domingo, 6 de maio de 2012

Deixar Ir

Aqueles que tiveram grandes paixões 
ficam a vida toda felizes, 
e infelizes, por se terem curado delas.
[François de La Rochefoucauld]
Feliz
O mês de Abril foi corrido e Maio começou tão rápido e vertiginoso que demorei a perceber que o primeiro Domingo havia acabado. Estava entretido com meu novo aprendizado, "FotoLeitura", que quando me dei conta, era quase Segunda.

Hoje a miríade será determinada; três poemas de autores distintos e independentes. Para dar um tom diferente.

Tenho alguns amigos que deram uma opinião interessante sobre o blog, comentaram que alguns textos são muito longos para serem lidos no computador e que no inicio os textos eram muitas vezes concisos, mas atrativos. Então vou fazer um exercício agora em Maio; vou mesclar uma publicação mais concisa e outra mais longa. As longas, vou deixar para publicar alguns textos que o velho Talmur me deixou de presente – a filha do meu velho mestre ligou para dizer que ele está internado. Algumas impossibilidades me entristecem, mas quando ele decidiu voltar a morar próximo dos filhos, eu sabia que dificilmente voltaria a ver o velho mestre. É a vida.

Bom, o primeiro poema é de autoria de Douglas Cabrera Costa e foi publicado no livro 'Recriando Emoções'; livro que ganhei do autor, meu tio, poeta e educador. E revisitando as páginas  hoje já um pouco amareladas  do livro escrito em 1985, encontrei grande profundidade e paixão, que nas próximas publicações tentarei lhes apresentar. Vamos então apreciar:
Partida
Partida
poesia de Douglas Cabrera

Ela deixou marcas de ternura,
filtradas em gestos de amor,
enquanto as muralhas erguiam-se
entre nossos corpos apaixonados.

No desfraldar triste das horas
bailava o beijo da lembrança
e vinham dias vazios
nas lágrimas do coração.

Perdiam-se no vácuo da solidão
vidas unidas
na lira da paixão.

Partindo, ela deixava a tristeza
levar o sorriso de meu amanhã.

Eu vi mortos nossos corpos
no obstáculo que nos separava,
quando mergulhei no abismo
do espaço tão distante.

Partiu com a flor do desejo
ainda botão.
deixou incompletas as páginas
de nossa paixão.

Ela foi a poesia das horas;
o lago prateado das emoções;
o eterno alvorecer da alegria;
a brisa serena das sensações.

Partiu, e eu fiquei na noite,
sem estrela, sem carinho,
vendo as garras da saudade
devorar minha carne morta
nas chagas daquela partida.

O segundo poema é de autoria de outro Douglas Costa; um músico incidente, um poeta relutante e meu primo consequente. Sem nepotismo; apenas uma retribuição com carinho a uma pessoa que dedico minha torcida diária, para que viva a 'A Teoria do Sucesso Irrestrito - S=c.p²' e realize todos os seus sonhos. Em seu poema leve e levemente ácido, a transparência de si mesmo. Assim:
Pode ir
Minha despedida
poesia de Douglas Costa

Guardo de ti aquilo que preciso,
O que me faz feliz e me traz alívio.
Dos males, nenhum carrego.

Minha mochila é pequena,
Apenas algumas fotos, lembranças.
Seu sorriso, seu jeito engraçado, tudo que me ensinou.
Do resto nada quero, nada me acrescenta.

Disseram-me que as portas do céu são justas,
Por isso escolhi esta sacola,
Pois cabe exatamente tudo,
De tudo de bom, de todos,
De tudo aquilo que me compõe.

Guardo estas coisas e te vejo ir.
Pois sei que a felicidade que procura não esta aqui.
E me faz feliz te ver sorrir,
enche o meu saco!
De pura felicidade, meu saco.
Me faz melhor te ver partir.

O último poema foi escrito há bastante tempo pelo poeta Nótlim Jucks e reflete incerteza, conflito e a dificuldade de se libertar do passado. Mas com resiliência o personagem poético se despede e segue. Como em todos os momentos da vida. Enfim:
Sem Sorrir
Partir sem sorrir
poesia de Nótlim Jucks

Estou tão cansado de tentar ter razão
e há essa dor que abraça meu coração.

Eu esperava que você entendesse,
que eu não nasci para ficar sozinho
e esperava que você me deixasse partir
pois não há motivo para continuar assim.

Esta dor é real apenas por sua causa.
Estas lágrimas correm apenas por sua culpa.

Mas por mais que eu tente desistir
alguma coisa ainda me prende aqui.
E eu abriria meus braços se você pedisse,
mas há muito orgulho em seus olhos.

Eu seria capaz de negar a mim mesmo,
mas estou tão cansado de sentir esta dor,
sendo assim eu apenas esperava partir,
esperava apenas partir sem sorrir.

Porém esta dor que me faz chorar
grita dentro de mim tentando se libertar
e ainda não sei se há algum lugar
onde eu possa ir sem te encontrar.

Te encontro em minha mente
consumindo minha liberdade.
E quando procuro em mim
não encontro qualquer sanidade.

Me perco iludido com o passado
e nestes momentos você tem me derrotado.

É tão difícil dizer por quanto tempo
eu estive errando por estes caminhos.
Mas eu esperava que você entendesse
que eu não nasci para ficar sozinho.

Eu fico surpreso com tudo que acontece
mas enfrento esta dor que me fere.

Esta dor é real por que ainda lembro
Lembro que era pra ter sido melhor
do que o que eu pude te dar.
Eu juro era simplesmente te amar.

É tão difícil dizer que estive errado
este tempo todo, por tanto tempo.

Eu esperava ser capaz de pedir perdão
mas estas lagrimas são apenas vergonha.

Nós erramos e não reconhecemos,
não houveram lagrimas para lavar nossos erros.
Eu estou tão cansado de sentir esta dor
então espero apenas partir sem sorrir.
--


Querer esquecer alguém é pensar nesse alguém. O amor tem isto em comum com os escrúpulos: torna-se ácido pelas reflexões e os retornos feitos para livrar-se dele. É preciso, se possível, não sonhar com a sua paixão para enfraquecê-la. 
[Pierre de la Bruère]

domingo, 15 de abril de 2012

Um Feixe de Luz

Aquilo que você mais sabe ensinar, 
é o que você mais precisa aprender.
Ilusões - As aventuras de um Messias Indeciso 
[Richard Bach]
Escritório de Patentes de Berna
O ano é 1905, Einstein trabalha em um oficio que o entendia e é mal pago no escritório de patentes suíço. Infelizmente ele chateou tantos professores que nenhum o recomendaria para lecionar.

Ele se casou com Mileva e tiveram um filho, mas nada parecia o prender a realidade, pois ele vivia as voltas com articulações grandiosas e grandes teorias, a ponto de seus amigos se preocuparem e tentarem convencê-lo a trabalhar em áreas menores da física, para conseguir um posto na universidade e ter um salario decente para cuidar de sua família.

Mas Einstein tinha um sonho, um sonho que o acompanhava desde pequeno; ele queria saber o que havia no fim de um feixe de luz. E ele dedicou-se à luz, na universidade e além, trabalhou horas a fio em casa após o trabalho, buscando responder questões que intrigavam sua mente irrequieta.
O Pequeno Pensador, de Donald Zolan
E durante um destes períodos de trabalhos particulares, enquanto rabiscava suas teorias, ou devaneios – como consideravam muitos –, ele teve uma revelação monumental. Ele teve uma efusão inacreditável de criatividade e iniciou a revolução da física com a publicação de um artigo sobre como calcular o tamanho verdadeiro dos átomos.

Dois meses depois, publicou seu artigo sobre a natureza da luz – o artigo que viria lhe dar o prêmio Nobel anos mais tarde. E no terceiro mês, o terceiro artigo, sobre como as moléculas se movem quando aquecidas, o que finalmente acabou com o debate se os átomos existem. O quarto artigo foi publicado no final do sexto mês, e nele, Einstein explicou a teoria da luz, tempo e espaço. Era a "Teoria Restrita da Relatividade", que mudaria toda nossa visão do mundo.

Aquele ano que parecia só mais um, foi um ano milagroso para Einstein e não parou por ali. Num último grande artigo de 1905, ele propôs uma unidade mais profunda. Ao computar as implicações de usar uma nova teoria, percebeu outra ligação estranha entre energia, massa e luz. Ele concluiu que a energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado.
A Natureza da Luz
Einstein mandou seu grande artigo de 1905 para publicação. Em três páginas e simplesmente afirmou que energia e massa estavam ligadas pelo quadrado da velocidade da luz: E=mc2. Com quatro notas familiares na escala da natureza, o examinador de patentes compôs uma melodia totalmente nova. Foi o apogeu de sua jornada de 10 anos em direção à luz.

Por centenas de anos, a ciência acreditou que havia um mundo de objetos de matéria, e outro mundo separado, de movimento, força e energia. E Einstein disse: 'Não são separados'. Energia pode se tornar massa e fundamentalmente, massa também pode tornar-se energia. Há uma unidade profunda entre energia, massa e luz.

A equação de Einstein mostrou que cada pedaço de matéria no Universo tem dentro de si uma quantidade fantástica de energia. A velocidade da luz, por exemplo, é mais ou menos 299.792.458 m/s, multiplica-se isso por ele mesmo e terá um quintilhão. Então, em outras palavras, o que é massa? De certa forma, massa é a condensação de vastas quantidades de energia.
Energia Pessoal
E aqui surge um questionamento filosófico. Você já se deu conta que é portador de tanta energia, que se puder abrir de alguma forma toda energia existente em você, irromperia uma força comparada à da bomba atômica?

Depois do 5º grande artigo de Einstein em 1905 os físicos nunca mais falaram de massa ou energia. Desde então, entenderam ser a mesma coisa. Porém o ano mais miraculoso da ciência terminou em silêncio. Os artigos foram publicados e ressoaram em nada.

Então, lentamente, começou: uma carta aqui e ali. E durante quatro anos, Einstein respondeu a cada questionamento tentando explicar suas ideias complexas e difíceis para uma comunidade confusa. Depois de quatro anos esperando, ele foi nomeado professor de Física pela Universidade de Zurique. Dali em diante, sua carreira foi meteórica. Virou professor de Física na Universidade de Berlim e ganhou renome internacional. Ele se tornou o pai indiscutível da Física Moderna.
Albert
Tudo porque ele acreditou em um sonho. O sonho infantil de descobrir de que era feita a luz e o que ele encontraria no final de seu feixe. Einstein sonhou cavalgar um raio de luz e imaginou o que encontraria.

Há um livro de 1954, escrito por Claude M. Bristol & Harold Sherman, o qual eles chamaram T.N.T – Nossa Força Interior, que trata de maneira simples – até mesmo pela época em que foi escrito – da energia que nos move e a qual estamos conectados, quer acreditemos, ou não. E como a persistência, o foco, a confiança, pode moldar nossa vida. E como 'devaneios' como os de Einstein, podem tornar-se realidade.

Mike Dooley, um dos palestrantes do filme 'The Secret', criou a tabela a baixo, como um mapa de orientação, de como libertar a energia que cada um de nós encerra e obter o que desejamos. Tudo tem haver com nossos pensamentos, depende completamente de nosso estado de ânimo. Devemos agir no sentido de realizar o que desejamos, agindo com confiança e tendo a visão ampla que gera as possibilidades, os detalhes para alcançarmos nossos sonhos vão sendo delineados conforme nos colocamos em movimento em direção ao nosso desejo.
Tabela do Sucesso, de Mike Dooley
Devemos começar pela esquerda, duas ou três colunas e as consequências serão o que está mais a direita. Tudo nasce com felicidade; deseje abundância e as consequências serão uma carreira promissora, amigos, harmonia familiar. À esquerda, tudo depende 100% do seu foco, das suas perspectivas. Não depende do tempo, de espaço, ou outras coisas. As ilusões são aquilo que acreditamos que nos trará o que está à esquerda. 

Se percorrermos a gama da realidade da direita para esquerda, não há fluxo, por que não há conexão. Ter o carro especifico, o emprego especifico, ter a soma de dinheiro adequada, não vão lhe encaminhar para felicidade. É partindo da felicidade que se obtém essas coisas.

Não amarre seus sonhos a coisas, como exemplo, 'Quando eu comprar aquela casa serei feliz', 'Quando eu tiver aquele cargo estarei satisfeito'; os maiores e melhores resultados surgem com confiança, criatividade, paciência e porque não dizer, com espiritualidade. Einstein acreditava em Deus, ele queria entender como Deus criou o Universo e isso o levou a realizar as maiores descobertas sobre o Universo.
Perseverança
Se Einstein, que foi a mais brilhante mente do século XX, teve que passar horas a fio dedicando-se a seu sonho, buscando as respostas para questões que muitos sequer imaginavam questionar, durante anos; quanto de esforço, persistência, confiança e atitude, você acredita que precisamos para alcançar nossos sonhos?

Desejo-lhe saúde.
Desejo-lhe riqueza
que não acabe com o tempo.
Eu lhe desejo longos anos.
Que seu coração seja tão paciente quanto a terra.
Seu amor, tão cálido quanto o ouro do trigo.
Que seus dias sejam cheios, como cheia é a cidade.
Suas noites, tão animadas quanto dançarinos.
Que seus braços sejam tão acolhedores quanto o lar.
Que sua fé seja tão duradoura quanto o amor de Deus.
Seu espirito, tão valioso quanto sua herança.
Que sua mão seja tão firme quanto um amigo.
Seus sonhos, tão cheios de esperança quanto uma criança.
Que sua alma seja tão corajosa quanto seu povo
E que você seja abençoado.

Bênção de Wigglier
(encontrada na folha de rosto 
do livro de John Robbins: 
Saudável aos 100 Anos)

domingo, 18 de março de 2012

Uma Força Imparável

O que acontece quando uma força que não pode ser detida
encontra um objeto que não pode ser movido?
(perguntou a Esfinge)
Esfinge Noir, de Susan Seddon-Boulet
Oito meses; foi este o tempo que o velho Talmur me deixou sem noticias. O mais incrível é ele me ligar em um momento que eu desejava imensamente conversar com ele. O velho mestre completou 96 anos na última terça-feira, 13 de Março; e deu pra perceber pela fala ofegante, que a idade está lhe pesando, felizmente não sobre sua cabeça, que continua demonstrando a genialidade que me cativou.

"Boa noite, sonhador!" – disse a voz distante.

"Talmur?" – Balbuciei incrédulo.

"Ah garoto, não é assim que eu esperava ser cumprimentado." – retorquiu o mestre em meio a uma respiração prolongada.

"Mestre Issa!? O senhor tá vivo?" – indaguei estupidamente e senti o silêncio percorrer toda linha telefônica, do Brasil a Alemanha – "Mestre?"

"Por enquanto eu estou vivo, mas acho que você já estava me considerando como uma alma penada" – respondeu meu mestre, depois de alguns segundos.

Ao final da ligação – pouco mais de uma hora e meia de conversa, quase duas, depois – eu dei graças a Deus por ter sido ele quem ligou, e não eu. O velho Talmur já viajou o mundo, mora em Colônia na Alemanha, tem uma aposentadoria gratificante – apesar dos gastos atuais com a saúde (eita, que minha mente está gerando peso na minha consciência) – ele pode bancar essas ligações sem dor no bolso.

Eu precisava muito conversar com alguém, mas não podia ser simplesmente um amigo, ou meus pais, eu precisava de alguém que mexesse com meus 'miólos' (você se lembra do filme: "A Volta dos Mortos Vivos"? ... :-S eu e minhas paráfrases nada haver, continuemos...) , eu precisava do mestre Issa – e eis que como o mestre dos magos, o velho Talmur me liga lá da Alemanha. Desculpem-me pelas correlações, mas eu fiquei muito feliz com ligação do meu velho amigo. E é engraçado isso, porque há umas publicações atrás, a Francy's Oliva que mantém o Blog – superbacana – 'Estação Zero', havia deixado um comentário perguntando do meu velho mestre [http://estacaozero.wordpress.com/].

A conversa com o mestre Issa foi um reviver, um reencontrar. Eu Precisava entender um problema que eu tinha detectado em mim; se era real, ou se era só algo da minha imaginação e que eu não devia dar importância.

Há algumas semanas eu havia encontrado uma amiga de longa data, que não via há muito tempo. O encontro foi fabuloso, conversamos como se nunca tivéssemos nos distanciado; bebemos e petiscamos, rimos muito e nos lembramos de momentos bons (alguns ruins também). Mas em uma fala dela, eu percebi porque nós havíamos nos distanciado. Eu a afastava de mim, com uma atitude que eu não percebia fazer – até então – e que muito a incomodava. E foi quando eu vi isso nos olhos dela e em seu semblante, que eu percebi um erro que eu vinha – e venho – cometendo há anos.

Por isso eu precisava tanto falar com o mestre Issa, pois ele era o único psicanalista com eu me sentia bem para conversar; e isso tem haver com um defeito meu também, por ele ter comentado comigo certa vez, que esteve em uma mesma conferencia em que estava Anna Freud, era como se o carinha que vive dentro da minha cabeça, o tal Ego, se sentisse bem e dissesse: "Se o velho conheceu a filha do Sig, tudo bem. Ele pode te aconselhar.".

E eu ouvi a voz distante do meu velho amigo dizer: "É um fardo muito grande esse que você decidiu carregar Milton. Você não pode 'salvar' todas as pessoas do mundo." – e eu senti na maneira como ele me falou isso, que eu tinha um problema, grande.

Eu e minha amiga estávamos num barzinho, com outros amigos, quando outra amiga em comum resolveu ir embora e no momento eu disse alguma coisa que agora me foge a memória, mas essa amiga que eu não via há tempos, me olhou um olhar gélido e reprovador e disse: "Ela sabe se cuidar! Ela não é criança!" – e neste momento eu travei; sem reação, sem pensamentos, sem nada a dizer. Minha outra amiga passou por mim, beijei sua mão e ela se foi.
Salva à todos.
E ouvi o mestre do outro lado da linha dizer: "Você tem um senso exagerado de responsabilidade; acredita que as pessoas não conseguem se virar sozinhas e possuí essa necessidade constante de 'salvá-las'. Você precisa entender que você não é o Super-Homem.".
Certeza?
Então foi minha vez de ficar em silencio ao telefone, mas perguntei: "Como assim?" – e o mestre me explicou – "Desde que eu te conheço, você tem na cabeça, que tem Síndrome de Peter Pan, que as pessoas não associam responsabilidade a sua imagem e que não lhe dão valor adequado por que você é muito jovial. E na verdade você não tem síndrome nenhuma, o seu senso de responsabilidade é que é exagerado e você quer fazer – se preocupa com – as coisas em excesso." – e então fez uma pausa – "Fredric Wertham publicou um trabalho controverso na década de 50, em que ele tentou retratar esse seu exagero, mas eu nem vou lhe falar como ele batizou o diagnóstico, pois te conhecendo, só vai piorar as coisas" – então ele tomou uma respiração profunda e disse: "Sinto falta de poder lhe dizer isso de perto e poder te dar uns cascudos.".

E já quase no final de nossa conversa o mestre me aconselhou: "Não se cobre tanto, as pessoas não nutrem toda essa expectativa; permita que as pessoas cuidem de si, você não pode ajudar todo mundo. Agora você sabe o que as afastou de você; nenhuma delas precisava ser 'salva', elas nunca estiveram em 'perigo' – não deixe mais que essa necessidade te cegue; busque o equilíbrio que você tanto tem pregado aos que conversa.".

O mestre sabia que eu ia pesquisar a respeito de Fredric Wertham, que mesmo ele não me contanto, ele já havia me encaminhado durante a conversa. Wertham escreveu um livro criticando a influencia das 'revistas em quadrinhos' na formação dos jovens; o que resultou na criação do 'Comic Code Authority', que instituiu valores morais, éticos e filosóficos as revistas, com grande impacto no selo 'DC Comics' que publica as histórias do Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, entre outros.

Algo que se reflete no diálogo do Coringa com o Homem-Morcego, quando este o captura no filme – 'O Cavaleiro das Trevas':
Uma força que não pode ser detida
"Coringa: Ora, seu… Não podia me deixar cair, não é? É isto que acontece quando uma força que não pode ser detida encontra um objeto que não pode ser movido… Você é realmente incorruptível, não é? Você não vai me matar por um falso senso de moralismo inapropriado e eu não vou matar você porque você é muito divertido. Acho que você e eu estamos destinados a fazer isto para sempre.".
Fortaleza da Solidão
Algumas coisas a gente só de dá conta tarde. Ainda bem que não é tarde o bastante a ponto de eu ter que passar o resto dos meus dias na 'Fortaleza da Solidão'. Ainda acho você Lois =)
Lois Lane
Toda Noite
poesia de Nótlim Jucks

Estou nas ruas de novo.
Tenho procurado algo que faça algum sentido,
mas não sei o que.
Já passou das dez
e estou do lado errado da cidade.
Passo mais algumas noites assim,
tentando me inocentar.
Não que eu esteja sendo acusado de algo,
mas se eu ficar apenas pensando coisas
vou acabar correndo para ela de novo
e cada estrada é um caminho para isso.
Não posso ficar correndo pra ela toda noite.
Não que eu me importe, mas...
não posso ficar correndo pra ela toda noite.
Princesa, por você eu correria,
mas não esta noite.
Talvez se eu conseguir um coração mais duro
e uma alma de aço,
talvez aí tenhamos alguma chance.
Mas toda vez que estamos juntos,
eu esqueço de ler as entrelinhas
e isso têm destruído tudo que sou.
Talvez fosse mais fácil
se você atirasse em mim.
Ainda assim preciso saber se você esta bem.
E me importo se você esta se sentido sozinha.
É... quem sabe mais algumas noites andando,
aí talvez a cidade possa me dar
aquilo que eu preciso para me inocentar.
Não que eu esteja sendo acusado de algo,
mas se eu ficar apenas pensando coisas
vou acabar correndo para ela de novo
e cada estrada é um caminho para isso.
Não posso ficar correndo pra ela toda noite.
Não que eu me importe, mas...
não posso ficar correndo pra ela toda noite.
Gostaria de fechar meus olhos
e me sentir a salvo, pelo menos uma noite.
Não posso ficar correndo pra ela toda noite.
Não que eu me importe, mas...
não posso ficar correndo pra ela toda noite.
--
O que acontece quando uma força que não pode ser detida
encontra um objeto que não pode ser movido?
(perguntou a Esfinge)

Eles se rendem.
(respondeu o Super-Homem e
assim libertou Lois)

domingo, 4 de março de 2012

Minha Amada Imortal

Por algum motivo você acredita
que eu guardo alguma mágoa de você. 
Mas se estas lágrimas que teimam 
em encher meus olhos, são mágoa; 
certamente estou muito longe 
de saber o que é o amor.
Anônimo
Sonata Kreutzer, pintura de René François Xavier
Originalmente prepararei uma publicação a respeito de Albert Einstein, que deveria ter sido publicada no fim do mês passado, mas como o fim do mês passado, foi semana passada, eu a havia deixado para publicar hoje; porém, hoje acordei com vontade de publicar outra coisa.

Não sei por que, sonhei com o filme 'Minha Amada Imortal', que biografa a vida de Ludwig van Beethoven de maneira extraordinária, com uma interpretação magistral de Gary Oldman e participação especial da bela Valeria Golino.

Fiquei por algumas horas imaginando como transcrever a sensação que me arrebatou pela manhã, quando me lembrei da cena em que Beethoven narra a Anton Schindler o que o levou a compor sua Sonata nº9. O interessante de lembrar estas coisas, é que geralmente colocamos as imagens na ordem que melhor nos parece. Beethoven narra sua inspiração a Schindler em um momento do filme e o clímax musical acontece em outro, mas o registro em minha mente foi único [...] 'Um homem está tentando chegar à sua amada. Sua carruagem quebra sob muita chuva. As rodas ficam presas na lama. Ele luta. Ela não vai esperar mais. E este, este é o ruído de sua agitação' [...]


"E assim acontece..." é o que diz a música "Não como você está habituado... não como costuma pensar... mas assim é".

A Sonata para violino nº9, comumente conhecida como a Sonata Kreutzer, é uma sonata de violino que Beethoven publicou como seu Opus 47. É conhecida por sua parte de violino exigente, com comprimento incomum e alcance emocional - enquanto o primeiro movimento é predominantemente furioso, o segundo é meditativo e o terceiro é alegre e exuberante. (fonte: Wikipédia)

Optei por um video que contém apenas a execução de dois movimentos por Moiseiwitsch & Heifetz, devido ser a melhor execução do primeiro movimento - que encontrei - que casa com explicação dada por Beethoven; há no Youtube uma execução fabulosa de Anne-Sophie Mutter. [http://youtu.be/COGcCBJAC6I]

Durante essa semana volto com a publicação sobre Einstein e espero ter mais alguma novidade a contar. Encerro esta breve publicação, com a carta de um homem à sua amada:
Minha Amada Imortal
poesia de Ludwig van Beethoven

A jornada foi terrível .
Só cheguei aqui às quatro da manhã.
Avisaram para não viajar à noite 
por causa da floresta...
por causa da floresta...
A carruagem quebrou numa estrada horrível...
só uma estrada no campo. E estou completamente retido.

Mas achei uma outra, 
e logo estaremos juntos. 
Hoje, espero.
Tenho de te ver.
Por mais que me ames, 
eu te amo muito mais.
Nunca te escondas de mim.

Embora ainda no leito, meus pensamentos são para ti...
Minha Amada Imortal.
Alguns alegres, outros tristes...
aguardando para ver se o destino vai nos ouvir.
Só posso viver plenamente contigo, ou não viver.
Sim, é como deve ser.
Agora tenho de dormir.

Tenha calma, amor...
hoje, ontem... anseio até às lágrimas por ti.
Tu... és a minha vida... meu tudo.
Então, adeus.
Continua a me amar.
Sempre teu, sempre minha...
Para sempre.
--
Sonata ao Luar
Acrescento ao post, a "Sonata ao Luar", por ser de uma profundidade exuberante, com a interpretação que me fez citar Gary Oldman e Valeria Golino - sinta a música: