terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Potencialidade na Morte

A invenção, devo modestamente admiti-lo, 
não consiste em criar disciplinadamente, 
mas sim em criar a partir do caos. 
Mary Shelley

Transformação (Ilustração de Ma Deva Padma)
Olá amigos. O mestre Issa tem me deixado aturdido com o "Projeto Plenitude", pois ele tem absoluta certeza que quando eu terminar este projeto, terei conseguido chegar a plenitude de mim mesmo. E tenho que reconhecer que não tem sido fácil, pois antes de publicar as interpretações aqui no blog o mestre tem exigido que eu faça uma reflexão a respeito do tema que ele me passa para redigir.

O tema que ele me deixou em nosso último encontro, foi: a morte – e apesar de eu o ter questionado sobre de que maneira refletir sobre a morte poderia me tornar melhor, ou, um ser humano mais pleno, ele assim me instigou a pensar:

"Quando você pensa sobre a morte, o que lhe vem em mente é apenas o fim da vida. Um momento, em suma, triste. Que se for pictorizado, é a visão de um dia chuvoso, com um grupo de pessoas chorando, todas vestindo negro e lamentando algo. Mas expandindo sua visão, você pode acolher o significado puro da morte, que é o fim natural das coisas, que nos traz a significância de que algo se esgotou de maneira inevitável – veja, de maneira inevitável; fora do seu controle –, que para Osho, essa inevitabilidade é a transformação daquilo que não pode mais ser – que se esgotou – na potencialidade, o tudo que pode ser. Sendo assim, a morte é mais do que simplesmente o fim, é o inicio da potencialidade de tudo, de tudo.

"Uma coisa interessante, é que aquilo que ocorre de maneira inevitável, pode ser praticado no processo de melhoria pessoal; podemos, por exemplo, matar a imagem que fazemos das outras pessoas. Permitindo assim o direito que cada um tem de se reinventar diariamente, eliminando estigmas e idéias pré-concebidas, realizando nosso ato de integração Universal, colhendo o melhor de cada um. Viver isso, é expandir o potencial do ser humano. Quando alguém diz que investe em potencial humano, se em primeiro lugar não investir no aculturamento da 'morte' de conceitos prévios, não há como alcançar a potencialidade, não há como alcançar tudo que o ser humano pode ser."

Bom, acho que ainda tenho muito a pensar.

Mas, hoje abri a publicação com uma frase de Mary Shelley, pois ela traz duas particularidades concisas, a inventividade e o caos (e porque a autora escreveu um romance sobre vida e morte). E nessa última semana me vi em meio ao caos dos meus pensamentos (longe de querer parecer prejudicado, diante do caos que tem ocorrido pelo Brasil – muito devido a nossa displicência no trato com o mundo) e da tecnologia, pois minha internet esteve 'morta' esses dias – paráfrase horrível :S – então neste período de ausência tecnológica (noturna – durante o dia me enfastio de tanto usar a dita cuja) eis que houve certa ociosidade criativa, que me permitiu revisitar "Frívolo", meu livro inacabado (alguns diriam "eternamente inacabado", mas eu sempre vejo a luz no fim do túnel) e encontrar seu pré prefacio =) que está assim escrito:

"Certa vez houve um homem de nome Nathan Niel Aureos Kon, cuja genialidade poderia ser comparada nos dias de hoje a de Nikola Tesla. Um homem que em seu tempo, concebeu maquinas maravilhosas que revolucionaram as vidas das pessoas. Mas, foi também uma dessas maravilhosas maquinas que desafortunadamente ceifou a vida da pessoa que Nathan mais amava.

"Desde o fatídico acontecimento, os sentimentos se tornaram coisas sem valor para Nathan, então sua genialidade o levou a criar uma maquina que seria sua maldição definitiva, ele criou uma maquina para remover os próprios sentimentos, num ato de autoflagelação; com intuito de expurgar seus pecados; mas ele não sabia quão terrivel seria o resultado – quando ele se negou a sentir, ele se negou a ser... assim, Nathan Niel Aureos Kon se tornou Frívolo, o homem sem alma."

Finalizo a publicação de hoje com o pequeno trecho de algo que ei de terminar e com um poema de Nótlim Jucks, sobre algo inevitável, pois sempre que converso com Jucks e acabamos falando alguma coisa relacionada a morte – e desta vez por causa do tema que o mestre Issa me propôs refletir – nos lembramos de nossa amiga Nínive, a Nininha, que faleceu em 2009 e ainda nos traz muito pesar. Mas, mesmo assim...

... se permita, se permita sentir, aprenda com cada sentimento, sinta com plenitude; viva com intensidade. Como diria um conhecido meu: "... vá a luta com determinação, abrace a vida e viva com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida, a vida é MUITO para ser insignificante. Viva! Não passe pela vida."

Rosas Azuis
(poesia de Nótlim Jucks)

Sentado aqui sob nossa árvore,
ainda consigo ver o céu.

As nuvens brancas ainda estão lá,
com as mesmas formas
que minha mente quiser dar.

Movendo-se e escondendo o sol,
movendo-se e mostrando a lua.

Aquelas palavras ainda estão aqui,
as mesmas que um dia escrevemos.
Ainda estão gravadas na árvore.

"Para todo o sempre,
pelo tempo que isso for."

Eu esperaria você voltar algum dia,
se fosse possível eu juro que ficaria,
nem que fosse preciso esperar outra vida.

Outra vida não bastaria,
para me devolver o tempo longe de você.

Eu lhe daria uma rosa azul
se elas ainda brotassem
e não fossem de papel.

E de papel parece feito meu coração
depois que Deus te levou para junto Dele. 

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