sábado, 3 de dezembro de 2011

Palavras sem tempo

"Na natureza nada se cria, 
nada se perde, 
tudo se transforma"
Antoine Lavoisier

O velho índio caminhava pela cidade grande quando viu um jovem cuspir no chão, então olhando para seu amigo que o acompanhava, disse: "Agora entendo porque vocês cobrem a terra com a coisa preta e fecham as paragens com pedras cinza." – e o amigo curioso em saber o que o velho índio intuíra, perguntou: "Por quê?".

O ancião então olhou para o amigo e fez sinal para que se sentassem no banco da praça. Olhando ao redor e tomando uma respiração profunda o velho índio disse: "O homem branco conhece tanto, sobre tantas coisas, mas não percebe as pequenas coisas que compõe todas as grandes coisas. Vocês com sua ciência que têm um nome para tudo; são capazes de voar como os pássaros e navegar como as baleias, mas não percebem que todos somos parte da mesma coisa.

"Desde pequeno na aldeia, aprendemos a respeitar a terra, pois nós somos a terra, nossos ancestrais são a terra e nossos filhos serão a terra. Tudo que tiramos da terra sabemos que tiramos de nós, tudo que impomos a terra sabemos que estamos impondo a nós.

"Quando vocês enterram seus parentes, amigos, ou conhecidos, estes deixam de existir como vocês conheciam e passam a fazer parte da terra, se transformam no solo que pisamos, na água que bebemos, no ar que respiramos; e é dessa forma que nossos antepassados estão conosco. Mas vocês se sentem melhor acreditando que o corpo se desfaz e os espíritos vão para outro lugar, longe daqui; mas não há outro lugar, tudo é aqui, porque a vida não deixa de ser, ela se transforma e se espalha, uma estrela pode ser seu avô, uma arvore pode ser sua irmã; não literalmente como vocês gostam que as coisas sejam, mas uma parte de sua irmã – hoje – é a seiva que corre no corpo da árvore, é a gota que pinga na nascente do rio. Os espíritos estão espalhados pelos lugares do Criador, são invisíveis aos olhos porque seus corpos agora compõe o mundo e se ainda houver uma historia a ser escrita pelo espírito, ele receberá um novo corpo, que será formado de novo da terra, das frutas que sua futura mãe se alimentar, do ar que ela respirar, da água que ela vier a beber, e assim, o que era voltará a ser."

O amigo com um sorriso estupefato e incrédulo olhou o velho índio e disse: "Nossa, tudo isso porque o menino cuspiu na rua?" – o velho índio olhou para o amigo e disse: "Por isso vocês cobrem a terra, para não cuspir nos seus antepassados. Melhor cuspir na coisa preta do que em algo que pode conter a essência do seu avô." – e ao dizer isso se levantou e se espreguiçou, no que foi seguido pelo amigo que estranhamente olhava a árvore agitada pelo vento.


Olá amigos, o Mirtu's Blog têm estado meio parado devido à vida profissional de seu redator; que não anda dando muito espaço para sua vida passional, da qual o Blog faz parte. E isso me remete a um pensamento perturbador, de que, quem trabalha demais não tem tempo de fazer o que gosta e se não faz o que gosta, não vive. "Escolha um trabalho que você ame e então você não terá que trabalhar um único dia de sua vida." (Confúcio - 551 a.C. - 479 a.C)

Mas vamos lá, sem lamúrias. O texto que abre essa publicação é um dialogo entre o poeta Nótlim Jucks e o Seu Ubiraci; e se deu mais ou menos como descrito, enquanto estavam no Largo do Pará, em Campinas.

Seu Ubiraci estava esperando o ônibus que o levaria para o aeroporto e Jucks tinha descido de seu apartamento para ir comer um pastel na feira Hippie, que fica em outra praça, em Campinas. Mas como naquele dia o poeta estava com preguiça e não se sabe por que, havia uma feira no Largo do Pará, culminou então que o poeta acabou conhecendo Seu Ubiraci.

Isso é uma coisa que às vezes me deixa intrigado; essa facilidade com que as pessoas têm de contar as coisas para o poeta. Ainda bem!

Há alguns meses eu estava navegando pela internet quando me deparei com o documentário do Dr. Amit Goswami, 'The Quantum Activist'. O Dr. Amit Goswami foi um dos cientistas que participou do filme 'Quem Somos Nós?', então fiquei curioso com o nome do filme e estendi a pesquisa por algum tempo, para verificar se conseguia encontrar uma versão em português; na época não encontrei nada. Contudo, para minha surpresa não demorou muito o documentário foi laçado no Brasil – só que por algum motivo ainda obscuro para mim, perdi o interesse em assisti-lo.

Outro dia, porém, fui a Livraria Cultura para comprar um livro e me deparei novamente com o filme 'O Ativista Quântico' e mais uma vez minha curiosidade ficou aguçada; segurei o filme por alguns instantes, li e li novamente a sinopse; mas não o comprei.

Hoje, estava fuçando nas minhas coisas, peguei um livro para ler e quando tirei o marcador de leitura, era um marcador com publicidade de livro – 'O Ativista Quântico'. Decidi ir comprar o filme. Pode estar parecendo confuso à maneira como estou relatando, mas há um livro e um DVD do livro – que foi o que eu preferi comprar e que indico para vocês; é um documentário profundo, espiritual e cientifico – vale à pena.


Deixo também para vocês um poema de Nótlim Jucks; um grande abraço e até mais; até a próxima publicação, que espero seja em breve.
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Palavras sem tempo
poesia de Nótlim Jucks

Apenas feche seus olhos
e tente captar este momento.
São palavras que não sei bem;
que se movem no ar sem tempo.

Estas coisas que acredito,
por vezes se perdem;
o amor, a verdade e a honra.
Mas sempre as reencontro.

Eu gostaria de ser quem
você acha que sou,
mas o tempo passou rápido demais
quando fechei meus olhos.

Ainda assim,
quando você me olhar nos olhos,
com certeza direi que sim,
por mim e por nós.

Quando você fechar seus olhos
não tente entender estes mistérios.
A verdade é algo
que eu quero poder te dar.

Mas nem sempre é fácil acreditar.

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