domingo, 20 de fevereiro de 2011

As Escolhas e O Destino

Aquilo que você resiste, persiste.
Carl Gustav Jung


_ Jucks, o que é destino para você?

_ Destino é tudo que acontece conosco cujo fator não depende de nós.

_ Sartre se revira no túmulo cada vez que alguém diz algo assim!

_ Se apenas ele estiver certo, significa que todos os outros filósofos estão errados. O velho Issa não tem te ensinado nada? Ele te pediu para interpretar o que significa destino?

_ Não. Ele pediu que eu tirasse um tempo para pensar em como superar os obstáculos que surgem em nosso caminho e que por vezes resistem as nossas ações. Aí isso me fez pensar no destino.

_ Da próxima vez que vocês forem à Cultura, vou com vocês. Você não entendeu o espírito da coisa. Você precisa se focar na solução, não no problema. Vou lhe contar uma parábola dum feito realizado por um tal Alexandre da Macedônia: 

"Alexandre, precisava cruzar a Tessália com seu exército, mas havia um problema. Os tessálios haviam fechado o vale onde ficava a cidade, à esquerda e à direita do rio, impossibilitando a passagem do seu exército. Ele então se aproximou de um mapa feito por Aristóteles e apontou para a montanha Ossa, que se precipitava do mar, e disse: 'Passaremos por aqui.'
_ E como? - perguntou um de seus generais. – Nenhum de nós tem asas que eu saiba.
_ Cortaremos uma escada na rocha – replicou Alexandre.
_ Está falando sério? – perguntou o general.
_ Eu nunca brinco em dever – respondeu Alexandre.
Os presentes entreolharam-se quase incrédulos: estava claro que nenhum obstáculo, nenhuma barreira feita pelo homem ou natural, jamais iria deter Alexandre. A 'escada de Alexandre' ficou pronta em sete dias e, com a ajuda das sombras da noite, seu exercito penetrou na planície da Tessália sem desferir um só golpe."

"Alexandre da Macedônia jamais duvidou que fosse possível realizar este feito e tantos outros, por isso os realizou.

"Quis o destino que Alexandre sucumbisse a "Febre do Nilo" e Sartre diria que Alexandre sucumbiu a "Febre do Nilo" por resultado de todas as escolhas que ele fez durante a vida. Mas eu te pergunto, poderia Alexandre, saber que uma de suas escolhas o levaria a contrair um vírus? Isso seria a capacidade de prever o futuro. Eis porque não é possível haver 100% de retidão no pensamento de Sartre, o que não quer dizer que ele não esteja certo.

"E aí se encontra a razão de por que às vezes por mais que façamos, os obstáculos parecem ser intransponíveis. Porque olhamos para eles como obstáculos, quando deveríamos fazer um exercício que dá 100% de retidão ao pensamento de Sartre. O exercício de buscar "prever o futuro". Ao realizarmos o exercício de buscar "prever o futuro" e tomarmos uma ação; se não alcançarmos o resultado esperado, realizamos novamente o exercício e tomamos outra ação e assim sucessivamente até que o impossível se torne possível."

_ Não sei quem é mais louco Jucks, você ou o mestre Issa!

_ Por quê? Ele te deu alguma dica para te ajudar com sua interpretação?

_ Ele falou para eu ler Manuel Bandeira.

_ Definitivamente o velho Issa é mais louco do que eu!

Ser Como o Rio que Fluí
(poesia de Manuel Bandeira)

Ser como um rio que fluí
Silencioso no meio da noite
Não temer as trevas da noite

Se há estrelas no céu, refleti-las
E se o céu se encher de nuvens
como o rio, as nuvens são água;

Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.

--

_ Ah, Mirtu. Não esquece de publicar meu poema. Não pode se comparar a Bandeira, mas é o meu poema. E tem haver com o que conversamos.

_ Pode deixar Jucks.

As Escolhas e O Destino
(poesia de Nótlim Jucks)

Noto certa confusão,
que temporariamente
parece permanente.
Idéias confusas
que se misturam
com coisas absurdas.
A razão parece ter fugido
abrindo espaço

à emoções sem sentido.
Por estranhos caminhos
meus pensamentos seguem,
por muitas vezes
eles me comprometem.
Loucura, insanidade,
o que são senão
a perversão da realidade.
Penso quase enlouqueço,
paro repenso
me reconheço.
Escolho e sigo,
construo meu destino
e identifico meu caminho.
A confusão se vai,
os pensamentos engrenam.
Nada mais pode ser
o que já foi,
mas pode ser melhor.
A confusão já não impera,
estou de pé,
o mundo me espera.


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