O melhor do Brasil é o brasileiro.
frase extraída da obra do folclorista
Luís da Câmara Cascudo
(1898-1986)
Natal - RN |
2011, posso dizer que foi um ano muito bom. Dei-me de presente duas viagens maravilhosas, uma para Florianópolis-SC e outra para Natal-RN; mas acho que o que tornou essas viagens tão especiais, foi mais do que simplesmente suas paragens estonteantes, foram às companhias que pude desfrutar; no post "Meu Carnaval com Doug Beleza, Flor de Sol e O Quarteto Fantástico" pude descrever minha estada na "Ilha da magia" e hoje tenho o prazer de contar sobre minha andança na terra da "Noiva do Sol".
Na quarta-feira 07 de Dezembro meu coração palpitou mais acelerado de ansiedade; embarquei no último vôo de São Paulo para Natal. E era uma ansiedade dobrada, pois eu estava ansioso para encontrar a Morena mais maravilhosa do Rio Grande do Norte, que muito gentilmente fez questão de me receber no aeroporto.
Morena |
Foi um vôo tranqüilo, sem sobressaltos ou atrasos. Eu estava munido de meu netbook – que por ironia estava com áudio pifado – e um livro do Wayne Dyer – e aqui, às vezes me pergunto por que leio estes livros, mas foi uma leitura agradável.
Chegando a Natal, aquela ansiedade que acelerava meu coração, já amolecia meus sentidos; o que não prejudicou minha percepção ao avistar a bela Morena potiguar que vinha em minha direção. E devo confessar que foi uma das mais agradáveis recepções de viagem que já tive. O que chega ser exponencial o sentimento, devido à hora de meu desembarque: 02hs00 da manhã.
Na quinta-feira 08 de Dezembro, pela manhã, fui agraciado mais uma vez com a companhia maravilhosa da Morena e assim se sucederia pelos próximos dias; razão pela qual minha viagem de 'mini-férias' foi uma das melhores da minha vida.
Com uma cordialidade indescritível, a Morena planejou me apresentar à cidade e todas as suas maravilhas. Logo que tomamos café da manhã, ela me levou para conhecer a "Fortaleza dos Reis Magos" – fundada em 1599 e marco inicial da cidade de Natal.
Fortaleza dos Reis Magos, por Frans Post |
O caminho de onde eu estava hospedado até a fortaleza, foi por si só um passeio turístico. A Via Costeira é uma avenida de 10Km de extensão, com uma reserva ambiental de uma lado – o Parque das Dunas – e do outro, o fantástico oceano Atlântico que se apresenta em todo seu esplendor.
Fortaleza dos Reis Magos, dias e hoje |
A "Fortaleza dos Reis Magos" possuí o formato de uma estrela e foi batizada com este nome em função da data do inicio de sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis. Sem dúvida, uma viagem no tempo e um deslumbre aos olhos, pois a vista da fortaleza é sensacional.
Na volta da fortaleza, pelo caminho de cerca de 800 metros, é possível ver uma maravilha da engenharia civil – e aqui cito em homenagem a engenheira civil mais bonita do Rio Grande do Norte – a "Ponte da Redinha". Ela liga os bairros da Zona Norte de Natal e os municípios do litoral norte do estado aos bairros da Zona Leste de Natal e do litoral sul, além de outras regiões da cidade passando pelo Rio Potengi.
Ponte Newton Navarro - "Ponte da Redinha" |
Já por volta do horário do almoço a Morena me levou para comer caranguejo – crustáceo que muitas vezes chamei de camarão e o qual jamais havia saboreado. Mais uma experiência nova e gratificante – apesar da dificuldade encontrada pelo paulista do interior, em 'descascar' o crustáceo – agora me dá até água na boca de lembrar. Há um lapso mental aqui, pois não me recordo o nome da praia, mas me recordo com vivacidade da tarde maravilhosa que passei ao lado da minha linda anfitriã.
À noite fomos a um barzinho pé-na-areia ao lado do "Morro do Careca" – uma enorme duna na praia, coberta por vegetação e com uma grande faixa de areia descoberta ao centro, daí seu nome. A noite estava fabulosa e alegre, dava para se avistar os enfeiteis natalinos que luziam pela orla e as luzes dos grandes resorts. Mas o que me encheu de encanto, foi mesmo o barulho do mar e minha companhia.
Meu 2º dia de 'férias' em Natal foi dedicado a conhecer as praias do norte e as dunas. Mais uma vez a Morena cuidou de tudo, reservou o passeio e me presenteou com sua alegria.
Passeio de bug |
Se vocês forem para Natal, podem marcar um passeio de bug com o Elias, bugueiro gente boa e conhecedor dos lugares. Ele leva vocês para Genipabu, Pitangui, Jacumã e todas as maravilhosas dunas. Cruzar de 'balsa' o Rio Ceará-Mirim, certamente propiciará dois momentos singulares (devido as marés).
As 'balsas' na verdade são jangadas empurradas por meio de longos cabos de madeira, que servem de remos. O passeio de bug pelas dunas é muito bacana e muito mais intenso que qualquer montanha-russa, fora as belas e inesquecíveis vistas dos lugares.
As 'balsas' na verdade são jangadas empurradas por meio de longos cabos de madeira, que servem de remos. O passeio de bug pelas dunas é muito bacana e muito mais intenso que qualquer montanha-russa, fora as belas e inesquecíveis vistas dos lugares.
Genipabu |
Lagoa de Pitangui |
Vale a parada na lagoa de Pitangui, que é um espaço de água doce, com estrutura de dar inveja às maiores praias urbanas do país; existem vários quiosques em que se pode saborear e bebericar.
Em Jacumã não deixe de experimentar o esquibunda e o aerobunda – modalidades esportivas exclusivas da região. As descidas duna abaixo são uma ótima aventura e excelente maneira de se refrescar.
À noite, já de volta a pousada e com banho tomado, nada melhor do que conhecer a noite de Natal. Há em Ponta Negra uma pizzaria muito bacana, Cipó Brasil, que possuí decoração peculiar e ótima comida.
Sabadão, dia de conhecer Pipa, a praia mais famosa do Rio Grande do Norte. A partir de Natal, basta seguir pela BR-101 em direção ao sul e cerca de uma hora depois se chega à charmosa vila.
Em Jacumã não deixe de experimentar o esquibunda e o aerobunda – modalidades esportivas exclusivas da região. As descidas duna abaixo são uma ótima aventura e excelente maneira de se refrescar.
À noite, já de volta a pousada e com banho tomado, nada melhor do que conhecer a noite de Natal. Há em Ponta Negra uma pizzaria muito bacana, Cipó Brasil, que possuí decoração peculiar e ótima comida.
Sabadão, dia de conhecer Pipa, a praia mais famosa do Rio Grande do Norte. A partir de Natal, basta seguir pela BR-101 em direção ao sul e cerca de uma hora depois se chega à charmosa vila.
O visual da estrada que vai beirando as falésias, logo na chegada, é estonteante. De carro, nada mais justo que uma parada para observar com calma a paisagem. A bela Morena potiguar com o mar ao fundo, pareceu-me reluzir ao sol e fundir-se a paisagem, nada mais espetacular do que as belezas do Brasil, os lugares e a gente bonita que os habita.
Falésia |
Pipa |
O domingo foi um dia mais tranqüilo, aproximava-se o momento de 'voltar à realidade'. Eu e a divina Morena almoçamos no restaurante Tábua de Carne, na Via Costeira – uma deliciosa carne de sol, apreciando uma vista das mais fabulosas. Aliás, em Natal, para qualquer lugar que se vá, há uma vista fabulosa.
À tarde fomos ao Shopping do Artesanato Potiguar, para que eu pudesse comprar uns souvenirs; como uma garrafa de cabeça de coco – para colocar cachaça – com certa semelhança ao ex-presidente Lula; que decidi comprar para um amigo que tem alguma implicância com o velho molusco – e vários pacotes de castanha de caju, encomendados pelos amigos.
Cabeça de Cachaça |
Foram quatro dias tão fantásticos na companhia da Morena potiguar que até no cinema naquele domingo nós fomos. Saímos da sessão e fomos andar no calçadão da praia de Ponta Negra; tomamos açaí na loja do maluco beleza Chiquinho e apreciamos a Lua nascer; de uma forma das mais formidáveis que já presenciei. Então nos sentamos e em silencio apenas observamos aquele monumento da natureza que se dirigia para o alto do céu. Primeiro como uma bola flamejante vermelha, que foi clareando e ganhando brilho quanto mais alto se dispunha subir.
Quatro dias de sonho. É como posso descrever; quatro dias de um sonho bom. Deus me permitiu conhecer uma pessoa maravilhosa e um lugar maravilhoso, ao mesmo tempo. Meu 2011 se encerra repleto de benção, abundancia e felicidade, só desejo que 2012 traga mais disso tudo e que a vida seja plena de amor e prosperidade em todos os setores, para todos nós.
Foi assim |
Eu não tenho palavras para dizer o quanto esta viagem para Natal foi significativa para mim e me faltam ainda mais palavras para expressar meu carinho, admiração e paixão pela Morena maravilhosa que reside em Natal e no meu coração. E quero deixar para todos que por aqui passarem, uma mensagem de amor; se vocês tiverem a oportunidade de amar alguém, façam, de todo corpo e alma; mesmo que a vida não lhe reserve mais do que poucos momentos para amar esta pessoa. Ame, pois será a sua vida que se tornará mais completa.
Feliz 2012.
Como é tradicional do Mirtu's Blog, sempre há um poema, ou um conto, que acompanha a publicação. Neste ultimo post do ano, o blog trás um conto tradicional do folclore brasileiro, escrito por Luís da Câmara Cascudo, que o conheceu de ouvir seu pai contar.
Homenagem a Luís da Câmara Cascudo |
Luís da Câmara Cascudo foi um grande historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro, nascido em Natal-RN, onde passou toda a sua vida a dedicar-se ao estudo da cultura brasileira – é considerado o maior folclorista do país – deixou uma extensa obra, inclusive o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: "Alma patrícia" (1921), obra de estréia e "Contos tradicionais do Brasil" (1946).
Apreciem:
Felicidade e Sorte
Era um dia um sapateiro muito pobre e carregado de filhos e, apesar de trabalhar como um condenado, vivia na miséria. De uma feita estava ele batendo sola quando passaram dois amigos, muito ricos, que vinham discutindo sobre a fortuna. Um dizia que a fortuna era dada pela felicidade e o outro pelos auxílios. Viram o sapateiro e tiveram piedade dele ao mesmo tempo que resolveram experimentar a opinião de cada um. O que sustentava a fortuna pelos auxílios foi ao sapateiro e lhe deu cinqüenta moedas de ouro. O sapateiro quase morreu de alegria. Acabou depressa o serviço e voltou para sua choupana.
Aí chegando, não querendo dizer a sua mulher o que sucedera, enterrou o dinheiro num vaso que tinha um pé de manjericão, deixando para depois estudar como empregar aquele ouro. No outro dia acordou mais tarde e foi ver o pé de manjericão. Não o encontrou. Perguntou já assustado à mulher, onde pusera o vaso e soube que ela vendera a um homem que passava, apurado com que almoçar. O sapateiro botou as mãos na cabeça e contou sua desgraça, chorando os dois a falta de sorte que os perseguia.
Aí chegando, não querendo dizer a sua mulher o que sucedera, enterrou o dinheiro num vaso que tinha um pé de manjericão, deixando para depois estudar como empregar aquele ouro. No outro dia acordou mais tarde e foi ver o pé de manjericão. Não o encontrou. Perguntou já assustado à mulher, onde pusera o vaso e soube que ela vendera a um homem que passava, apurado com que almoçar. O sapateiro botou as mãos na cabeça e contou sua desgraça, chorando os dois a falta de sorte que os perseguia.
Tempos depois estava o sapateiro na sua ocupação quando os dois amigos ricos cruzaram a rua e vieram saber notícias das cinqüenta moedas de ouro. O sapateiro narrou sua desventura.
- É minha vez de provar o que penso. Tome este pedaço de chumbo que encontrei no chão. Pode ser que seja mais feliz com o chumbo do que foi com o ouro.
Foram embora e o sapateiro trouxe o pedaço de chumbo para casa, cada vez mais triste. Lá para as tantas da noite acordou com a voz da mulher de um pescador seu vizinho. Abriu a porta e perguntou o que desejava. A mulher vinha pedir um pedaço de chumbo para completar a chumbada da tarrafa do marido que ia pescar. O sapateiro entregou o que recebera e a mulher do pescador agradeceu muito, retirando-se.
Ao anoitecer, o sapateiro estava em casa, quando veio a mulher do pescador com um grande peixe na mão. Era um presente pelo chumbo. O sapateiro agradeceu e mandou sua mulher preparar o peixe para a ceia.
Quando a mulher abriu a barriga do peixe encontrou um enorme diamante. Como não conhecia diamantes, julgou-o um pedaço de vidro. Depois da ceia, como a mulher levasse a lamparina de uma sala para a cozinha, o tal vidro ficou iluminando todo o aposento, divertindo os meninos e assombrando o sapateiro.
No dia seguinte a mulher do sapateiro, não se contendo, contou a história do vidro luminoso e essa notícia foi-se espalhando pelo bairro. Muita gente veio ver e admirar. Um homem, depois de olhar muito o tal vidro, ofereceu cem moedas de ouro por ele. O sapateiro, espantado por uma quantia dessas, achou que o vidro devia valer muitíssimo mais. Fez-se de rogado e o homem foi oferecendo mais e mais dinheiro, até que ficou em mil moedas de ouro. O sapateiro não quis e foi mostrar a pedra ao rei que ficou estatelado quando viu o tamanho do diamante. Comprou-o por uma riqueza. O sapateiro mandou construir casa confortável para morar, colocou os filhos nas melhores escolas, e começou a viver como uma pessoa rica.
Estava uma tarde na janela de sua casa quando os dois amigos passaram. O antigo sapateiro chamou-os, abraçando-os, agradecendo o que fizeram por ele e contando tudo. O amigo que pensava nos auxílios reconheceu que estava errado e disse:
- Tens razão, amigo. Felicidade é fortuna. Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga...
Francisco Cascudo,
Natal, Rio G. do Norte.
Clap... Clap... Clap...
ResponderExcluirUm abraço e que o destino me permita mais uma vez desfrutar da convivência com você em 2012.
Sempre devemos amar mesmo se for apenas naquele momento, um grande abraço e espero mais palavras tuas, carissimo.
ResponderExcluirbjs