quinta-feira, 22 de abril de 2010

O que aconteceu com as fadas?

Depois de quase 15 dias sem conseguir me organizar o suficiente para garantir as publicações do Mirtu's Blog, eis que ressurge o paladino redator.

Hoje é o dia do descobrimento do Brasil e também o dia da Terra - que conforme a Wikipédia tem por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.

Conversando com o poeta Nótlim Jucks, pensamos em publicar algo que homenageasse o Brasil, ou que falasse algo sobre preservação ambiental, mas não conseguimos chegar num consenso. Então decidimos publicar algo totalmente fora de contexto.


O poeta me encaminhou um poema que ele escreveu em 1996, com a seguinte nota: "Na década de 90 houve vários conflitos na Europa, devido à dissolução da Iugoslávia, e as imagens destes conflitos me marcaram bastante, assim acho que vale a pena publicar este poema. É um poema que eu particularmente gosto, pois tem uma inspiração em um Salmo e conta uma história que é vivida em todos os lugares do mundo, seja por questões religiosas, financeiras, ideológicas, culturais, etc."

Desta forma, apreciem: O que aconteceu com as fadas?

Verdes pastagens.
Águas cristalinas.
Céu azul.
Estou no meio do nada,
olhando para lugar nenhum.
Aliás, não estou no meio do nada,
pois contemplo o todo
e tudo vive a minha volta.
Quantos dos que nestas terras pisaram,
tiveram a oportunidade de apreciar aquilo que lhes foi dado.
Vejo coelhos e cervos correndo,
uma gaivota sobrevoa a lagoa de águas cristalinas.
Vejo os peixes que nadam como se dançassem.
Cisnes não podiam faltar,
muito menos princesas que dormem encantadas.
Um conto de fadas,
um sonho bom.

Ouço os pássaros cantarem.
Sinto uma imensa paz a minha volta.
Tudo singelo e límpido.
O por do sol é esplêndido,
ele se esconde atrás dos montes.
Vermelho e flamejante vejo o astro rei se recolher
para a mãe noite me abraçar.
Sinto um frio percorrer minha espinha,
mas é apenas uma brisa que resfria meu ser.
Vejo uma estrela cadente no céu,
então faço um pedido.
O pedido ?
Que no céu eu pudesse ver mais três estrelas.
Para que assim como nos contos de fadas,
eu tivesse direito a três desejos.
De repente as estrelas cadentes se multiplicam.
Ouço o uivo dos lobos
e percebo que não são estrelas.
São brinquedos de generais.
Os tais foguetes usados para nos proteger
do homem mal que vive no outro continente.
Foguetes de destruição,
pois não vejo mais verdes pastagens
e as águas cristalinas estão em vermelho escarlate.
As lagrimas do camponês jorram,
assim como as águas vermelhas do vale encantado.
Tudo era belo quando eles chegaram,
e eu sou o culpado por ter desejado demais,
quando eu tinha tudo e não via nada.
Só queria viver um conto de fadas
e acabei em um filme de guerra.
Papai adorava estes filmes,
mas aposto que nunca mais irá vê-los.
Neste momento contemplo o nada.
Nada sobrou depois que os homenzinhos de verde
passaram com suas maquinas de guerra por aqui.
Adoraria estar em outro lugar.
Ser outra pessoa.
Com outro nome.
Um lugar com verdes pastagens,
águas cristalinas,
e céu azul.
Onde tudo vive.
Aqui só vejo fumaça e destruição.
A máquina de guerra esteve aqui.
Nunca estive aqui, não sei como é.
Não imagino como seja a dor e a perda que a guerra trás.
Por mais santa que seja,
dos dois lados só vejo derrotados.
Nunca passei por isso
e não sei se sobreviveria meia hora no meio dela.
Apenas relato o que vejo na TV e leio nos jornais.
Pois jamais gostaria de sentir estar dor,
chamada guerra.

Dedicado a todos os sobreviventes das guerras deflagradas neste planeta azul.

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