Você não é qualquer um.
E algum dia terá que fazer uma escolha.
Terá que decidir que tipo de Homem será quando crescer.
Seja quem for, de caráter bom ou ruim.
Você vai mudar o mundo,
pois nunca houve,
nem haverá alguém igual a você.
Jonathan Kent
No final de 2009 eu
havia me colocado uma meta pessoal, de manter três séries regulares de contos:
"As aventuras de Nótlim Jucks" – o meu menino maluquinho, ou o menino
pirata perdido (Billy Jukes) como o batizei na 2ª publicação do Blog, "Os
amores de Jim Russovi" – uma série cômica que trazia as aventuras de um
Don Juan moderno, cujo nome era uma junção antroponímica de Jim Morrison,
Renato Russo e Jon Bon Jovi, e por fim a série metafísica "Os ensinamentos
do mestre Issa"; contudo várias coisas contribuíram para que as séries não
fossem adiante.
Apesar de os
ensinamentos do mestre Issa não terem seguido como uma série de contos, foi algo
que se tornou um projeto e trouxe um retorno mais pessoal para mim, do que para
o Blog.
Metafísica |
Abordo este
post antigo, pois sua temática sempre foi um dos maiores sonhos de um menino; o menino que redige essas linhas. E que na última semana, quando foi
ao cinema, teve o sonho reavivado e os olhos cintilados. O filme era "Caça
aos Gângsteres", mas o que buscou o menino perdido dentro do homem formado
foi uma capa vermelha retirada de um varal.
Três anos após a
publicação da primeira aventura, "A Capa Lavada", lá estava o trailer
do filme "O Homem de Aço" e aquela sensação maravilhosa de sonhar
acordado me preenchia por completo novamente.
Sonhando Acordado |
O conto em si é mais
infantil, remetendo a uma idade que não sei ao certo, mas que sei que desde que
o pequeno sonhador se considerou gente, com fala e dentes na boca, sempre foi
fascinado pelo homem que podia voar, levantar carros e era apaixonado pela extraordinária
Lois. Sendo assim, republico o conto "A Capa Lavada", mais para
satisfazer meus sonhos despertos, do que por outro motivo; mas ainda assim
espero que gostem.
A noite foi longa e
ele sentiu que por pouco não descobriram seu ponto fraco. A menina de cabeça
invertida que de vez em quando aparecia debaixo de sua cama, desta vez não deu
sinal de vida - ou seria de morte? – pensou. Ele só sabia que teve de dormir
com a luz acesa, pois não estava invulnerável como nas outras noites.
Quando acordou no
meio da noite e percebeu que tinham apagado a luz, ele ficou consternado, pois
se seus pais estavam dormindo, quem poderia ter apagado a luz. De bate pronto
ele se levantou e correu até o compartimento secreto, que ficava em baixo da
revista em quadrinhos do 'Capitão América' - que ninguém podia tocar - e pegou
a revista da grande moça nua que o protegia nas noites escuras. Afinal de
contas uma moça com seios tão grandes e nua, só podia ser uma super-heroína
muito poderosa.
Apagaram a Luz |
Sábado mais cedo que
de costume ele se levantou, tomou rapidamente seu leite e um composto que
ficava numa garrafa que dizia algo como: "Biotônico" – certamente o
Dr. Botânico havia controlado a mente de sua mãe para que ela lhe desse aquele
composto. Intrigado, ele decidiu que depois investigaria, pois havia algo mais
importante a fazer; e afinal de contas ele já tinha as pistas necessárias; um
composto chamado "Biotônico" só podia ser coisa do Dr. Botânico, a
rima era clara.
Mais rápido que um
raio, ele correu até o quintal. E lá
estava ela. Tremulando ao vento, brilhando aos primeiros raios do sol matutino.
Ele se sentiu
aliviado. Correu até onde estava sua capa vermelha, mas percebeu que ela estava
ligeiramente mais alta que ele; exatamente quase um "ele" a mais.
Então, com sua super-visão ele olhou ao redor, porém não encontrou nada que
pudesse ajudá-lo na difícil empreitada de pegar sua capa.
Foi quando viu o
banquinho branco, aquele que não podia ser pisado. Olhou mais uma vez ao redor
e não havia sinal de perigo, sua mãe estava cuidando do jardim. Assim, ele
sorrateiramente foi até o banquinho branco e o pegou, correu ligeiramente - em
silêncio - para baixo do varal e ao que ele subiu no banquinho sua mão pode
tocar a maravilhosa capa vermelha que fazia seus olhos brilharem e seu sorriso
se abrir. Num único e preciso puxão ele fez o prendedor pular. Com a capa em
mãos e uma destreza sem igual, ele fez um rodopio longo e demorado sobre a
cabeça, terminando no pescoço com o laço rápido que seu avô havia lhe ensinado
fazer.
Ele estava pronto.
Invulnerável novamente. Invencível. Pronto para enfrentar o Dr. Botânico e a
menina de cabeça invertida. Houve então um pequeno momento de silêncio; sua
super-audição havia captado um grito de socorro. Lois! Ela estava em perigo. Ele precisava salvá-la!
A Capa |
Ele olhou rapidamente
para o quintal, para longa escada que findava a garagem, e tomou uma decisão:
"Preciso de um impulso!" – correu até o começo da garagem, olhou o
fundo do quintal e partiu em disparada com a certeza de que precisava de sua
super-velocidade para pegar um bom impulso. Ao atingir o primeiro degrau no
topo da escapa ele estendeu um braço, colando o outro de punho cerrado junto ao
corpo e voou. Por incríveis dois segundos ele voou; voou de testa no chão
libertando seu temível super-grito, o que fez sua mãe correr mais rápido que o Flash.
Algumas horas e
pomadas para contusões – na testa – depois, ele conseguiu diagnosticar o que
havia dado errado: "Mamãe, preciso aprender a pousar!" – e sua mãe
quase precisou ser socorrida pelo pai.
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Bia, obrigado por
estar comigo e não se importar de muitas vezes eu ser apenas um menino
crescido.
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