domingo, 21 de março de 2010

Affezione di Jimeno

Já foi publicado aqui no Mirtu's Blog algo sobre cativar as pessoas, algo sobre encantar as pessoas e algumas outras atitudes que ao realizarmos, nos faz bem e espalha o bem. Hoje estamos chegando ao 3º episódio de "Os amores de Jim Russovi" – que apesar de não andar como programado, tem saído melhor do que eu pretendia – e neste pequeno conto, é retratada uma atitude, uma transmissão de sentimento, que muitas vezes, nos negamos a realizar, a sentir, então espero que depois de ler o episódio de hoje, você se sinta compelido a se permitir realizar, se permitir sentir, o bem que esta atitude causa.

Agora, vamos ao 3º episódio de "Os amores de Jim Russovi" - Affezione di Jimeno:

A vila em que Jimeno morava se chamava Villa Itália, pois fora fundada por seu avô Francesco Viaggio e outros imigrantes quando estes chegaram ao Brasil. Mas quando Jimeno nasceu a vila já havia se tornado praticamente uma comunidade das nações, pois em dado momento, lá passaram a viver também imigrantes franceses, poloneses, japoneses, portugueses, turcos, etc.

Era Outono de 1981 e a Villa Itália estava agitada, pois a bela Tayla estava preparando seu casamento, assim como a maravilhosa Anninka. Elas desejavam se casar no Outono, pois havia uma tradição que dizia que se assim procedessem, teriam um casamento favorável e possuiriam uma casa encantadora. Mas além das festas de casamento, havia um alvoroço maior ainda na casa 23, pois era aniversário de Jimeno e apesar de toda preocupação com suas próprias festas, Tayla e Anninka se uniram as outras mulheres da vila, para preparar a festa de aniversário do pequeno.

Havia tantas mulheres e crianças na casa, que dona Ana estava em polvorosa. Mireille carregava doces para um lado, salgados para outro e trombava com outras mulheres que preparavam iguarias típicas de suas descendências. O tumulto estava formado e não havia quem pudesse organizar aquela algazarra. Até que dona Ana olhou para barra se sua saía e seu 'anjo' não estava ali pendurado, o que fez com que a mulher desse um grito: "Jimeno! Cadê você Jime?" – então se fez silêncio no recinto, o pequeno Jime havia sumido.

Em questão de segundos todas as mulheres começaram a vasculhar os cômodos da casa, o jardim, entre as outras crianças, mas nada, Jimeno havia desaparecido. Foi quando Mireille teve um estalo e correu até a frente da casa, pois conhecia o 'esconderijo' de Jimeno – o cubículo do medidor de energia e água – em que Jimeno adorava se esconder. E lá estava ele, com sua ex-camisa branca e sua cara melecada de brigadeiro. Ao que viu sua princesa ele jogou o resto do brigadeiro no chão e pulou nos braços de Mireille, soltando uma deliciosa risada: "Mire, Mire, Mire, minha Mire!" – e ela apertou o menino junto ao corpo com uma felicidade indescritível: "Meu Jime!" – e assim foram para dentro da casa acalmar dona Ana.

No dia seguinte tudo estava pronto, a casa estava toda enfeitada com bexigas, papéis coloridos e muitas crianças – crianças sempre são enfeites de festas. Dona Ana estava satisfeitíssima com tudo e Mireille estava ao seu lado, deslumbrante como sempre. Anninka havia trazido suas irmãs menores e alguns sobrinhos, Tayla trouxera também uma sobrinha e haviam muitas outras crianças.

Como precisava ajudar dona Ana, Mireille pediu a jovem Bogdana, irmã de Anninka, que ficasse de olho em Jimeno, e isso pareceu simples para menina, até que ela percebeu que não era muito fácil 'ficar de olho' nele, pois no meio de tantas crianças, ele simplesmente desaparecia de sua vista e voltava aparecer quando queria.

Quem olhasse Jimeno naquele dia, diria que ele estava vestido de James Bond, mas dona Ana o chamava de: "Meu pequeno Dom Juan". Obviamente o casaquinho smoking já havia sido jogado em algum lugar que Bogdana não ia conseguir encontrar, mas mesmo assim o pequeno Jime estava elegante.

Numa certa hora da festa Bogdana foi buscar um refrigerante e se distanciou um pouco de Jimeno, foi o tempo necessário para ele abraçar uma menininha no fundo do quintal e ficar assim até que Bogdana voltasse. Ao tentar separá-los Bogdana reparou que nem Jimeno, nem a menina gostaram de sua atitude e ameaçaram chorar, então a jovem ofereceu-lhes brigadeiros, o que fez com que os dois se 'desabraçassem'. Quando ela voltou com os brigadeiros Jimeno não estava mais lá, apenas a pequena com as mãos estendidas. Ao olhar um pouco a sua esquerda Bogdana avistou Jimeno abraçado a outra menina e correu até lá, ao tentar separar os dois, estes ameaçaram chorar, então ela lhes ofereceu refrigerantes, o que fez com que os dois se 'desabraçassem'. Mas quando ela voltou com os copos que havia ido buscar, Jimeno havia sumido.

Desesperada e já chorando, pois não passava de uma menina, Bogdana correu até onde estava Mireille e contou-lhe o que havia acontecido, entre lágrimas: "Ele não para dona Mire, ele não para. Eu viro as costas ele some, eu o acho, ele foge, vou pegar refrigerante, ele agarra as meninas. Não consigo cuidar dele. Não consigo!" – e Mireille secando as lágrimas da menina, disse calmamente: "Não se preocupe Naninha, vou encontrar o Jime!".

Sem causar pânico na casa, Mireille procurou Jime e o encontrou rapidamente. Ele estava no quarto em que estavam seus presentes, e não estava sozinho, havia uma linda jovenzinha com ele. Os dois se abraçavam, trocavam presentes como se estivessem se conhecendo naquele momento e se abraçavam de novo, trocavam presentes e se abraçavam as gargalhadas. Mireille chamou dona Ana e as duas ficaram alguns minutos olhando os pequenos brincar de 'abraço'. Este momento rendeu uma foto, mas quando Jimeno percebeu que Mireille estava ali, ele correu até a porta e gritou: "Abraço é gostoso Mire, abraço é gostoso!" – e ela se abaixou para abraçar o pequeno.

Naquele dia Jimeno se encantara com simples gesto e sem sombra de dúvida estava disposto a trocar todos seus presentes por um abraço. E até o fim da festa ele abraçou todos seus convidados pelo menos duas vezes e todos sorriam quando aqueles pequenos braços lhes laçavam os pescoços.


E você, já abraçou alguém hoje?!

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