus em Edfu, o Sumo Sacerdote levou seus discípulos mais evoluídos a deslocar sua consciência no tempo, abrindo o inconsciente para reviver e compreender as vidas passadas em seu processo de reencarnação. O Sumo Sacerdote sempre foi um ser muito adiantado no caminho espiritual, ele não se identificava com o corpo, conhecia perfeitamente o seu funcionamento e que energias utilizar para equilibrá-lo. Controlava no centro nervoso no alto da cabeça o mais alto nível de energia vital, permanecia num eterno presente, irradiando amor, guiando e servindo com seu divino poder.
Templo de Hórus
A matéria apenas recebe, se contrai; dar é irradiar, esta é uma característica vibratória do espírito. Os seres de cada nível recebem e transmitem aos níveis inferiores.

Em seus salões entenderam que a realidade se compõe de sete níveis de energia vibratória, sete correntes energéticas, com sete diferentes níveis de poder ou força. O corpo tem sete chakras, ou centros de transformação da energia fundamental do Universo. Cada ser humano em sua vida presente utiliza um destes sete centros dependendo do nível de evolução de sua consciência.
Chakras
Quanto maior compreensão do Universo, mais respeito, mais alto chakra o centro nervoso utilizado para transformar a energia, maior quantidade de energia processa diariamente e mais poderes transcendentais possuí. O Sumo Sacerdote podia controlar as forças fundamentais, pelo altíssimo nível de energia vital que permanecia o seu organismo. Seu sistema nervoso tinha uma resistência correspondente a esse nível de energia.

Assim em todos os templos do Egito, os iniciados receberam informação e treinamento, aumentaram paulatinamente seu nível de energia vital e de maneira correspondente o nível de resistência dos nervos de seu corpo. Aprenderam a manter-se em paz, harmonia, a respeitar a tudo que existe, aceitar a perfeição do Universo, para conservar seus níveis de energia vital, no caminho do aperfeiçoamento que leva a onipotência, ao controle de forças e energias superiores. Um intenso preparo físico, mental e espiritual que terminava com o momento de experimentar o tudo e o nada (Pirâmide Escalonada, Saqqara), o manifesto e o não manifesto, e receber numa pirâmide (Pirâmide de Kefrén, Gize) uma poderosa energia que permite vislumbrar o sétimo nível de consciência.

Durante a era de Touro se dedicaram a experimentar uma forma piramidal de tecnologia ressonante, que transformava as vibrações do planeta em energia (Pirâmide de Maidun). Um conhecimento herdado, a ser colocado em pratica (Pirâmide Inclinada e Pirâmide Vermelha de Dahshur).

Colocaram maciças formas piramidais de milhões de toneladas, em pontos nevrálgicos, sobre a malha eletromagnética do planeta. A massa piramidal que continha milhões de partículas de quartzo, vibrava com a terra, produzindo energia pela fricção de suas moléculas, num fenômeno que hoje chamamos de peso elétrico.
Pirâmide de Keops
Construíram muitas pirâmides, até chegar ao modelo perfeito da Pirâmide de Keops. Seus corredores, galerias e câmaras transformaram essa energia em som, fazendo vibrar em níveis cada vez mais altos o que fora preparado, físico, mental e espiritualmente. Esta força impulsionava a mente do Homem a perceber outras dimensões, chegando a outros estados especiais de consciência. Com essa ajuda externa os iniciados vislumbravam o sétimo nível de consciência. Retornavam relembrando o êxtase obtido, as verdades verificadas, para transmiti-las a seus companheiros com palavras e ações. Em suas meditações posteriores obtinham novamente este estado de unidade sem movimento, até que essa situação se consolide definitivamente e eles fiquem de maneira permanente no estado de Deus-Homem, sempre irradiando energia positiva de amor.
Corredores, Galerias e Câmaras de Keops
O conhecimento sobre as formas puras do Universo, os blocos básicos com que se organiza a energia e a matéria, foram fundamentais para o desenvolvimento da civilização egípcia. Hoje chamamos essas formas puras de sólidos platônicos. Cinco polígonos, com seus lados e ângulos iguais, baseados em triângulos eqüiláteros, a forma Divina, sem tensões. Utilizando essas formas, puderam produzir efeitos de ressonância e concentração energética, para elevar a percepção da consciência, para conseguir efeitos de supercondutividade, com os quais se anula a força da gravidade.
Sólidos Platônicos
Hoje se descobriu que o planeta tem pontos nevrálgicos, chamados de nós diamagnéticos, onde se pode controlar a força de gravidade do planeta e produzir fenômenos de supercondutividade. A supercondutividade permite amplificar, ou diminuir a força da gravidade. Ao aumentar o peso das pedras, se enterrava conhecimento, sem que fosse necessário escavar; ao diminuí-lo, tornaram as pedras leves, para empurrá-las e movê-las facilmente desde pedreiras longínquas.
Hieróglifos de Sehel
Na ilha de Sehel, foram encontrados hieróglifos com formulas e ingredientes para produzir uma forma de concreto que parece rocha. Cientistas franceses os decifraram parcialmente. Suas experiências confirmam que se trata de polímeros que ao solidificar-se produzem uma espécie de pedra. Isso explica a facilidade para fazer juntas tão exatas entre as pedras dos seus templos, conseguindo usar os blocos já fundidos como forma para os novos.
Construção em Blocos
Mas o mais importante foi a sua visão de que a vida é um processo desenhado por Deus para ampliar a consciência do Homem, que o espírito do Homem encarna repetidamente em um corpo para compreender a harmonia pelos resultados de suas decisões.

Ao viver muitas vidas com experiências opostas, de angustia e de paz, de depressão e de felicidade, de riqueza e de pobreza, de saúde e de doença, compreende a razão de sua existência e acaba com as limitações materiais, transformando-se num Homem-Integral imortal. Um ser que não perde na morte a consciência, ou a informação acumulada. Um espírito sábio ao final de um processo, que sobe outro degrau na perfeição do Universo.

O Homem reencarna muitas vezes e no principio a sua animalidade é dominante, a intolerância e a agressão determinam uma vida de sofrimento, aos poucos se enche de dores e ao tentar remedia-la deixa de atacar, encontra a paz e com ela, altos níveis de energia vital.

Com a informação do processo de aperfeiçoamento e das leis que o regulam, os egípcios melhoraram de vida, aceitaram os momentos difíceis como parte do seu caminho de aprendizado, permanecendo assim, em paz e harmonia.

Os templos revelaram como Homens em um mundo de dor podiam se transformar em seres sem limitações físicas, com conhecimentos para transmutar a matéria e locomover-se livremente no tempo e no espaço. Entre as contradições de cada vida se aprende algo e se renasce um pouco mais sábio, na polaridade entre a luz e a escuridão, entre o medo e o amor, se aprende a encontrar a paz e a harmonia, a manter a energia vital. Ao sentir na pele os tormentos e a angustia que produzem a ira, o ódio, o rancor, ou a vingança, se compreende o valor da harmonia. Ao compreender que cada decisão produz paz, ou sofrimento, pode-se passar do inferno da vida ao céu da mesma.

O povo entendeu que todas as ações da vida diária, pescar, semear, colher, são uma maneira de aproximar-se de Deus e de aperfeiçoar-se a cada dia. Construíram uma comunidade em paz e uma tal felicidade, que quando o historiador grego Heródoto visitou o Egito no ano 500 a.C, não pode deixar de afirmar: "De todas as nações da Terra, os Egípcios são os mais felizes, sãos e religiosos.". Apesar disso não tinham uma palavra em sua língua que significasse religião, não viam diferença entre o sacro e o mundano, viam-se como os encarregados de compreender que Deus, o Universo e o Homem, formam uma Unidade manifesta pelo amor.
Unidade Manifesta pelo Amor
E assim, compreendemos uma pequena parte da mensagem que os Egípcios transmitiram em seus templos; que todos os Homens avançam por um caminho de aperfeiçoamento que leva muitas vidas, alguns estão mais evoluídos que os outros, mas todos chegarão à imortalidade e a consciência permanente, somente aprendendo a ser flexíveis, aceitar as circunstâncias e a respeitar todos os seres que nos rodeiam. O caminho pode ser de sofrimento, ou de paz e harmonia, depende da valorização do que se tem e de agradecer a oportunidade de estarmos vivos para tomarmos consciência de que fomos criados por amor.
Criados por Amor

domingo, 3 de outubro de 2010

Águias Livres

Czesc (Olá em eslavo lequítico =)

Perguntaram-me esses dias, quando eu ia crescer. Minha resposta foi meio petulante, mas com um sorriso: "Crescer para me tornar um adulto como você?! Jamais!" – acho que perdi um amigo por alguns meses – amigos de verdade não se afastam para sempre. "Você devia procurar um psicólogo, você tem síndrome de Peter Pan." – redarguiu o amigo. Mais uma vez minha resposta saiu espontaneamente: "No meu caso não é síndrome de Peter Pan, é síndrome de menino perdido!" – aí o amigo desistiu de por juízo na minha cabeça.

Apesar do que, acho que é por isso que a mãe da Nininha nunca foi com a minha cara, ela nunca achou que eu fosse criar "responsabilidade", e piorou ainda mais quando ela descobriu qual era a profissão da filha. Acho que ela ainda me culpa por não ter feito nada a respeito – afinal a Nininha sempre disse que eu era o melhor amigo que ela tinha. Mas melhores amigos não se distanciam e não deixam os melhores amigos fazerem a passagem – se sentido sozinhos. Bom, dos meus pecados e demais erros, minha consciência cuida para mim; e posso garantir que ela não é boazinha.

Sabe... nos últimos meses tenho pensado demais nos amigos que não estão mais neste plano, e tenho tentado estar mais próximo dos que continuam aqui, mas sinto que não tenho feito as coisas muito bem. Há um álbum da Marisa Monte - "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" – que tem acompanhado meus pensamentos perdidos, principalmente a canção "Gentileza" que aprendi a gostar por influência de um amigo que já fez a passagem. Acho que é minha maneira de lembrar. Eu até queria contar a história do Gordo (talvez ainda o faça), do Cari e da Nininha (porém essa última tem um pedido: "Ninguém mais precisa saber. Fica entre nós, tá?!" - e mesmo ela não gostando de mim, é um direito) – seria minha forma de homenageá-los e agradecer por eles terem enriquecido minha vida; quem sabe um dia desses.

Urso Vermelho
Bom, tudo isso rodopiou na minha cabeça, porque há duas semanas fui batizado com um nome indígena, e alguns acham que é infantilidade minha. Mas quando o "seu" Sebastião - Casco de Tartaruga (um velhinho gente boa, que persiste em caminhar na Boa Estrada Vermelha) - me indicou o livro "As Cartas do Caminho Sagrado" de Jamie Sams, me senti muito orgulhoso de poder aprender algo, sobre mais uma filosofia de vida. E assim ganhei mais um mestre.

O processo de conhecer uma nova filosofia me levou a assistir a um filme que eu havia me negado, devido eu acreditar que ele não retratava com profundidade a cultura Maia – Apocalypto, de Mel Gibson. Mas depois de assisti-lo, dei-lhe a devida consideração, colocando-o entre os grandes contos filmados; em que é contada a história de Garra de Jaguar, que assim se apresenta:

Eu sou Garra de Jaguar!

Sou filho de Céu de Pedra!
E meu pai caçou
nesta floresta antes de mim.

O meu nome é Garra de Jaguar!

Eu sou um caçador!
Esta é a minha floresta!
E meus filhos caçarão com os filhos deles quando eu não estiver mais aqui.

Eu sou Garra de Jaguar.

Esta é a minha floresta.
E eu não tenho medo.
Podem vir!

Eu havia precedido Apocalypto com o filme "Enterrem Meu Coração na Curva do Rio", que foi inspirado no aclamado best-seller de Dee Brown – onde é contada a história de como se deu a destruição sistemática da cultura indígena norte-americana, e a resistência do Povo Vermelho de se submeter à política do governo americano, que eles consideravam que ia acabar com sua identidade, dignidade e sua terra sagrada – fato confirmado pela história.

O breve contato com essa filosofia de vida ancestral, me fez parar para pensar que deveríamos usufruir ( == gozar de alguma coisa que não se pode alienar ou destruir) da Terra com mais cuidado, respeito e responsabilidade; pois desde o advento da Revolução Industrial até os dias de hoje, temos nos comportado como "estupradores", possuindo e violando o que nos é entregue naturalmente por amor. Assim, a Mãe Terra pede apenas que a honremos, e ela continuará cuidando de nós e de nossas vidas. Pense nisso!

Sabendo desta minha breve empreitada pela cultura indígena, Nótlim Jucks procurou entre seus textos, algum que combinasse com esta publicação, porém não encontrou. Revirou então seus livros e encontrou um texto de Miguel Ángel Cornejo - destacado orador mexicano, expert em liderança, coaching e administração empresarial – que cabe aqui:

Águias Livres

Um jovem casal de índios, profundamente apaixonado e prestes a se casar, foi ter com o sábio de sua tribo, para que este lhes aconselha-se:

"Ancião, as histórias de nossos ancestrais relatam que as águias formam o casal mais fiel do reino animal e que permanecem juntos para sempre. Então gostaríamos de conhecer o segredo destas magníficas criaturas, para assim vivermos também." – pediu o jovem índio.

O sábio então os olhou atentamente, identificando se havia sinceridade nas intenções dos jovens, se eles possuíam mesmo um profundo amor como diziam, e depois de um longo silêncio, sorriu levemente confirmando que sentia que era autentico o sentimento entre eles.

"Para conhecer o segredo das águias vocês antes terão que executar uma tarefa desafiadora." – determinou o velho índio – que ouviu quase em uníssono a aceitação do desafio, mesmo sem que eles soubessem o que era.

"Vocês devem ir a Montanha Azul, onde um casal de grandes e belas águias habita, lá vocês devem capturá-las usando unicamente suas mãos, e sem machucá-las cada um deve concluir sua tarefa, a você – disse apontando para o jovem índio – cabe trazer a águia fêmea, e a você – disse apontando para a jovem índia que ouvia atentamente – cabe trazer a águia macho. Vocês tem três dias para realizar esta tarefa, ao amanhecer do quarto dia devem estar aqui, neste mesmo lugar. Lhes desejo boa sorte." – disse o velho sábio, dirigindo-se para sua tenda.

No quarto dia, com os primeiros raios de sol, o casal trouxe as majestosas aves amarradas a seus braços, e estavam orgulhosos de sua façanha, pois os animais não possuíam qualquer ferimento. As aves, que tinham as patas atadas e estavam encapuzadas, permaneciam calmas.

"Muito bem!" – exclamou o velho sábio.

"Agora devemos sacrificá-las e beber seu sangue para obtermos o segredo?" – quis saber apressadamente o jovem índio.

"É muito mais simples que isso. Vocês devem amarrar a perna de uma águia na de seu parceiro, tirar-lhes o capuz e deixá-las ir." – explicou.

E assim fizeram. Ao que os parceiros alados lançaram-se em vôo, caíram; surpresos tentaram novamente e o resultado foi ainda mais trágico, pois agora já estavam com raiva. Voltaram-se então um contra o outro e se bicaram até começarem a sangrar. Foi quando o sábio índio interveio: "Desate-as e curem suas feridas. Amanhã concluiremos a revelação do segredo das águias, até lá pensem sobre o que vivenciaram aqui." – disse, deixando-os com os animais feridos.

No dia seguinte, conforme haviam acordado, se apresentaram ao ancião e a única instrução que receberam foi: "Deixe em liberdade cada uma delas." – e assim as aves subiram as alturas com tanta força que em poucos segundos sumiram na imensidão do céu - "Agora lhes pergunto: Conseguiram descobrir qual o segredo das águias?" – interpelou o sábio.

"O segredo para permanecermos juntos é respeitar a liberdade do outro, é ser independente, empenhando toda nossa força, unidos por um mesmo sonho, o que nos tornará inseparáveis."

domingo, 19 de setembro de 2010

O Urso Vermelho

Para contar a história do Urso Vermelho (ou Pequeno Urso de Rus'), precisamos voltar um pouco no tempo e buscar algumas origens. Para isso vamos tentar condensar as origens dos patriarcas do Pequeno Urso de Rus', independente de descendências legítimas ou ilegítimas.

O Pequeno Urso de Rus' é da linhagem direta de Francisco de Oliveira Silva (à esquerda), descendente dos índios Araxás (Araxãs, ou Arachás) - uma das mais antigas etnias do Brasil – que são aqueles do "lugar onde primeiro se avista o Sol"; e que foram destruídos como grupo étnico por volta de 1688, como conta a "Lenda de Catuíra":

"Diz à lenda que os arachás foram destruídos em conseqüência da traição de um de seus guerreiros, Iboapi, que estava apaixonado por Catuíra, filha do cacique Andaia-Aru. Entretanto, Andaia-Aru entregou Catuíra em casamento para outro guerreiro, Maú como prêmio, após uma luta vitoriosa. Iboapi, revoltado, procurou a expedição de Ignácio Corrêa Pamplona, indicando-lhe o caminho e a localização da aldeia. Durante as comemorações do casamento de Catuíra e Maú, os soldados de Pamplona atacaram a aldeia destruindo-a totalmente e assassinando a maioria de seus habitantes. Somente escaparam uns poucos, entre eles Maú, Catuíra e o próprio cacique Andaia-Aru, que foi preso, porém, liberado mais tarde em respeito a sua bravura. Diz ainda à lenda que Iboapi se incorporou à expedição de Pamplona e com ele seguiu até Vila Rica, onde morreu cheio de remorso pela traição cometida".


A designação Pequeno Urso é de origem Xamânica, que representa o animal sagrado que o irá acompanhar pelo caminho da Boa Estrada Vermelha (vida física) até as portas do Mundo da Estrada Azul (mudo espiritual). Onde só poderá entrar se durante seu caminho, respeitou Todos os Seus Parentes; que aqui se refere às Criaturas-Animais, o Povo de Pedra, o Povo-em-Pé (as árvores), à nação do Céu, à Mãe Terra, e os quatro Espíritos Principais – Os Espíritos do Ar, da Terra, do Fogo e da Água. E assim deve ser, pois, Somos todos Um.

O Pequeno Urso de Rus' também é da linhagem direta de Stanislaw Mackoviak (à esquerda), descendente dos Eslavos de Rus'; estado que foi formado a partir de pequenos estados efêmeros espalhados durante os séculos IV e VI, e que com grande influência dos Escandinavos tornou-se o primeiro grande estado do leste europeu. Uma breve apresentação desta história é feita no filme Rei Athur – de 2004 – até certa forma fidedignamente – em que os Eslavos de Rus', são associados como sendo os Sármatas:

"Por volta de 300 D.C., o império romano estendia-se da Arábia até a Bretanha. Mas os romanos queriam mais. Mais terras. Mais gente fiel e subserviente a Roma. Mas não havia povo mais importante que os poderosos sármatas do leste. Milhares morreram naqueles campos. E quando a fumaça dissipou-se no quarto dia, os únicos sármatas vivos eram membros da dizimada, mas lendária cavalaria. Impressionados por sua bravura, os romanos pouparam suas vidas. Em troca, esses guerreiros foram incorporados ao exército romano. Mas antes tivessem morrido naquele dia, pois como parte da barganha, empenharam não só a si mesmos, mas também seus filhos e os filhos de seus filhos, para servir ao império como cavaleiros."

Aqui, o Pequeno Urso de Rus', liga-se aos seus antepassados Indo-Europeus que migraram para uma ilha mítica no Oceano Atlântico, de nome Hy Breasil (em céltico); ou O'Brazil (em gaélico) – que significa: "os descendentes do vermelho", referência ao enorme vulcão das histórias contadas na ilha. Ilha essa, que um mortal comum não podia ver e somente uns poucos escolhidos eram abençoados com sua visão; ilha essa, que mais tarde descobriu-se não se tratar de uma ilha, mas de um continente, por assim dizer. Ao qual deram o nome Brasil – nome que não foi retirado da madeira avermelhada encontrada em suas terras, mas sim das narrativas míticas que levaram à sua identificação. Pois, porque se chamaria àquela madeira pau-brasil, se a palavra Brasil não tivesse um significado mítico, ligado com certeza às brasas vermelhas da erupção do maravilhoso Celta - que hoje jaz adormecido - e assim o admite a etimologia céltica e germânica.

Então, muitos anos mais tarde, quando os filhos dos descendentes dos que primeiro avistam o Sol, se encontraram com os filhos dos descendentes dos eslavos de Rus', os antigos descendentes do vermelho se encontraram com os novos descendentes do vermelho, e deste encontro nasceu o Pequeno Urso de Rus' (ou Urso Vermelho). Cujo nome Cristão é Milton Junior – e o significado deste nome na origem grega é coincidentemente – O mais jovem vermelho.

Brasileiro do mundo, na descendência e no nome, brasileiro nato; índio, negro, europeu – até de pardo podem chamar, mas brasileiro, sem sombra de dúvida; das brasas ancestrais de uma mitologia confusa, que se confunde com os povos que aqui se fundem. Brasil, um lugar para amar.
Notas de pesquisa:

- Os índios Araxás foram um grupo indígena que originalmente habitou o estado brasileiro de Santa Catarina, que emigrou devido ação dos colonizadores e posteriormente com as demandas nas fazendas de produção. Seu grupo étnico foi desestruturado por volta de 1700 e existem poucas referências disponíveis, sabe-se apenas que estiveram na Bahia, em Goiás e Minas Gerais; onde provavelmente foram assimilados pelos povoamentos lusos e negros, e pelos novos imigrantes mão-de-obra: italianos, espanhóis, etc.

- Rus Kyivana ou Rus' de Kiev, foi o primeiro estado do leste, formado por volta do século IX, a partir de pequenos estados espalhados pelos territórios hoje compreendidos pela Ucrânia, Bielo-Rússia, Rússia, República Tcheca e Eslováquia, Polônia, Eslovênia, Macedônia, Croácia, Sérvia, parte da Alemanha, Hungria, sul da Áustria, norte da Albânia e proximidades da Grécia. Cada um destes pequenos estados ou principados tinha seus nomes e existem vários relatos que falam da presença dos normandos (vikings) na formação dos estados do leste.

Para encerrar a publicação de hoje, que se tornou uma genealogia pessoal, Nótlim Jucks me enviou dois poemas intrinsecamente ligados a natureza e a nós:

Espírito das Águas
poesia de Nótlim Jucks

Quase sinto tua presença.
Ó mar!
Tuas ondas a quebrar na praia,
tua força a arrastar pra ti.

Que belezas escondes?
Ó mar!
Quanta força possuí tuas águas profundas?
Quantas jóias pegaste pra ti?

Será que há, algum ser que não te queira ver?
Ó mar!
Belo, essencial e vida,
belas vidas tomadas por tuas águas mortíferas.

Por tuas águas, o mundo e as conquistas.
Ó mar!
Foste feito Elemental,
elementar que seja água.

Ó mar!

Antes de publicar o segundo poema gostaria de sugerir novamente, como uma fonte de riqueza mítica e de conhecimento atemporal, a série de entrevistas de Joseph Campbell com Bill Moyers, entitulada "O Poder do Mito"; e que após essas sessões vocês possam assistir Avatar (de James Cameron). Algumas atitudes dos Nav'i, os nativos do planeta Pandora, lhes remeterão aos nativos do continente Americano.

Agora sim:

O Sol, O Amor
poesia de Nótlim Jucks

Resplandecente
o Sol
Ausente o Amor.

Das águas que correm,
flores nascem,
sentimentos morrem.

A derradeira verdade,
não se esconde,
nem desaparece;
surge como uma tempestade.

Dos dias que passam,
lembranças ficam
e não cicatrizam.

A sorrateira mentira,
nos engana,
nos aflige
e por muitas vezes nos inspira.

Há dias que nascem,
e apenas vemos o Sol,
resplandecente.

Há sentimentos que morrem,
e apenas sentimos o Amor,
ausente.
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O Poder do Mito:

A Saga do Herói
A Mensagem do Mito
Os Primeiros Contadores de Histórias
Sacrifício e Felicidade
O Amor e a Deusa
Mascara da Eternidade