domingo, 22 de agosto de 2010

Lágrimas no Espelho

Navegante, dou-lhe boas-vindas. Você acaba de ancorar no porto inventivo do menino-pirata Nótlim Jucks e seus asseclas. Não se surpreenda se tudo lhe parecer estranhamente familiar, mas é que em algum lugar em seu interior ainda vive aquele menino, aquela menina que você foi um dia – então, permita-se.

Há poucos dias Quentin Tarantino me remeteu de volta a minha infância; foi como se eu tivesse voltado ao século passado – parênteses (eu nasci no século 20, mas se você olhar para trás, não faz tanto tempo assim) fecha parênteses – e estivesse assistindo a TVS – você sabia que o SBT já foi a TVS? Pois é, isso até agora pouco me parecia algo que só tinha acontecido na minha mente, mas o sábio Google me mostrou a verdade; existiu – ou a Globo – que sempre foi a Globo, ou pelo menos não perdi tempo para buscar o histórico dela... nossa esse parágrafo ficou cheio de diálogos entre o que estava sendo escrito... vamos começar direito.

Há poucos dias Quentin Tarantino me remeteu de volta a minha infância. Foi como ir dormir mais tarde no Sábado à noite e assistir o Snake Plissken realizar uma fuga impagável de uma Nova York futurista. Você não conhece o Snake Plissken? Ah, pára! Você certamente já assistiu "Fuga de Nova York", certo? Não vale dizer que você estava na barriga da sua mãe; é um clássico – um clássico filme dos anos 80. Bom, se você não assistiu, faça-se um favor, vá até a locadora mais próxima e alugue; aproveite para pegar também "A Prova de Morte" (filme não lançado do Tarantino, que resolveram lançar), o filme do Stuntman Mike. Tarantino tem o dom de fazer filmes legais e de quebra ainda recuperar o prestigio de alguns atores meio esquecidos - John Travolta que o diga e por minha conta, Kurt Russell – juro que não me lembrava dele em filmes bacanas, mas depois de "A Prova de Morte" fiquei com vontade de re-assistir o excelente "Tombstone - A justiça está chegando", o legalsíssimo "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e o Cool "Fuga de Nova York" – é Cool mesmo, ou como diria meu amigo Carioca, maneiro; porque filme Cult nem sempre é Cool.

Percebeu o nome dos anti-heróis? Snake Plissken. Stuntman Mike. Só pelo nome dos caras você já percebe que os filmes são legais; mas em "A Prova de Morte" as mulheres dão um show – é um filme de menino, feito para agradar meninas; meninas malvadas =)


Logo em seguida de assistir "A Prova de Morte", conversei com o poeta Nótlim Jucks e pedi a ele um poema menos "bunitinho", afinal o Mirtu's Blog vive de poesia, então ele me enviou o poema "Lágrimas no Espelho" e me escreveu o seguinte: "Mirtu, como você está tratando de filmes nessa publicação, encontrei esse poema que estou te enviando e ele estranhamente me lembra o filme 'O Último Americano Virgem', acho que tem haver com o fato de um dos protagonistas, tanto no filme, quanto no poema, se decepcionar com o final da história. O filme é uma clássica comédia de sexo dos anos 80, na linha de Porky's; mas no fundo trata um assunto controverso, o aborto. Agora vou ser estraga prazer, o 'mocinho' perde no final ;-)".

Lágrimas no Espelho

Eu a vi na avenida Maia.
Olhos lindos, perfeita.
Seus sonhos eram como
os de muita gente.
Um lar, um carro, uma família...
E ela conheceu alguém que a levou às estrelas.
Ele cheirava a cigarro barato
e seus olhos tinham cor de bebida forte.
Mas era um cara que fazia sucesso,
todas as garotas queriam estar com ele.
Ela se entregou completamente;
seu corpo e sua alma,
no banco deitado
do velho importado.
De repente a porta se abriu,
e seus sonhos se foram,
empurrados aos berros
e lavados com choro.
Para ele foi apenas mais uma conquista,
entrou pra conta.
Para ela foi a primeira derrota,
tinha ficado caro.
Seus sonhos se tornaram
filmes que não veremos;
e seus pesadelos foram filmados reais,
pesadelos que nem no cinema são legais.
Eu a vi na avenida Maia.
Olhos lindos, perfeita.
Naquela noite,
ela se sentiu como uma taça quebrada.
Naquela noite,
eu lhe propus uma virada.
Ela se ergueu, pegou minha mão e aceitou.
Pintamos alguns quadros
e sonhamos vários poemas,
mas essa não era a vida que ela queria,
ela trabalhou comigo e tentou ...
Dois meses depois,
há encontrei largada em um carro vermelho;
vermelho como o vinho barato
da garrafa quebrada na calçada.
Foi na esquina da Santos Dumont
com a Osvaldo Cruz.
Tem certas lágrimas que quando caem
são como espelhos quebrados.
Ainda te mostram algo,
mas não espelham a verdade de antes.

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